Basta
compara-lo com a “vizinhança”...
O
mínimo que o mundo precisaria saber sobre
Israel
Israel
iniciou na quarta-feira as comemorações do 67º aniversário de sua independência,
com fogos de artifício, festas, desfiles de soldados e
shows.
Em
homenagem ao “país mais
ameaçado de destruição do mundo“, segundo seu primeiro-ministro,
Benjamin Netanyahu, reproduzo abaixo o artigo “Israel: 67 anos!”, do jornalista
Mauro Wainstock. É o mínimo que você precisa saber sobre o único estado
judeu.
Mauro
Wainstock
Israel
está comemorando 67 anos! Muitos leitores deste artigo certamente já festejaram
mais aniversários do que este minúsculo país, com apenas 22.072 km² (menor do
que o estado de Sergipe e ainda tendo 60% deste total ocupado por deserto) e 8,1
milhões de cidadãos (sendo 75,3% judeus). Para você ter uma ideia, os 22 estados
árabes possuem 350 milhões de habitantes, enquanto os 60 países islâmicos já
somam 1,2 bilhão de seguidores.
Se os
números são desproporcionais, o desenvolvimento também é. Israel teve deflação
de 0,2% em 2014; a economia cresceu 3,2% na média dos três últimos anos; o país
possui uma invejável renda per capita de quase US$ 35 mil e índice de qualidade
de vida de 0,888 – um dos mais elevados do mundo. Considerada a “cidade que
nunca para”, Tel Aviv conquistou recentemente o “Prêmio Mundial de Cidades
Inteligentes”. Apesar de ser obrigado a investir cerca 10% do PIB na defesa do
país, Israel é o país que mais gasta com pesquisa e desenvolvimento (P&D):
são 4,4% do seu PIB, quase o dobro da média (2,4%) dos 34 países desenvolvidos
que compõem a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico. Toda
empresa multinacional de tecnologia do mundo tem um centro de P&D em Israel,
incluindo Intel, IBM, Microsoft, Google, Facebook e
Apple.
O
país também possui mais empresas listadas na Bolsa Eletrônica “Nasdaq” do que
toda a comunidade europeia junta, tem a maior porcentagem/per capita de
computadores pessoais e ainda é um dos líderes globais em comunicações, ciências
da vida, desenvolvimento de softwares e em cibersegurança. A comparação com o
Vale do Silício, na Califórnia, é inevitável, já que possui o segundo maior
número de companhias startups no mundo, logo depois dos Estados Unidos. Foram
cientistas israelenses que criaram, por exemplo, o telefone celular (laboratório
da Motorola), a tecnologia de chips para o processador Pentium (laboratório da
Intel), o sistema de armazenamento de voz (“voice mail”), o primeiro programa
antivírus para computadores e o ICQ, programa de comunicação instantânea
pioneiro na Internet. Há três meses, a Apple inaugurou um centro de pesquisa e
desenvolvimento em Israel, na cidade de Herzliya – o segundo maior da empresa no
mundo e que está gerando mais de 700 empregos diretos. “Temos uma enorme
admiração por Israel como lugar para fazer negócios”, afirmou na ocasião Tim
Cook, CEO da Apple.
Apesar
dos limitados recursos naturais, o intensivo desenvolvimento industrial e da
agricultura ao longo das últimas décadas fez com que Israel se tornasse
amplamente autossuficiente na produção de alimentos. Ele é reconhecido
mundialmente por suas tecnologias de ponta em reuso, dessalinização e controle
de perdas de água. É, também, o único país que terminou o século XX com mais
árvores do que o iniciou. E o primeiro no ranking mundial/per capita, tanto em
números de artigos científicos como em patentes de equipamentos médicos. Foi uma
empresa israelense que desenvolveu o exame de sangue que permite diagnosticar
ataques cardíacos por telefone; o primeiro sistema para detecção de câncer de
mama isento de radiação e monitorado por computador; a primeira filmadora em
forma de cápsula ingerível, que permite o exame do intestino delgado; e o
diagnóstico de câncer e de disfunções
digestivas.
