sexta-feira, 22 de junho de 2012

HOMENAGEADO. JOÃO NANI.

Noventa anos de vida
Homenagem a um venerado descendente italiano
Leonardo Lima

Outubro é um mês repleto de datas festivas. Nele comemoramos o descobrimento da América, o da nossa cidade da Campanha. Nele nasceu meu inesquecível pai Geraldo e minha saudosa irmã Ângela. Mês dedicado as Missões e, para nós católicos, a Nossa Senhora.
No entanto, quero aqui ressaltar o aniversário de uma pessoa que completa, neste mês, noventa anos. Nasceu ele no dia 1º de outubro de 1920, num sítio na vizinha cidade de Cambuquira. Seu pai Pedro veio da Itália para o Brasil com seis anos. Já sua mãe Maria viu a luz do dia aqui no Brasil, tendo viajado da Itália para o nosso país no ventre da mãe Adelina. Portanto o nosso aniversariante filho de Pedro e Maria é um legítimo descendente de Italianos! Depois de residirem em Cambuquira por um período de aproximadamente dez anos, vieram para Campanha. Era uma família constituída dos pais e oito filhos menores.
Foi assim o caminho trilhado pelo JOÃO NANI, que chega aos seus noventa anos cercado pelo carinho e admiração por todos os que com ele convive.
Sua vida na cidade da Campanha não foi fácil. Aos oito anos, recém desembarcado, começa a trabalhar na oficina dos irmãos Evaristo e Caetano Naliatti, italianos! Como era muito pequeno tinha que subir num banquinho para manejar o fole da forja.
Foi aprendiz de ferreiro, serralheiro e encanador e em 1938 tornou-se sócio de seu tio Júlio Grassi. Em 1945 é desfeita a sociedade e a oficina passa a sua propriedade. Emprega seus irmãos Alexandre e Eduardo Nani que ali trabalharam até se aposentarem!
Assim como fez com os irmãos, também iniciou no ofício seus filhos Guto, Ângelo, Alexandre, Aluízio, este último falecido, na difícil e cansativa arte. Todos eles se tornaram mecânicos e serralheiros.
Mas voltando ao nosso homenageado João Nani devo dizer que ele estudou no Grupo Escolar Zoroastro de Oliveira. Depois, continuou na Escola Normal Oficial da Campanha freqüentando o 1º ano de Adaptação. Foi na escola que tanto ele como os demais irmãos perderam um “ene” no nome. No início o correto era Nanni. Mas para facilitar, as professoras resolveram “cortar” um dos “enes”. João Nanni virou João Nani. Infelizmente não teve condições de aprofundar nos estudos devido, principalmente, à necessidade de trabalhar em tarefas cansativas e desgastantes. Apesar desse pouco estudo, João nunca declinou de falar em público, usando sempre de sua facilidade em concatenar bem suas idéias, e de seu espírito de sinceridade e justiça.
Sempre foi um homem temente a Deus e dedicado a Igreja católica. Foi Congregado Mariano, tornando-se seu presidente, membro do apostolado da oração, vicentino onde, por mais de uma vez, ocupou a presidência do Lar Vicentino e Conferência Santo Antônio, organizador da tradicional festa de São Sebastião, juntamente com o operoso José Casadei. Por muitos anos atuou como sacristão da Igreja de São Sebastião.
Sua atuação na Vila Vicentina cabe um destaque especial. Numa época que nada ou pouco se recebia de ajuda de poderes públicos, a manutenção só era possível graças à amizade e a caridade dos amigos da cidade e da zona rural, bem como de pessoas residentes em outras cidades, porém conhecedoras da atividade desenvolvida naquela instituição. Por isso, nunca faltou alimentação naquele lar e acreditem: ele existe há oitenta e oito anos! Ia diariamente visitar os moradores, transportava em sua “Brasília” algum doente para a Santa Casa ou algum hospital da vizinhança. Com a mesma viatura distribuía, juntamente com seus companheiros, roupas e alimentos nas casas dos necessitados. Sempre que estacionava seu carro no portão da vila, imediatamente a “Dita”, uma moradora que sofria das faculdades mentais, sem a menor cerimônia, abria a porta traseira do carro e lá se aboletava. Obrigava João a dar uma volta pela cidade com ela. Era até engraçado, parecia o casal do filme “Conduzindo Ms. Dayse”, apesar da disparidade dos personagens.
