A
oposição tem que se unir e mostrar o que quer para o país
(Acílio
Lara Resende, jornalista)
Não se trata de
nenhum saudosismo. Não superestimo o passado, mas apenas o respeito. Sinto que
há no ar, hoje, um cansaço generalizado, que se traduz em impaciência quando
não em revolta para com nossos políticos, pertençam eles ao governo ou à
oposição. O jogo político se tornou desagradável aos nossos olhos e aos nossos
ouvidos. E, com isso, a crônica política, que ainda não desapareceu da imprensa
escrita, mas ganhou a internet, perde a cada dia o encanto que já teve.
Os últimos 12 anos,
por exemplo, que abrangem os governos Lula e Dilma Rousseff, têm sido marcados
pela mediocridade e pela ausência de criatividade. E, agora, por mera
estratégia, ou talvez porque não passe mais pela sua cabeça ser outra vez
presidente, de maneira precoce para uns, mas no momento certo para os que
desejam manter o poder a qualquer custo, Lula forçou a barra e assumiu a coordenação
da reeleição. Com isso, o governo, dois anos antes do seu término, se
transformou em mero instrumento de campanha eleitoral.
Não é a política em
si, sem dúvida essencial ao ser humano, que aborrece. Na teoria, ela tem sua
graça. A questão é a política partidária. Os atores que tomaram posse hoje do
palco político (e isso não se deu só aqui, mas no mundo todo e, obviamente, por
culpa dos eleitores) deixam muito a desejar. Entre nós, há as exceções de
praxe, mas os que mais se fazem notar, no governo ou no Congresso Nacional, são
muito ruins. Relevem-me os que não merecem vestir a carapuça, pois sei que os
há, mas em quantidade modesta. Além disso, infelizmente, talvez por se sentirem
acuados, ninguém os percebe…
Não é fácil governar
um país com essa “tropa” de ministros, que emperra tudo ou só faz política
partidária. O vocábulo aí pode parecer inadequado, leitor, mas não o uso com o
objetivo de atingir os briosos soldados de qualquer arma. Nem me refiro aos
escoteiros, nem aos animais equídeos, sejam de carga ou não. Também não me
refiro à grande porção de gado vacum quando transportado de um pasto para
outro. Refiro-me, apenas, à multidão inútil de ministros de Estado…
São, ao todo, 39
“excelências”. Informação divulgada na internet nos diz que os países campeões
de ministros de Estado são, em primeiro lugar, a China, que tem 44, e, em
segundo, o Canadá, que tem 18. Os Estados Unidos têm 15 e a Alemanha, 14. O
México tem 19 e a Argentina, dez. A presidente Dilma não conhece todos os seus,
mas, com absoluta certeza, só despacha com um número reduzidíssimo deles.
Duas fotos, na
internet, valem mais que mil palavras. Uma é dos 39 ministros de Dilma Rousseff
reunidos em volta de uma enorme mesa oval; a outra é dos 15 ministros de Barack
Obama (que têm nas mãos não só graves problemas internos, mas a maior economia
do mundo) em volta de uma mesa igualmente oval. E bota ridículo nisso!
E o mais preocupante
em tudo isso é que ainda não se percebe no país, para se contrapor a um governo
que sabe bem não só o que quer, mas para onde quer ir, uma oposição unida,
consciente da sua real obrigação, além de munida do velho e desvalorizado
espírito público.
Se não se construir
uma oposição capaz de interpretar essa insatisfação que está no ar, nosso país,
a partir de janeiro de 2015, estará outra vez entregue a um grupo centrado
apenas na manutenção do poder, e com sérios riscos, evidentemente, à nossa
frágil democracia.
Não há democracia
sem alternância no poder.
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