Em 29 de janeiro de 2013 11:18, Beatriz de Paula Souza <biapsico@uol.com.br>
escreveu:
Sem a pretensão de explicar o fenômeno da Educação cubana e os
surpreendentes e enigmáticos indicativos de seus bons resultados, agrego alguns
elementos que talvez contribuam para pensá-los.
Estive em La Isla em 1981. Vi cenas e ouvi histórias que me impactaram,
positivamente, na Educação e em outros campos. Ainda mais porque as informações
que circulavam por aqui sobre esse lugar surpreendente eram ditadas pelo
Imperialismo americano, como eles diziam e concordo. Despues de la Revolución,
como eles sempre falavam, as crianças tornaram-se prioridade absoluta. O novo sistema
de poder teve a delicadeza e sensibilidade de investir muito na produção de
bonecas, sonho das meninas pobres. Nenhuma menina ficou sem boneca mais. E, de
preferência, com uma montanha delas. Os sorvetes tiveram também uma explosão de
fabricação e venda barata, não apenas como uma realização de desejo, mas como
uma estratégia de Saúde pública: eram um meio de elevar a qualidade de
alimentação da população. Eram feitos com leite, frutas e outros ingredientes
de primeira e, se não me falha a memória, enriquecidos com vitaminas e sais
minerais. (A gente não quer só comida / A gente quer bebida, diversão, balé / A
gente não quer só comida, a gente quer a vida como a vida quer...)
A Educação
tornou-se um investimento de primeira ordem. Muitas escolas, lindas, com muita
infraestrutura de coisas e gentes. Inclusive gramados e jardins. Os professores
foram valorizadíssimos, como aqueles que iriam formar os novos Homens:
solidários, justos, críticos, bons, internacionalistas, desapegados. Às putas,
que eram milhares –Cuba era o prostíbulo dos Estados Unidos-, ofereceram a
oportunidade (opcional) de refazer a vida e, para além de resgatar sua
dignidade, tornarem-se importantes na construção de um novo mundo, em que
histórias como as delas não tivessem mais lugar: receberiam formação, novos
documentos e identidades (em todos os sentidos), moradia e trabalho em lugares
absolutamente distantes dos que moravam antes e tornar-se-iam professoras.
Cuidariam e formariam a nova geração. Um voto de confiança e aposta extraordinário.
Nas escolas, as crianças podiam participar de clubes de solidariedade a povos
de países à sua escolha. Fui recebida em uma escola pelos que eram do clube do
Brasil, com muita festa e alegria e, naturalmente, contei muitas histórias e
cantei muitas músicas. Eles sabiam muito sobre nós e também sobre seu país,
aprendi muito com eles. As crianças tinham dentes lindos, tinham um jeito sadio
e cuidado e pareciam imbuídas e orgulhosas de sua missão de constituir uma nova
humanidade.
Só posso pensar que isso tudo deve contribuir para os resultados que sabemos,
apesar da forma tradicionalista e careta que aparece nas escolas cubanas em uma
primeira batida de olhos.
Achei até a pág 24 em pdf: http://www2.ediouro.com.br/200907/avantagemdecuba/downloads/Trecho.pdf
.Curioso: obra patrocinada pela Fundação Lemann, a mesma que traduziu os vídeos
da Fundação Kahn
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