Agora
imagine um adesivo para o tratamento de diabetes que substitui a necessidade das
injeções diárias; uma forma de diagnosticar câncer de pulmão apenas pela
respiração, uma maneira de aplicar drogas para tumores usando a nanotecnologia
ao invés da quimioterapia ou um dispositivo a laser do tamanho de um barbeador
elétrico que alivia a dor e cura feridas no conforto de sua própria casa. Esses
dispositivos já existem ou estão em fase de desenvolvimento. Entre os muitos
judeus que têm contribuído significativamente para a humanidade, em todas as
áreas do pensamento, estão Albert Sabin (vacina contra a poliomielite), Arthur
Solomon Loevenhart (um dos responsáveis pelos medicamentos contra a sífilis),
Selman Abraham (descobriu a estreptomicina, valorosa no tratamento da
tuberculose), além de Albert Einstein (teoria da relatividade), Siegried Marcus
(criou o motor à gasolina) e Sigmund Freud (psicanálise), só para citar alguns.
Enfim, contando com apenas 0,2% da população mundial, os judeus já conquistaram
22% de todos os “Prêmios Nobel”.
Em
termos educacionais, Israel também se destaca: possui o maior percentual em
número de diplomas de curso superior e centros de referências em várias
especialidades, como os institutos Technion (Tecnologia) e Weizmann (Ciências),
além da Universidade Hebraica de Jerusalém, que está entre as 100 melhores do
mundo. E quando o assunto é esporte, Israel disputa torneios com os países
europeus, mas ainda assim faz bonito: o time Maccabi Tel Aviv já se sagrou
campeão da “Copa Intercontinental”, foi vice-campeão mundial em 2014, quando
perdeu para o Flamengo, e ganhou o campeonato europeu de basquetebol seis vezes
(é o segundo clube com mais conquistas da Euroliga na história). Também foi a
primeira equipe europeia a vencer uma equipe da NBA em solo norte-americano. Por
outro lado, a “Macabíada”, principal evento esportivo do mundo judaico, é o
terceiro maior do mundo em número de atletas. Nas competições individuais,
porém, uma surpresa: o campeão mundial Gary Gasparov, considerado o “Rei do
Xadrez”, revelou que, apesar da fama, já foi discriminado por ser
judeu.
Por
sua riquíssima cultura milenar, Israel tem muitos motivos para ser aplaudido de
pé, seja na música, na dança e na criatividade. É inacreditável como há alguns
anos realiza o “Festival de Ópera” em… Massada – local que é um monte rochoso,
palco de uma batalha histórica. Fica a cerca de 520 metros acima do Mar Morto,
ou seja, seria totalmente impróprio para qualquer tipo de evento. Por outro
lado, no cinema, são judeus cineastas como Steven Spielberg, atores do porte de
Michael Douglas e Barbra Streisand, e humoristas que inspiraram novas formas de
fazer comédia, como os Irmãos Marx, Charles Chaplin, Jerry Lewis, Woody Allen e
Jerry Seinfeld. Talvez você não saiba, mas dois judeus, Jerry Siegel e Joe
Suster, criaram o Super-Homem; um judeu, Bob Kane, inventou o Batman; e Stan
Lee, o mais famoso autor do mundo dos quadrinhos, também judeu, é o responsável
por personagens como Hulk e Homem-Aranha. E tem mais: o Capitão América foi
desenvolvido pelos judeus Joe Simon e Jack
Kirby.
No
quesito política, Israel se orgulha da democracia e pluralidade, absorvendo as
mais variadas ideologias, etnias, credos, gêneros e religiões. Os árabes, por
exemplo, são a terceira maior força no Parlamento, possuindo 14 cadeiras de um
total de 120, assim como as mulheres têm voz ativa, com 29 representantes. E por
falar nelas: há uma “Miss Israel” negra (etíope) e uma líder religiosa lésbica.
Já a jornalista árabe-muçulmana Lucy Aharish, acenderá uma das tochas na
cerimônia no “Dia da Independência”, que este ano acontecerá em Jerusalém. No
país, todos os grupos são respeitados e acolhidos: Tel Aviv, por exemplo, já
conquistou várias vezes o título de “melhor destino
gay”.
O
respeito à diversidade é uma das características do povo judeu, eternizado com a
criação do Estado Judeu. O brasileiro Osvaldo Aranha foi quem “bateu o martelo”.
