José Miguel Araújo : (Tio
Zeca) - com ele aconteceu o seguinte fato:
Era o caçula do
casal Geraldo José e Ana Querubina. Com a idade aproximada de 18 anos
apaixonou-se por uma jovem de nome Maria Honória Lemos, na época com quinze ou
dezesseis anos. Um breve namoro e depois o casamento. Dessa união nasceu o
filho José (batizado em 19/07/1889). Após o nascimento do filho, a esposa
começou traí-lo. Sabedor do que estava ocorrendo, e temendo as pilhérias e chacotas
que, por certo seria lvo em lugar pequeno, tomou ele a decisão de abandonar
tudo e sumir no mundo. Seu desaparecimento causou enorme sofrimento para a
família e, principalmente, para a mãe
Ana Querubina, levando-a ao desespero pelo ato impensado do filho. Prostrada em
seu leito, deixou de alimentar-se, chorando e rezando constantemente. Durante
dois ou três anos chegavam notícias desencontradas sobre ele, porém em razão
das distâncias e das precariedades dos
meios de locomoção ficava dificil encontrá-lo. Certo dia, Ana Querubina tomou
uma resoluta atitude: chamou sua filha Maria do Carmo (Vó Maria) e pediu-lhe
que providenciasse uma viagem a Baependi, pois desejava visitar Nhá Chica. Em breve tempo seguiram as duas, até aquela cidade. Em Bependi foram
gentilmente recebidas pela querida Nhá Chica que após ouvir o relato do
contecido, pediu-lhes licença passando para um quarto, cerrando a porta. Lá
permaneceu por muito tempo. Como porta
não estava trancada, o vento fez com que entreabissse um boa fresta. Por ela as
duas visitantes puderam ver Nhá Chica em um genuflexório contritamente orando.
Após algum tempo, ela voltou dizendo às nervosas visitantes que nãos se afligissem , pois muito em breve ele voltaria. Ressaltou, porém, que
alguém deveria ir buscá-lo pois ele não regressaria sozinho. Cheias de esperança as duas voltaram para
Aiuruoca.
De fato, alguns dias depois chega um mensageiro trazendo a tão
sonhada notícia! Tio Zeca estava vivo e
pedia para buscá-lo no Espírito Santo (não sabemos se no Estado do
Espírito Santo ou no Espírito Santo do Pinhal).
Um amigo da família encarregou-se de ir até ele.
Madrugada, batem à
porta. Sobressalto! Quem seria àquela hora? Era o Zeca! Vinha praticamente
carregado! O tempo que passou fora de casa, dormindo ao relento, acompanhando
circos mambembes, atacou seu reumatismo, deixando-o paralítico (sua dor maior
era no pescoço. Viveu aqui muitos anos sempre sentado em um carrinho feito de
tábuas e com quatro pequenas rodas que ele impulsionava com as mãos no chão.
Seus sobrinhos Ana e Geraldo muito o ajudaram
a se deslocar pela casa. Um enfermeira de nome Emma Quintanilha (esposa
de um médico francês) que trabalhava na
Santa Casa de Misericórdia, cuidava de
sua higiene e de seus remédios. Um dia, pressentindo a morte, pediu que
o levassem para Aiuruoca, sua terra querida. Alegava que lá se encontravam seus amigos e suas melhores lembranças. Para
lá foi e pouco tempo depois veio a falecer.
Leonardo Lima
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