ASSIM FALOU ALLAN KARDEC
(Sobre “O que é O Espiritismo”)
“Foi nas reuniões em casa da Sra. Plainemaison e do Sr. Baudin que comecei os meus estudos sérios de Espiritismo. Apliquei a essa nova ciência, como o fizera até então, o método experimental: observava, cuidadosamente, comparava, deduzia conseqüências. Dos efeitos remontava às causas, por dedução e pelo encadeamento lógico dos fatos, não admitindo como válida uma explicação, senão quando resolvia todas as dificuldades da questão. Foi assim que procedi sempre em meus trabalhos anteriores, desde a Idade de 15 16 anos.
“Observar, comparar, julgar, essa foi a regra que constantemente segui em meus trabalhos.
“Foi assim que consegui chegar a definir o Espiritismo como uma ciência de observação e uma doutrina filosófica. Como ciência, ele consiste nas relações que se podem estabelecer com os Espíritos. Como Filosofia, compreende todas as conseqüências morais que decorrem dessas relações.
“Podemos afirmar que o Espiritismo é uma ciência que trata ao mesmo tempo da natureza, da origem e do destino dos Espíritos, e das suas relações com o mundo corporal.
“Sua força está na sua filosofia, no apelo que faz à razão e ao bom senso.
“Ele se apresenta sob três aspectos diferentes: o das manifestações, o dos princípios de filosofia e moral que delas decorrem e o da aplicação desses princípios. Daí os três graus de adeptos que surgem: 1º) os que crêem nas manifestações e se limitam a constatá-las. Para eles, portanto, o Espiritismo é uma ciência de experimentação; 2º) os que compreendem as conseqüências morais que decorrem das manifestações; 3º) finalmente, os que praticam ou se esforçam por praticar essa moral.
“O Espiritismo não tem mistérios nem teorias secretas. Tudo é revelado com clareza, para que qualquer pessoa possa julgá-lo com conhecimento de causa. Sim, repetimos, a doutrina espírita não é secreta; não apresenta mistérios para ninguém.
“Quando alguém lança uma hipótese, narra um fato ou faz uma afirmação categórica, é necessário considerar sempre seu grau de cultura, seu caráter, sua formação moral, e, sobretudo, o interesse que poderia ter em enganar os outros...” (Trecho extraído das obras básicas da Codificação Espírita de Allan Kardec e da Revista Espírita)
NOSSO COMENTÁRIO
Aí está como Allan Kardec, o verdadeiro Missionário, via o Espiritismo; como ele o definiu e, sobretudo, como o praticava, dando assim um belo exemplo aos que vieram depois de sua desencarnação em 1869.
Logo, sendo o Espiritismo uma ciência, como o definiu Kardec, sob a assistência do Espírito de Verdade, cabe aos seus adeptos agirem como verdadeiros cientistas. Como? Observando, atentamente, com olhos de ver e ouvidos de ouvir, os fatos, os fenômenos, as atitudes individuais e grupais; fazendo comparações; buscando as causas determinantes de tais efeitos, para, somente então, tirar suas conclusões, tomando por base a lógica, o bom senso, a razão.
Outra coisa muito importante: quando alguém lança uma hipótese, narra um fato ou faz uma afirmação categórica, é preciso conhecer bem sua formação cultural, seu meio familiar, seu relacionamento social, sua experiência de vida. Somente assim se pode saber se merece crédito ou não.
Aqui no Brasil, desde fins do séc. XIX, quando as obras de Allan Kardec foram traduzidas e lançadas ao público, graças aos chamados “pioneiros”, que fundaram, em janeiro de 1884, a Federação Espírita Brasileira, formaram-se logo dois grupos que passaram a disputar o poder: de um lado os chamados “científicos”, do outro, os que ficaram conhecidos como “místicos”, oriundos do Catolicismo que era a religião oficial do Império, e, por isso mesmo, se deixaram impressionar pelo que ficou estabelecido na “revelação da Revelação” de J. B. Roustaing.
Assim, como o número dos “místicos” era maior e eles, como afirmou Júlio Abreu Filho em seu livro “Erros Doutrinários” (ver “O Verbo e a Carne”, parte II), souberam usar de um verdadeiro artifício, a suprema direção da casa passou a ser deles, como é ainda hoje, e continuará sendo por muito tempo. Até quando?!... O futuro dirá!
Em “O Livro dos Médiuns” (cap. III da parte I), Allan Kardec deixou bem claro, quando disse: “Os que desejam tudo conhecer sobre uma ciência devem, necessariamente, ler tudo que se ache escrito sobre ela (...) Devem mesmo ler o pró e o contra, ou seja, tanto as críticas como as apologias; devem inteirar-se dos diferentes sistemas existentes, a fim de poderem julgar por comparação”.
Foi justamente isto que fizeram homens como José Herculano Pires, Luciano Costa, Júlio Abreu Filho, Henrique Andrade, Ricardo Machado, Gélio Lacerda da Silva, grandes mestres, verdadeiros missionários a serviço do verdadeiro ESPIRITISMO, e da continuidade dos trabalhos de Allan Kardec.
EDUARDO THEODORO.
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