José Pedro Xavier da Veiga - Jornalista, Senador e o precursor nos estudos sobre jornalismo em Minas
José Pedro Xavier da Veiga foi um dos grandes intelectuais mineiros
do século 19, um jornalista de destaque, um importante historiador e
político. Além disso, foi o precursor nos estudos sobre jornalismo nas
Minas Gerais. Sua monografia “A imprensa de Minas Gerais 1807-1897”
(In: Revista do Arquivo Público Mineiro, Ano III, 1898. pp. 169-249) foi
o primeiro trabalho sobre jornalismo produzido no Estado. Ele era de
uma família de grande tradição na política, na imprensa e na cultura. Um
exemplo disso foi seu tio Evaristo da Veiga, o redator da Aurora
Fluminense, que contribui bastante para a abdicação de D. Pedro I,
fundador do Jornal Aurora Fluminense, no Rio de Janeiro, uma referência
do jornalismo brasileiro no século 19.
No dia 13 de abril de 1846, nasceu José Pedro Xavier da Veiga, em
Campanha, nas Minas Gerais. Edilane Maria de Almeida Carneiro e Marta
Eloísa Melgaço Neves descrevem bem a história dele na introdução da obra
prima de Xavier da Veiga, Efemérides mineiras, reeditada em 1998, pela
Fundação João Pinheiro.
Até os 10 anos, ele não freqüentou a escola, por ter saúde muito
frágil. Mas seu pai o alfabetizou, e o convívio com a família culta, que
participava muito da vida política, o incentivou a tornar-se
intelectual e militante.
Aos 11 anos, mudou-se para o Rio de Janeiro, trabalhando por cinco
anos na livraria de seu tio João Pedro. Com 12 anos, apesar da pouca
idade, participou da fundação da Sociedade de Ensaios Literários, e na
revista da entidade publicaria seus primeiros textos. Na primeira edição
da revista, em 1863, ele trazia o artigo "Estrela do Sul (Província de
Minas)", defendendo a bandeira de sua família, ou seja, a criação de uma
nova província no sul das Minas.
Em 1867, Xavier da Veiga foi para São Paulo cursar a Faculdade de
Direito. Lá teve a oportunidade de conviver com pessoas que
influenciariam a história das Minas e do Brasil, como Silviano Brandão,
Afonso Pena, Feliciano Pena e Crispim Jacques Bias Fortes. No entanto,
por problemas pulmonares, teve que retornar a Campanha antes de terminar
o curso.
De 1870 a 1878, foi escrivão dos Órfãos, em Lavras, onde estabeleceu um cartório e passou a militar no Partido Conservador. Ele seria uma das lideranças conservadoras da província (depois estado), elegendo-se em vários pleitos como deputado estadual e uma vez senador, e se destacaria defendendo questões nobres como a educação pública e a abolição da escravatura.
Xavier da Veiga dedicou boa parte de sua carreira política à defesa
da educação pública. Em 1872, quando ainda era escrivão em Lavras,
fundou a Sociedade Propagadora da Instrução. "Pautando-se sempre pela
defesa da instrução pública e ampliando seu enfoque para além das
propostas de ensino primário, propôs em anos posteriores a criação de
cadeiras noturnas e de escolas de ensino profissional e agrícola."
(Introdução de Carneiro e Neves, in Veiga, 1998, p. 23). Sua última luta
política foi contra a mudança da capital das Minas, de Ouro Preto. Quando foi administrar o Arquivo Público Mineiro, largou a vida política.
Em 1878, Xavier da Veiga mudou-se para Ouro Preto e comprou, com Pedro Maria da Silva Brandão, uma tipografia. No ano seguinte os sócios lançavam o jornal A Província de Minas, que se apresentava como órgão do Partido Conservador. No primeiro número a publicação explicava que tinha como objetivo defender os conservadores de "injustiças cruéis" e "perseguições revoltantes". O jornal circulou até novembro de 1889, quando ocorreu a proclamação da República.
Mineiro importante
A partir de 27 de novembro de 1889, Xavier da Veiga passou a
publicar o jornal A Ordem, "inaugurando um novo propósito: demonstrar a
necessidade de que o novo regime republicano fosse aceito pacificamente
em Minas Gerais" (Introdução de Carneiro e Neves, in Veiga, 1998, p.
20). A publicação circulou até 31 de dezembro de 1892.
Uma grande contribuição de Xavier da Veiga foi criação da
Revista do Arquivo Público Mineiro, em 1896. Um ano antes ele havia
abandonado sua cadeira de senador para fundar o Arquivo Publico Mineiro.
O órgão seguia os princípios do Instituto Histórico e Geográfico
Brasileiro (IHGB), e tinha como objetivo reunir fontes primárias
importantes para a história e geografia das Minas Gerais.
No decreto de criação do Arquivo Público Mineiro estava prevista a
criação de uma revista, o que foi feito por Xavier da Veiga. O primeiro
número, de 1896, organizado em quatro fascículos, publicou muitas fontes
primárias. E, na revista, saíram ensaios de grande importância para a
historiografia mineira. O próprio Xavier da Veiga escreveu importantes
textos, como "A imprensa em Minas Gerais (1807-1897)", que inaugurou os
estudos jornalísticos no estado, e "Minas Gerais e Rio de Janeiro
(Questão de Limites)", que ajudou na negociação sobre a fronteira entre
os dois estados. Ele trabalhou no APM até morrer e foi responsável pelos
cinco primeiros números da revista, que depois ficaria a cargo do
também importante jornalista, político e historiador Augusto de Lima.
A monografia de Xavier da Veiga, publicada na Revista do Arquivo
Publico, nº 3, de 1898, com o título "A imprensa em Minas Gerais
(1807-1897)", faz nascer os estudos sobre jornalismo no estado. Com 80
páginas, o texto faz um relato do primeiro século da imprensa nas Minas,
e traz um inventário com as publicações que surgiram nestes 100 anos.
O estudo, até hoje, é utilizado por historiadores e pesquisadores do jornalismo. Ninguém conseguiu superar Xavier da Veiga, sua monografia continua a principal referência sobre a história da imprensa mineira. Surgiram registros e análises de fatos isolados, de jornalistas ou da história do jornalismo em cidades das Minas; mas faltam publicações que tenham um olhar "macro" sobre a memória da imprensa no estado.
Fonte: Observatório da Imprensa – O Precursor dos Estudos do Jornalismo em Minas – Autor do Texto: Jairo Faria Mendes em 3/8/2004
Todo estudante de jornalismo, principalmente aqueles interessados nas questões políticas e sociais, tem obrigação de pesquisar sobre José Pedro Xavier da Veiga.
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