CÔNEGO VÍTOR

Publicado no jornal Folha Campanhense

CÔNEGO VÍTOR

A ORDENAÇÃO E O DESAFIO

(PRIMEIRA MISSA REZADA NA CAMPANHA

“A cidade da Campanha engalanou-se toda por ocasião da Ordenação e Primeira Missa cantada pelo jovem sacerdote campanhense Padre Francisco de Paula Vítor.

Uma rejubilante multidão compacta fervilhante, ansiosa, à entrada da cidade, toda enfeitada com arcos de bambu e bandeirinhas. Banda de música, autoridades, escolas, milhares de pessoas da cidade e dos lugares vizinhos, todos na mais doce harmonia, esperavam a chegada do neo-sacerdote, filho da terra.

Eis que de repente, surge na volta do caminho, donde se vai à cidade, um grande número de cavaleiros que acompanhavam o emocionado e emocionante jovem e robusto sacerdote, cavalgando um bem ajaezado cavalo, na frente de todos os cavaleiros. Fogos e potentes bombas estrugiam no ar, palmas, vivas, cantos de vitória ouviram-se neste momento de alegria intensa. Chegaram. Subiram a rua Direita, atualmente Saturnino de Oliveira, até a Matriz. Ali depois de vivas e parabéns, ouviram-se entusiásticos discursos, recitativos, cantos, por entre sorrisos e lágrimas de contentamento. Depois de fervorosas preces dentro da Igreja e Bênção do Santíssimo, dispersou-se a multidão e todos se acomodaram.

Noutro dia, bem de manhã, alvorada com banda de música, fogos e repiques de sino, despertando assim todos da cidade e da região.

Chegou a hora da Santa Missa solenemente cantada pelo jovem preto, sacerdote campanhense, com os olhos lacrimejante pela grande emoção que se lhe apoderara  do coração.

Um bem organizado e disciplinado coro executou a missa cantada polifonicamente pelas vozes: baixo, batitono e soprano.

O jovem padre também era músico e tinha excelente voz...

O coro executou o Kurie enquanto se incensou a altar. Chegou o momento de entoar o Glória. O neo-sacerdote Padre Francisco de Paula Vítor, com sua voz forte, sonora e suave, modulada pela emoção que invadia a alma, ao entoar o Glória in excelsis Deo provocou tal emoção nos corações que, enquanto o majestoso coro executava o canto, grande parte da assembléia derramava lágrimas...”

Fonte: Padre Vítor – O  Campanhense Trespontano – Monsenhor José do Patrocínio - 3ª Edição – 1995.