A SITUAÇÃO NO MUNDO ESPIRITUAL
A situação do Espírito, no mundo espiritual, não é outra senão a por si mesmo preparada na vida corpórea.
A vida no mundo espiritual é o reflexo das conquistas do Espírito quando encarnado. Neste sentido, encontramos certas crenças religiosas vendendo ilusões aos seus adeptos, prometendo o paraíso, tão-somente pela prática de alguns rituais criados pelos seus líderes. Sendo difícil a prática verdadeira do desenvolvimento espiritual, transferem-se para a de certas cerimônias, contentando-se com isso. No entanto, em que pesem essas orientações, a Doutrina Espírita deixa claro que, independente de crença, somos todos filhos de Deus e que a felicidade não se conquista por rituais, mas sim, pela prática do bem, desenvolvendo os nossos potenciais até perfilharmos com a sintonia divina, ou seja, com o Reino de Deus em nós. Daí o alerta de Kardec, afirmando que: "Fora da caridade não há salvação", desmistificando a idéia de que "Fora da igreja não há salvação". Aliás, salvação, para a Doutrina Espírita, não é algo que vem do exterior; salvação quer dizer, o aprimoramento do Espírito, através das inúmeras existências, nascendo de novo, até o desenvolvimento do reino de Deus.
À Lei Divina não se consegue enganar nunca! ... É a Justiça que efetivamente vigora em nossa consciência. Em razão da imperfeição, pelo grau de evolução, em que ainda nos encontramos na escala evolutiva, seremos sempre tratados diferentemente, em função do discernimento da ação praticada. Por essa razão, cada pessoa se encontra num degrau próprio da evolução, portanto, não se pode utilizar o mesmo parâmetro para a avaliação de cada uma delas. A doutrina e a jurisprudência humana expressam que o princípio da verdadeira igualdade consiste em "tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais, na medida em que se desigualam", refletindo a Lei Natural. Conforme escreveu em 1920 o cultíssimo jurisconsulto, político, diplomata, jornalista Ruy Caetano Barbosa de Oliveira, na sua alocução Oração ao Moços, proferida em São Paulo por outro orador diante do precário estado de saúde do ilustre baiano que iria desencarnar a 1º. de março de 1923, no Rio de Janeiro (DF).
Ora, é preciso respeitar as diferenças individuais, de acordo com o discernimento alcançado, razão pela qual, cada Espírito deve ser tratado na proporção de seu grau de compreensão. Embora tenhamos o mesmo ponto de partida, no decorrer do processo de crescimento, distanciamo-nos, em função da liberdade de escolhas - certas ou erradas - que nos é concedida pelas Leis Divinas. É o que ensina Nilton Bonder - e assim, também o entendemos - quando afirma que: "Todas as ações são legítimas, mesmo que ilícitas porque derivam do uso do livre-arbítrio." (Código Penal Celeste, Nilton Bonder).
Quando você ouve alguém dizer, diante de um ato recriminável: "Puxa, como esta pessoa pode agir desta forma! Isto é um absurdo!" ... Ora, muitas vezes, este alguém não se despertou ainda para o entendimento daquele ato, e age dentro da regularidade de sua visão, naquele momento. Posteriormente, no tempo certo, quando ocorrer o seu despertar, fatalmente mira em si, e reconhecerá o erro praticado. Conhecemos muitas pessoas que freqüentam casas religiosas: praticam suas cerimônias e rituais, mas continuam agindo totalmente ao contrário daquilo que aprenderam (será que aprenderam, realmente?). Outras pregam uma coisa e fazem totalmente outra, na filosofia do "Faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço" ... Ainda ignoram a essência do ato. "A felicidade está na razão direta do progresso realizado, de modo que, de dois Espíritos, um pode 'não ser tão feliz' quanto outro, unicamente por não ter ainda conquistado o mesmo patrimônio de adiantamento intelectual e moral, sem que por isso precisem estar, cada qual, em lugar distinto. Ainda que juntos, pode um estar em trevas, enquanto que tudo resplandece para o outro, tal como um cego e um vidente que se dão as mãos: este percebe a luz da qual aquele não recebe a mínima impressão." (Allan Kardec, O Céu e o Inferno, cap. III, ítem 6).
Jesus ao alertar os discípulos para que procurassem andar sempre pelos caminhos retos, lhes disse: "Lançai a rede para a banda direita do barco e achareis." (João, 21:6). Quando nos desviamos deliberadamente da observância das Leis Divinas - caminhos retos - nos defrontamos com o desequilíbrio, que culminará, fatalmente, no sofrimento; tal situação, no entanto, só voltará à normalidade pela reparação, com o retorno à Casa do Pai. A nossa atitude, uma vez compreendida a situação do erro cometido, deve ser sempre, a do bom combate às nossas imperfeições. "Figuradamente, o espírito humano é um pescador dos valores evolutivos, na escola regeneradora da Terra. A posição de cada um é o barco. Em cada novo dia, o homem se levanta com a sua rede de interesses. Estaremos lançando a nossa rede para a banda direita? Fundam-se os nossos pensamentos e atos sobre a verdadeira justiça?" (Caminho, Verdade e Vida, Emmanuel, lição 21).
Os nossos equívocos não se apagam, quando da desencarnação. Chegando ao mundo espiritual, nos deparamos com o balanço de nossas ações. Normalmente, somos preparados para o retorno em nova experiência reencarnatória, quando entramos na faixa de expiação e reparação, com maior ou menor proveito, tudo dependendo de nossa vontade. E se não nos corrigimos, apenas adiamos o compromisso, tendo que, mais hoje ou mais amanhã, recomeçar; todavia, sempre a situação se torna mais difícil, em razão de ter recalcitrado no erro, de sorte que, quanto maior for a manifestação do sofrimento, pode-se afirmar que mais intenso é o grau de expiação que teremos, fatalmente, que suportar.
