GESTÃO AMBIENTAL: MICRO E PEQUENA EMPRESA
Fernando Nani e Fábio Simão
GESTÃO
AMBIENTAL: MICRO E PEQUENA EMPRESA
As micros e
pequenas empresas do Brasil ainda resistem, em parte, às mudanças que ocorrem
nas questões ambientais. Muitas, ainda, ignoram os impactos que causam no
ambiente em que estão inseridos. É importante observar que a Gestão Ambiental
prima pelas questões socioambientais, como o relacionamento dos empreendedores
e seus colaboradores e a relação do empreendimento com os consumidores. Uma das preocupações é rastrear o produto
final que vai desde a escolha da matéria – prima, passando pelo modo de produção,
o uso de energia, aos colaboradores e ao consumidor final.
A Gestão Ambiental possui algumas ferramentas para
se aplicada em todos os tipos de empreendimentos, independente de seu porte em
micro, pequena, média ou grande, ou seja, a contabilidade ambiental e o EIV.
O EIV (Estudo de
Impacto de Vizinhança) está voltado para analisar a situação ou o
relacionamento do empreendimento com o seu entorno. Isto ajuda a mitigar os
possíveis problemas que possa existir entre o empreendimento e os seus vizinhos.
A
contabilidade ambiental é uma ferramenta para a aplicação da gestão ambiental
que proporciona o controle da produção do passivo ambiental e a valorização do
ativo ambiental. Porém, poucos empreendimentos do Brasil a utilizam. E uma das
causas é a não observância da sua praticidade e a visão capitalista que os
empreendedores ainda possuem arraigados nos princípios da economia clássica,
como sendo o meio ambiente mercadoria de mercado e abundante são o seus
recursos. Sendo que as micros e pequenas empresas não perceberam a sua
praticidade. Apenas visam as questões de retorno financeiro imediato. Segundo
BABIERI (1997, p. 199) a defesa do meio ambiente está com o consumidor
consciente e que as empresas terão que fazer as mudanças necessárias. Podemos observar
nestas colocações que ainda há uma dicotomia no entendimento da aplicabilidade
da contabilidade ambiental. Para os micros e pequenas empresas no Brasil manter
– se dentro da legislação ambiental é visto ainda como enfrentar altos custos e
a relação de custo – benefício não compensa os investimentos. E ainda não
enxerga a importância da utilização do ativo ambiental a favor de sua
manutenção e crescimento dentro do mercado consumidor. E assim percepção e a
consciência ambiental ficam comprometidas por parte desses empreendedores.
Segundo ALINE PACOLINO (GEOGRAFIA E TERRITÓRIO – interpretação do Espaço
Brasileiro, página 345) as pessoas percebem o ambiente que estão inseridas e as
percepções ambientais são particularizadas de acordo com a sua sensibilidade e
o interesse de seus objetos. Os micros e pequenos empreendedores percebem o
entorno de seus empreendimentos como parte de um todo e que não se insere como
parte de seu próprio patrimônio. Assim, podemos concluir que a formação do
passivo ambiental, não muitas vezes, não é entendido como parte do produto
final de seu empreendimento e assim se justifica a falta de cuidado ou de
investimentos na formação do ativo ambiental, como cuidar da atmosfera, água ou
mesmo a produção de resíduos. Assim, as
agressões e os impactos ambientais, muitas vezes, não são percebidos por estes
empreendedores. O bem natural coletivo não é de sua responsabilidade e não é
produzido pelo empreendimento. Exteriorizando pela não percepção da fumaça com
partículas em suspensão, gases que causam odores desagradáveis e ainda o não
tratamento de efluente que é entendido que a água tem condições de se auto
regular e que o esgoto doméstico é capaz de anular os elementos químicos que o
seu empreendimento produziu como passivo ambiental. Esquece que o DBO
(Deficiência Biológica de Oxigênio) e da água sofre variações de acordo com a
maneira de produção de seu produto final. Segundo OLIVEIRA (1997, página 62) “
A percepção é justamente uma interpretação com o fim de restituir a realidade objetiva,
através da atribuição de significado dos objetos perdidos”.
Mas, e o passivo
ambiental? Como os empreendedores
enxergam o passivo ambiental que seu empreendimento produz? Será que um
empreendimento comercial não produz nenhum tipo de passivo ambiental? Toda a
sociedade pode contribuir para que os empreendedores se preocupem com o seu
passivo ambiental. Cada produto que consumimos possui uma história que é rica
em detalhes de extração de matéria –
prima, uso de energia, transporte, água virtual, empregos, salários, impostos e
criação de passivo ambiental.
Se analisarmos todos os
produtos que utilizamos no nosso cotidiano vamos observar que nós somos
responsáveis de forma direta pelas agressões ambientais em nosso entorno. Mas,
podemos mitigar essas transformações ambientais a partir do momento que nos
tornamos consumidores conscientes.
Que tipo de consumidores nós somos? Será que estamos
preocupados somente em satisfazer as nossas necessidades básicas e não se
preocupando com o aspecto coletivo do ambiente que vivemos? Será que temos
consciência que as características naturais do Planeta Terra estão mudando?
Será que construímos a nossa percepção ambiental a ponto de saber que nosso
consumo está diretamente relacionado com as mudanças de temperaturas e outros
itens naturais? E que estas mudanças não são apenas de temperatura, mas de URA
(umidade relativa do ar), pressão atmosférica, movimentação do ar,
eletromagnetismo terrestre e outros.
Todas estas mudanças podem ser evitadas, ou mesmo
mitigadas, se a nossa cultura de consumo mudar.
A
Gestão Ambiental é o instrumento das mudanças nos empreendimentos, mas quem
comanda as mudanças e exterioriza a instrumentação da Gestão somos nós
consumidores. A leitura do nosso mundo cotidiano e a percepção e a consciência
ambiental são criadas por cada um de nós e a concretude desta ação é a nossa
maneira de consumir. Somos herança de nós mesmos.
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