Todos fomos unânimes em afirmar em nossos depoimentos, o quanto pudemos aprender a nos comunicar melhor. São detalhes, que fazem toda a diferença. A respiração, a postura de voz, o olhar, a organização da fala. Foi impressionante a nossa mudança desde a primeira fala até a última.
Tivemos oportunidade de nos dirigirmos à dezenas de alunos de vários cursos, o que foi uma experiência excepcional, quando pudemos dominar nossas emoções e falarmos com muita tranquilidade. Cada um pode usar o tema que quisesse e assim sendo, tivemos a fala sobre: Comunicação, Economia Doméstica, Direitos Previdenciários, Neurolinguística, Medo de Falar em Público, e eu não perdi a oportunidade de falar sobre o Sul de Minas que e outras palavras é A Nossa Campanha. Tive o cuidado de escrever a minha fala, mas motivado pela colega Mariana, acabei por falar quase tudo sem ter que me recorrer ao texto, o que de deixou bem mais a vontade. E para quem não me ouviu vai logo abaixo o texto que preparei.
O SUL DE MINAS OU SEJA, A GRANDE CAMPANHA.
É uma grata
satisfação esta oportunidade de me dirigir a vocês para apresentar um tema que
julgo de grande importância e que possivelmente a maioria não tenha
conhecimento.
Não se
preocupem com o tempo porque até as 22 horas todos estarão liberados.
Meu nome é
José Milton, natural da cidade da Campanha, fotógrafo em processo de
desaceleração, ainda trabalhando enquanto Deus me permitir porque não quero ficar velho. Idoso, sim. Mas, velho não. E hoje dedico boa parte de meu tempo pesquisando a história do Sul de Minas, especialmente a da Campanha.
Se eu disser
para você que: Todos vocês sul mineiros também podem se considerar campanhense, vocês
acreditam?
Pois podem
acreditar, porque são.
Outra
pergunta, tem como gostarmos de um
lugar, de uma coisa, de alguém, sem conhecer?
Foi por isso
que resolvi trazer a vocês este tema, ainda que rapidamente para que saibam da nossa
origem.
A cidade da
Campanha foi descoberta no século XVIII exatamente no dia 02 de outubro de
1737, por Cipriano José da Rocha. Naquela época já tinha uma população de
aproximadamente 10 mil pessoas sendo sete mil escravos. Da margem esquerda do
Rio Grande, até da margem direita do rio Pardo na cidade de Mococa, Franca, rumo hoje a São Paulo, a região de
Extrema, Jacutinga, O alto da Mantiqueira, tudo isso era o município da
Campanha. Havia
núcleos de pequenas comunidades que com o passar dos anos foram se emancipando.
São consideradas filhas da Campanha as cidades de: Jacuí, Pouso Alegre,
Itajubá, São Gonçalo do Sapucaí, Baependi, Lambari, Três Corações e Monsenhor
Paulo. As demais, que são mais de 150 cidades, já são netas, bisnetas e por ai
vai.
Falar que somos um povo bom, simples, hospitaleiro, é como chover no
molhado. Estas são as características do povo brasileiro. Mas o povo mineiro,
especialmente o sul mineiro tem um algo a mais, um jeitinho todo especial para
acolher. Um cadim de proza, um cafezim.
Estou
exagerando? Creio que não. Vocês mesmo já devem ter ouvido isso de outras pessoas
que nos visitam.
E por que é
que somos assim?
Passada a
fase da exploração do ouro, a prioridade foi à exploração da nossa cultura, da
nossa educação e isso fez toda a diferença, porque a CULTURA É A ALMA E A HONRA
DA NOSSA GENTE. Ainda bem
que os governantes daquela época tiveram esta grande sacada, pois a matéria
pode ser roubada, já o conhecimento, ninguém tira de você. Tivemos o Colégio
dos Jesuítas, Colégio Sion das irmãs francesas, o Ginásio São João dos Irmãos
Canadenses e muitos outros. Infelizmente os governantes de hoje, não tem esta
visão. Eles querem que sejamos um povo de pouca formação, sem opinião, para
sermos manipulados.
Especialmente
nos séculos XIX e XX foram muitos os campanhenses que se destacaram a nível
nacional e até internacional. Vou citar aqui apenas alguns, que nos enchem de
orgulho.