Muitas obras naquela instituição foram desenvolvidas em suas gestões, melhorando, assim, as condições de vida daqueles nossos irmãos.
Ainda cabe ressaltar sua atuação como Ministro Extraordinário da Sagrada Eucaristia. Foi, juntamente com João do Pedrinho e Abelardo, os mais distinguidos pela população para padrinhos de batizados, crismas e casamentos.
Falei, até aqui, do João Nani religioso. Agora uma rápida passada pelo João Nani cidadão. Em 1972 foi nomeado Juiz de Paz e realizou muitos casamentos na cidade. Ainda em 1972 teve seu nome sufragado nas urnas se tornando vereador, fato repetido em 1976. Pertenceu ao Lions Club de Campanha, sendo um de seus fundadores. No ano de 1982 a cidade, através de seus vereadores, outorgou-lhe o título de “Cidadão Campanhense” numa demonstração de suprema justiça a um homem que muito fez pela cidade e seus moradores.
Agora o momento de falar de sua vida familiar. Foi casado com Maria Vitória Lefol (infelizmente já falecida) com quem teve nove filhos.
Como esposo, pai, irmão e amigo foi e é, uma pessoa carismática, afável, íntegra, de mente privilegiada, sempre pronto a servir ao próximo com um conselho, uma palavra amiga de estímulo e entusiasmo. Gosta de se ver cercado de amigos e familiares e tem um prazer em reunir, sempre que possível, sua grande família.
Nesta caminhada de noventa anos passou por duas cirurgias de ponte de safena e teve uma pequena isquemia que o faz esquecer, algumas vezes, os nomes das pessoas. Em vista disso, optou por chamar a todos de “companheiro(a)”, o que não afetou sua comunicação e não desagradou ninguém. Na sua fé inabalável, na reza diária do terço, nas missas pela TV Aparecida e nos domingos, na Igreja São Sebastião, encontrou o alimento e a cura de vários problemas de saúde que teve.
A família que tão bem João e Vitória souberam criar, “um por todos e todos por um”, unida, cuida com muito carinho de seu patriarca. Ela agradece aos “anjos” que sempre estão por perto prontos a atendê-lo. São eles: Dr. Fernando Cavalher, Dr. Odilon (Lavras), o fisioterapeuta Lupércio, a fonoaudióloga Carla e a Cida que diariamente vela pelo seu bem-estar. Todos estes permitem uma ótima qualidade de vida ao João Nani. Pessoas que Deus colocou em seu caminho para que sua longevidade seja sempre uma bênção para ele e para todos os que o admiram.
João tem, atualmente, quatro irmãos vivos: Maria José, Alexandre, Tereza e Eduardo. Pessoas boas e conhecidas pelo espírito benfazejo, pela simpatia do acolhimento e pela beleza de procedimentos. Tem oito filhos: Aluísio (falecido), Bernadete, João Batista, Celso Augusto, Elizabeth, Elisete, Ângelo e Alexandre, dezenove netos, três genros, cinco noras e três bisnetos.
Neste outubro ergamos nossas taças do mais espumoso vinho, junto com nossas mais ardentes preces para que noventa seja apenas um marco vitorioso, porém indicativo de que muito mais há de vir nas ações do patriarca e na força do amor dos seus inúmeros descendentes!
Parabéns “Companheiro”, velho amigo vicentino. Parabéns, abençoada família Grassi/Nani.

Folha Campanhense – Ed. 162 – Outubro 2010.

Um comentário:

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