Outro nome importante na história política brasileira foi o do jornalista judeu
Vladimir Herzog – encontrado morto nas dependências do 2ª Exército. Hoje temos
um embaixador de Israel no Brasil de origem drusa e, este ano, nas comemorações
do “Dia Nacional da Imigração Judaica” (18 de março), houve uma homenagem ao
senador Aarão Steinbruch, já falecido, autor da lei que criou o “13º salário”,
sancionada pelo então presidente João Goulart em 1962. O parlamentar também foi
o “pai” da aposentadoria por tempo de serviço.
Mas o
relevante papel de judeus na construção da sociedade brasileira data muito antes
disto. Em 1412, o infante D. Henrique, ao fundar a Escola de Sagres, trouxe o
judeu Iehudá Crescas para ensinar aos pilotos portugueses fundamentos da
navegação, produção e manejo de cartas e instrumentos náuticos. Mais tarde,
outros judeus colaboraram, como José Vizinho, mestre Rodrigo e Abraham Zacuto,
que planejou a viagem de Vasco da Gama às Índias. Sua contribuição possibilitou
as viagens transoceânicas e as descobertas marítimas de Portugal. Na frota de
Cabral, viajaram como conselheiros pelo menos dois judeus: Mestre João, para
pesquisas astronômicas e geográficas, e Gaspar de Lemos (ou da Gama), que foi
considerado corresponsável pelo descobrimento. Segundo alguns historiadores, o
próprio Cabral, originário de Belmonte, conhecida cidade de marranos, teria
origem judaica. Em 1503 o judeu Fernando de Noronha liderou um grupo de judeus
portugueses que apresentou a D. Manuel a primeira proposta de colonização do
novo território.
Com o
passar dos anos, muitos hábitos, provérbios e até mesmo superstições judaicas se
incorporaram à cultura popular brasileira, como as expressões “ficar a ver
navios”, “vestir a carapuça” e “passar a mão na cabeça” – esta última
relacionada ao ato judaico de abençoar alguém colocando as duas mãos sobre sua
cabeça ao mesmo tempo em que se pronuncia uma breve oração em hebraico. Outras
curiosas contribuições de origem judaica, desta vez na culinária, foram a carne
de sol e a tapioca. No entanto, com as perseguições, muitos judeus precisaram
esconder essa condição e alteraram seus nomes para não serem denunciados,
torturados e mortos. Os chamados “cristãos-novos” passaram a se chamar, por
exemplo, Alves, Andrade, Alencar, Amaral, Aguiar, Arruda, Bezerra, Brito,
Botelho, Cabral, Carvalho, Cardoso, Costa, Duarte, Fonseca, Gomes, Linhares,
Machado, Mendes, Oliveira, Pinto, Pereira, Rodrigues, Santos, Silva, Soares,
Vasconcelos, Viana, Vieira, entre tantos outros, cujos descendentes se
espalharam por todo o território nacional.
Hoje,
o Brasil recebe tecnologia de ponta israelense para a agricultura do nordeste
brasileiro e expertise em segurança para ser aplicada na segurança de grandes
eventos. Os países possuem parceria econômica, inclusive no Mercosul;
intercâmbios educativos, como o projeto “Ciência sem Fronteiras”, que tem a
participação de muitos israelenses; programas do Instituto Weizmann de Ciências,
que leva brasileiros para cursos especializados em Israel; e concursos sobre o
Holocausto, promovidos por entidades judaicas que premiam professores e
estudantes das escolas públicas. Além disto, a comunidade judaica atua em
variados programas solidários, como o que o Hospital Israelita Albert Einstein
desenvolve na Comunidade de Paraisópolis (São Paulo), que beneficia 6 mil
moradores com atendimento médico de vanguarda, atividades socioeducativas e
assistência biopsicossocial.
Enfim,
a terra é árida, e mesmo assim Israel se destaca em questões agrícolas. Não há
recursos, e o país desenvolveu alternativas para o combustível. Está cercado por
inimigos, e sua tecnologia militar é usada como fonte de inspiração para
empresas inovarem… Mundo: deixe Israel viver. Deixe os judeus ajudarem a
construir um mundo melhor. A humanidade consciente
agradece!
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