Cônego José
de Souza Lima que em 1810 plantou uvas e ja em 1820 foi o primeiro produtor de vinho do Brasil. Era um
produto tão bom, que na virada do século em 1899 na Feira mundial de Paris, outro
campanhense Adolpho Lion Teixeira ganhou a medalha de ouro de melhor vinho do
mundo, concorrendo com vinhos europeus.
Padre José
Bento, mais conhecido como Senador José Bento, foi um dos políticos mais
influente e respeitado no congresso brasileiro, por suas ideias sempre claras e
coerentes.
Padre Victor
de Três Pontas nasceu na fazenda da Conquista em Campanha e mesmo tendo nascido
em plena escravidão nunca foi escravo, estudou, se formou padre, ficou um ano
em Campanha e foi nomeado vigário de Três Pontas, onde teve uma importância tão
grande, que hoje está prestes a ser santificado.
Vital Brasil
Mineiro da Campanha foi um cientista dos mais notáveis a nível mundial. Foi
o descobridor do Soro antiofídico e outros soros contra picadas de animais
peçonhentos.
Maria
Martins, até hoje, 44 anos após a sua morte ainda é considerada a maior
escultora surrealista do mundo.
José Pedro Xavier da Veiga, o precursor da imprensa mineira. Mudou para a capital levando seus conhecimentos adquiridos na imprensa campanhense, que era uma imprensa de ponta a nível nacional, formadora de opinião e muito respeitada.
Bernardo
Saturnino da Veiga, escritor, criador da Enciclopédia Popular Campanhense,
tendo ele escrito, datilografado, diagramado e imprimido na gráfica da família
em Campanha um livro que, guardando as devidas proporções, era o Google da
época. Foi o primeiro recurso de pesquisa daquele tempo.
Os irmãos
Lobo Leite Pereira o médico Joaquim, o engenheiro Francisco, os advogados
Fernando e Américo que foram também senadores, Ministros da Justiça, das
Relações Exteriores e do Supremo Tribunal de Justiça, dentre outros cargos.
O jurista
Alfredo de Vilhena Valladão, ministro do STJ.
Álvaro Gomes
da Rocha Azevedo, jurista, vereador e prefeito de São Paulo, homenageado com
seu nome numa das principais avenidas de SP. Assim como Vital Brazil.
Francisco de
Paula Ferreira de Rezende, jurista, Ministro do Supremo Tribunal Federal e
Vice-governador de MG.
Gaspar José
Ferreira Lopes, médico que dedicou boa parte de sua vida à cidade de Alfenas,
onde foi de tudo.
Jarbas Bela
Karman, o engenheiro e arquiteto fundador o Instituto de Pesquisa Hospitalar, o
primeiro do gênero no Brasil.
Dr. Sérgio
de Almeida Oliveira, considerado hoje a maior autoridade brasileira de
cardiologia.
O
Sangonçalense Fernando de Azevedo estudou em Campanha com os padres Jesuítas.
Indo para São Paulo ele criou nada mais nada menos que a USP.
A
Sanjuanense Francisca Senhorinha da Motta Diniz em Campanha encontrou clima
para escrever o jornal O SEXO FEMININO por dois anos.
O cantagalense
Euclides da Cunha residiu em Campanha por um bom tempo, La ele teve seu
primeiro filho Euclides que foi batizado em Campanha e começou a escrever o
livro “Os Sertões”.
O Caldense
Pastor Eduardo Carlos Pereira que era um educador, escritor autor de vários
livros didáticos que foram usados em todas as escolas.
O
jornalista, escritor, professor, Padre Antônio Godinho que nasceu em Carmo da
Cachoeira e ao lado de Dom Inocêncio Enguelke escreveu o primeiro manifesto
para a criação da Reforma Agrária, na década de 30.
Eu poderia ficar aqui citando muitos outros grandes exemplos, mas não quero ficar cansativo e ou concluir a minha fala.
Por que estou dizendo tudo isto?
Por vaidade?
Por bairrismo porque sou de um lugar importante? Não. Todos nós sul-mineiros
somos conterrâneos destas grandes figuras, o que mostra o alto nível do Sul de
Minas. Na sua cidade deve ter pessoas geniais que fazem a diferença. E agora conhecendo a nossa história, temos mais motivação para seguir os
passos destes nossos heróis e termos mais orgulho de onde nascemos. Creiam,
orgulhem-se de sua cidade natal, pois ela esta num dos melhores lugares do
mundo e lembrem-se de que
A CULTURA É A ALMA E A HONRA DE UM POVO.
Grato pela
atenção de todos e até uma próxima.
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