Comentando o discurso da presidente Dilma no início do ano escolar.
*Ely Paschoalick
Na ultima quinta-feira, 10 de fevereiro de
2011, nossa presidente comemorou o reinício do ano escolar saudando os
estudantes, os pais e os professores.
Quero comentar um parágrafo de seu discurso, mas
antes desejo que você leia esta mensagem que um professor postou na
internet:
“Prezado amigo! Sou professor de Física, de
ensino médio de uma escola pública em uma cidade do interior da Bahia e gostaria
de expor a você o meu salário bruto mensal: R$650,00 Eu fico com vergonha até de
dizer, mas meu salário é R$650,00. Isso mesmo! E olha que eu ganho mais que
outros colegas de profissão que não possuem um curso superior como eu e recebem
minguados R$440,00.
Será que alguém acha que, com um salário assim, a
rede de ensino poderá contar com professores competentes e dispostos a ensinar?
Não querendo generalizar, pois ainda existem bons professores lecionando,
atualmente a regra é essa: O professor faz de conta que dá aula, o aluno faz de
conta que aprende, o Governo faz de conta que paga e a escola aprova o aluno mal
preparado. Incrível, mas é a pura verdade! Sinceramente, eu leciono porque sou
um idealista e atualmente vejo a profissão como um trabalho social.
Mas nessa semana, o soco que tomei na boca do
estomago do meu idealismo foi duro! Descobri que um parlamentar brasileiro custa
para o país R$10,2 milhões por ano… São os parlamentares mais caros do mundo. O
minuto trabalhado aqui custa ao contribuinte R$11.545. Na Itália, são gastos com
parlamentares R$3,9 milhões, na França, pouco mais de R$2,8 milhões, na Espanha,
cada parlamentar custa por ano R$850 mil e na vizinha Argentina R$1,3
milhões.
Trocando em miúdos, um parlamentar custa ao país,
por baixo, 688 professores com curso superior! Diante dos fatos, gostaria muito,
amigo, que você divulgasse minha campanha, na qual o lema será: ‘TROQUE UM
PARLAMENTAR POR 344 PROFESSORES’. Repasse esta mensagem, pois a vergonha que
atualmente impera em nossa política está desmotivando o nosso povo e arruinando
o nosso querido Brasil. É o mínimo que nós, por menores patriotas que sejamos,
podemos fazer.”
O discurso de ontem me fez lembrar desta campanha
do professor de física baiano e impressionou-me pelo tanto que ele foi genérico
e retórico. Duas qualidades que para mim sinalizam andar… andar… e não sair do
lugar.
(Oxalá que ao final de 4 anos eu venha a me
envergonhar deste meu pessimismo).
“… É neste caminho que temos que seguir avançando
com passos largos. É hora de investir ainda mais na formação e remuneração de
professores, de ampliar o número de creches e pré-escolas em todo o país, de
criar condições de estudo e permanência na escola para superar a evasão e a
repetência e muito especialmente acabar com essa trágica ilusão de ver aluno
passar de ano sem aprender quase nada” Dilma Rousseff.
Primeiramente discordo da expressão “trágica
ilusão”, pois o que acontece é uma trágica realidade avalizada
pelas metas do IDEB (Índice
de Desenvolvimento da Educação Básica).
Fazendo uma analogia com o que estou dizendo
sobre trágica realidade saiba que houve em nossa cidade de Uberlândia-MG
comemoração pelo IDEB alcançado uma vez que a meta colocada para 2009 pelo MEC
era 4,6 e a alcançada pelo ensino municipal foi 5,4 ou seja 17% acima da
meta.
Corresponde quase à mesma coisa que uma pessoa
que perdeu as duas pernas em um acidente fazer uma festa para comemorar os
braços que lhe restaram.
O que será “passos largos” para a senhora
presidente? Subir a escadinha da propaganda do IDEB correndo ou de 3 em 3
degraus?
Ou será que caminhar a passos largos é aderir à
campanha do professor baiano e redirecionar a verba dos salários dos
parlamentares para o salário dos professores?
Ou “passos largos” será mais uma reforma de
ensino… Mais um projeto miraculoso… Mais uma estratégia de avaliação…
Ou será a prática de uma estratégia similar a
utilizada em Uberlândia para ampliar
as vagas de crianças na faixa etária de 4 e 5 anos?
Se a evasão é conseqüência da repetência e se
temos que acabar com a ilusão de passar de ano sem aprender quase nada a
ÚNICA saída é ensinar de maneira que
realmente o
aluno aprenda. Já
escrevi também sobre isto.
Não ficou claro no superficial discurso da
presidente a forma que o MEC vai agir para incluir… aprovar… realmente ensinar…
acabar com os analfabetos
funcionais… e oferecer alimento para a “fome do saber” como a
presidente mesmo afirma que esta será uma das poucas fomes que ela permitirá em
seu governo.
Ficou muito mais dedutível que a saída será como
já defende e propaga o senhor governador eleito de Minas Gerais: professores
serem mais rigorosos no sistema de aprovação.
Em outras palavras: REPROVAR… EXCLUIR… Ampliar a
trincheira que separa professores e alunos colocando, de um lado, a arma da
reprovação nas mãos dos professores e de outro, alunos
paralisados pelo medo e vergonha de serem considerados defeituosos para
aprender.
Em verdade, defeituoso é o uso do sistema de
ensino dos séculos XVIII e XIX para crianças e
adolescentes do século XXI.
Vamos aguardar como será o próximo “passo largo”
da mãe, avó e presidente em relação ao Ensino Fundamental – base para construção
de toda uma vida estudantil.
Precisamos com urgência enviar os livros de Hamilton
Werneck para nossa presidente, principalmente estes dois: “Se a boa escola é
a que reprova, o bom hospital é o que mata” e “Prova, Provão, Camisa de Força
da Educação”.
Fale comigo
pelo e-mail elypaschoalick@gmail.com
Conheça os
temas das palestras de
Elypaschoalick
*Ely Paschoalick é educadora e consultora em comportamento humano, nascida
em Batatais – SP. É a terceira filha dos educadores sociais Guilherme
Paschoalick e Maria Alzira Corrêa Paschoalick. Ely é avó de cinco netos Eduardo,
Fernando, Roberto, Nikolas e Guilherme. É mãe de Tatiana Cristina, Vanessa
Cristina e Moisés Guilherme. Paschoalick realiza palestras por todo o Brasil;
atende consultas de orientação às crianças, jovens, pais, professores,
supervisores e demais envolvidos no processo educacional; presta consultoria
educacional aplicada em escolas e consultoria organizacional a empresas de
prestação de serviço, comércio e indústria. É mediadora do programa
“Concentração Training” cujos exercícios ampliam o poder de: Observar! Analisar!
Perceber! Comparar! Sintetizar! Concluir! E auxiliam o aluno a desenvolver uma
autoestima positiva. Ely é colunista de vários sites e constantemente está na
mídia regional do Triângulo Mineiro -onde reside- que carinhosamente a chama de
“Super Nany do Cerrado”. Ely Paschoalick possui formação em Administração
Escolar, com especialização em consultoria Organizacional e Educacional. Atua
profissionalmente desde 1968 tendo ministrado palestras, cursos e consultas para
mais de 30 mil pessoas atendendo consultas a alunos de todas as idades, pais e
educadores.
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