O RELÓGIO DO ERNANE
Ernane Paes, campanhense ilustre, professor, escritor, também tinha lá suas manias. Residia na Rua Evaristo da Veiga (hoje Rua Dr. Oliveira), muito próximo à casa do Abelardo Relojoeiro, meu saudoso tio. Frequentava ele com outros bons amigos a relojoaria onde além de palavras cruzadas, ficavam horas "jogando conversa fora", como se diz na gíria. Pois bem, o Ernane tinha um lindo relógio de bolso que ele mantinha em um estojo almofadado. Era, se não me engano, um Omega suíço de muito valor. Pois bem, diversas vezes no dia o professor saía de sua casa, passava em frente da residência do senhor Tonico Resende, chegando na casa do amigo Abelardo. Ainda no passeio perguntava as horas para o Abelardo. Este, após verificar o seu relógio de parede, dava a informação pedida. Ernane agradecia e voltava para casa! Horas depois o mesmo ritual se repetia. Duas, três, vezes a mesma cena. Fiquei intrigado com aquele inusual procedimento e recorri ao tio para que me desse uma explicação plausível para tudo aquilo que eu via todo dia. Eis o que ele disse:
O Ernani
tem um amor muito grande pelo relógio e o mantém guardado. Sabedor que
relógio parado por muito tempo se estraga com certa facilidade, pois
lubrificação fica prejudicada, ele, nos dias de folga, dá uma pequena
corda de modo que funcione durante um pouco de tempo. Espera parar,
aguarda alguns minutos, vem aqui verificar quantos minutos está parado
volta a dar corda e assim faz para mantê-lo em ótimas condições!
Fonte: Memória Campanhense
Texto: Leonardo Lima
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