Seda de peixe
promete roupas superfortes
Com informações da BBC - 04/04/2013
Uma espécie de
peixe sem mandíbula e sem espinha dorsal que vive no fundo do mar há mais de
500 milhões de anos secreta uma membrana viscosa que poderá ser utilizada como
o tecido da roupa do futuro.
Peixe-bruxa
A
mixina (do grego myxa, muco), também conhecido como peixe-bruxa, é uma criatura
sem nenhum glamour.
Ele
nada em águas muito profundas, com baixa visibilidade, sempre procurando por
comida. Seu prato predileto são restos de baleias mortas.
Mas
ele tem uma interessante "carta na manga". O truque está na sua
estrutura corporal, que se parece com a de uma cobra. Nas laterais, glândulas
soltam uma substância viscosa abundante e altamente concentrada que, na
ausência de mandíbula para morder os inimigos, serve de autodefesa.
Pesquisadores
filmaram recentemente o que acontece quando um tubarão morde uma mixina. Sua
boca e guelras são rapidamente cobertas pelo muco e imediatamente desistem do
ataque para não morrer asfixiado.
Gelatina
com fibras
Esta
meleca liberada pelo estranho peixe está chamando a atenção dos cientistas.
Uma
mixina possui cerca de 100 glândulas produtoras de muco, localizadas ao longo
do seu corpo. Elas dispersam uma substância leitosa, mas que é rica em fibras.
Quando
a substância leitosa se mistura com a água do mar, ela se expande, criando
grandes quantidades de um muco translúcido, composto por fibras extremamente
fortes e elásticas.
Estas
fibras, quando esticadas na água e, logo em seguida, secadas, se tornam
sedosas.
As
maiores espécies de mixina podem chegar a até 1,2 metro, mas a maioria
chega a apenas 30
centímetros.
Contudo,
mesmo com o pequeno tamanho, apenas um peixe-bruxa possui centenas de
quilômetros de filamentos de muco dentro do corpo.
Cientistas
acreditam que o muco da mixina - ou ainda outras proteínas similares a esta
substância viscosa - pode ser transformado em roupas esportivas ou, ainda, em
coletes de proteção contra armas.
Durante
anos, cientistas têm tentado encontrar alternativas para substituir fibras
sintéticas como o nylon, lycra ou o spandex, que são produzidos a partir do
petróleo - uma substância de fonte não-renovável.
O
muco de peixe-bruxa teria assim potencial para gerar uma fonte natural e
renovável para produzir tecidos.
Seda
de peixe
Como
criar peixes-bruxa em cativeiro não parece ser a solução - a espécie parece não
se reproduzir bem em condições de cativeiro - os cientistas esperam reproduzir
artificialmente as proteínas que são encontradas no muco do peixe-bruxa em
laboratório.
Este
é o mesmo método que está sendo feito com a seda de aranha. No entanto, por
conta das fibras das proteínas da seda de aranha serem muito grandes, isso seria extremamente
complexo (seria como tentar extrair as mesmas proteínas de uma cabra
transgênica).
No
caso do muco do peixe-bruxa, há ainda muitas qualidades similares ao da seda de
aranha, mas com uma grande vantagem: as proteínas extraídas da mixina são muito
menores e, em teoria, seriam mais fáceis de replicar.
Ninguém
conseguiu produzir sequer um carretel com os fios extraídos da proteína do muco
do peixe-bruxa, mas diversos grupos estão trabalhando para que isso aconteça.
"Estou
tentando retirar com pinças as fibras como se estivesse puxando isso pra
cima", explica a professora Atsuko Megishi, enquanto tenta puxar o que
mais se parece com a nata formada numa caneca de leite quente.
Essa
"nata" com a qual os cientistas trabalham é como se fosse uma
membrana muito fina formada pela proteína extraída do muco do peixe-bruxa.
Quando a membrana é destruída, pequenas fibras são formadas. Assim, os
cientistas conseguem as puxá-las com as pontas dos dedos.
Outros
membros do projeto Guelph estão ainda tentando outro método. Eles utilizam uma
bactéria geneticamente modificada que pode extrair as fibras ao longo de todo o
corpo do peixe.
Se
os cientistas tiverem sucesso na extração dessa nova fibra, eles poderão
trabalhar com a indústria têxtil para levar novos produtos ao mercado.
Mas,
como "roupa de meleca de peixe-bruxa" não parece ser algo muito
atraente, os pesquisadores afirmam que já estão procurando ideias para melhorar
a impressão da sua "substância viscosa".
Bibliografia:
The Production of Fibers and Films from Solubilized Hagfish Slime Thread Proteins
Atsuko Negishi, Clare L. Armstrong, Laurent Kreplak, Maikel C. Rheinstadter, Loong-Tak Lim, Todd E. Gillis, Douglas S. Fudge
The Production of Fibers and Films from Solubilized Hagfish Slime Thread Proteins
Atsuko Negishi, Clare L. Armstrong, Laurent Kreplak, Maikel C. Rheinstadter, Loong-Tak Lim, Todd E. Gillis, Douglas S. Fudge
Biomacromolecules
Vol.: 13 (11), pp 3475-3482
Vol.: 13 (11), pp 3475-3482
DOI: 10.1021/bm3011837
acessado dia 9
de abril de 2013 – 13:14
COMENTÁRIOS
O meio ambiente
produz tudo que o ser humano precisa para sobreviver na medida certa.
Basta
desenvolvermos a nossa percepção ambiental do nosso entorno veremos com o
ambiente é propício para a vida na Terra da maneira exata de nossas
necessidades.
A descoberta
desse peixe evidencia e potencializa a biodiversidade e coloca o Planeta Terra
como base, sustento, proteção e atenção para com os seres vivos
(aproximadamente 50 bilhões).
As mudanças naturais
do Planeta sempre serviram como elo de evolução para todas as espécies e
algumas pessoas não perceberam a necessidade de constante adaptação ao meio e
ainda com ações contrárias a evolução natural. A utilização da biodiversidade
sempre foi entendida como mercadoria pela Economia Clássica. Paradigma que tem
origem, para contemporaneidade, a partir do século XVIII na Inglaterra.
O novo paradigma
é de Economia Ambiental, ou seja, a biodiversidade é parte da vida planetária e
pertence aos 50 bilhões de seres vivos do Planeta. Devemos e podemos UTI lizar
os recursos naturais a favor do progresso e da evolução material das
sociedades, mas é importante sabermos o que queremos desses recursos e como
podemos nos interagir com eles.
Em Campanha
ainda não existe um estudo de nossa biodiversidade e é mais uma razão para agir
de maneira coerente e com o máximo de respeito para o nosso meio ambiente.
Será que nossas
ações não estão destruindo a nossa biodiversidade. Nossos empreendimentos estão
no caminho correto, mas há um longo caminho para ser percorrido. E nossos
terreiros estão ambientalmente corretos? Ainda fazemos queimadas inofensivas?
Será que os resíduos sólidos que colocamos fora do lugar com prejudica a nossa
biodiversidade? Aproveitando a importância da descoberta do peixe – bruxa,
vamos descobrir o nosso meio ambiente?
Fernando Nani.
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