Às vezes, encontramos uma dada criatura, toda voltada às viciações, e que vive uma vida totalmente egoística, sem o mínimo de preocupação com os seus semelhantes. Caridade com os irmãos de jornada, nem pensar! Aparentemente, passa aos semelhantes uma idéia de que nada vale a prática do Bem. Goza de uma felicidade aparente, apesar dos desregramentos. Na verdade, são apenas aparências, pois a felicidade é sempre proporcional à erradicação das imperfeições. Alheia ao próximo, anestesia-se pelas ilusões do ter em detrimento do ser. Permanece assim até que, pela maturidade, o remorso vem à tona e a dor do arrependimento lhe angústia a alma; mais tarde, ao acordar para a realidade da vida, "outra encarnação se lhe faculta para novas provas de expiação e reparação, com maior ou menor proveito, dependentes do seu livre-arbítrio."
Neste sentido, foi que Jesus disse: - "Bem-aventurados os aflitos, porque serão consolados." (Mateus, 5:4). A aflição é o remédio salutar que desperta a criatura quando em desarmonia com a Lei Divina. Sendo portador do livre-arbítrio, quando se escolhe alternativa errada, o Espírito sofre as conseqüências. Mas não há nisso nenhuma punibilidade divina, porque será a própria criatura que, ao discernir o ato, se desvencilhará da imperfeição. Muitas vezes, a aflição se manifesta na qualidade da terapia corretiva, para que a criatura retorne ao caminho do Bem.
José L. Boberg
A vida no mundo espiritual é o reflexo das conquistas do Espírito quando encarnado. Neste sentido, encontramos certas crenças religiosas vendendo ilusões aos seus adeptos, prometendo o paraíso, tão-somente pela prática de alguns rituais criados pelos seus líderes. Sendo difícil a prática verdadeira do desenvolvimento espiritual, transferem-se para a de certas cerimônias, contentando-se com isso. No entanto, em que pesem essas orientações, a Doutrina Espírita deixa claro que, independente de crença, somos todos filhos de Deus e que a felicidade não se conquista por rituais, mas sim, pela prática do bem, desenvolvendo os nossos potenciais até perfilharmos com a sintonia divina, ou seja, com o Reino de Deus em nós. Daí o alerta de Kardec, afirmando que: "Fora da caridade não há salvação", desmistificando a idéia de que "Fora da igreja não há salvação". Aliás, salvação, para a Doutrina Espírita, não é algo que vem do exterior; salvação quer dizer, o aprimoramento do Espírito, através das inúmeras existências, nascendo de novo, até o desenvolvimento do reino de Deus.
À Lei Divina não se consegue enganar nunca! ... É a Justiça que efetivamente vigora em nossa consciência. Em razão da imperfeição, pelo grau de evolução, em que ainda nos encontramos na escala evolutiva, seremos sempre tratados diferentemente, em função do discernimento da ação praticada. Por essa razão, cada pessoa se encontra num degrau próprio da evolução, portanto, não se pode utilizar o mesmo parâmetro para a avaliação de cada uma delas. A doutrina e a jurisprudência humana expressam que o princípio da verdadeira igualdade consiste em "tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais, na medida em que se desigualam", refletindo a Lei Natural. Conforme escreveu em 1920 o cultíssimo jurisconsulto, político, diplomata, jornalista Ruy Caetano Barbosa de Oliveira, na sua alocução Oração ao Moços, proferida em São Paulo por outro orador diante do precário estado de saúde do ilustre baiano que iria desencarnar a 1º. de março de 1923, no Rio de Janeiro (DF).
Ora, é preciso respeitar as diferenças individuais, de acordo com o discernimento alcançado, razão pela qual, cada Espírito deve ser tratado na proporção de seu grau de compreensão. Embora tenhamos o mesmo ponto de partida, no decorrer do processo de crescimento, distanciamo-nos, em função da liberdade de escolhas - certas ou erradas - que nos é concedida pelas Leis Divinas. É o que ensina Nilton Bonder - e assim, também o entendemos - quando afirma que: "Todas as ações são legítimas, mesmo que ilícitas porque derivam do uso do livre-arbítrio." (Código Penal Celeste, Nilton Bonder).
Quando você ouve alguém dizer, diante de um ato recriminável: "Puxa, como esta pessoa pode agir desta forma! Isto é um absurdo!" ... Ora, muitas vezes, este alguém não se despertou ainda para o entendimento daquele ato, e age dentro da regularidade de sua visão, naquele momento. Posteriormente, no tempo certo, quando ocorrer o seu despertar, fatalmente mira em si, e reconhecerá o erro praticado. Conhecemos muitas pessoas que freqüentam casas religiosas: praticam suas cerimônias e rituais, mas continuam agindo totalmente ao contrário daquilo que aprenderam (será que aprenderam, realmente?). Outras pregam uma coisa e fazem totalmente outra, na filosofia do "Faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço" ... Ainda ignoram a essência do ato. "A felicidade está na razão direta do progresso realizado, de modo que, de dois Espíritos, um pode 'não ser tão feliz' quanto outro, unicamente por não ter ainda conquistado o mesmo patrimônio de adiantamento intelectual e moral, sem que por isso precisem estar, cada qual, em lugar distinto. Ainda que juntos, pode um estar em trevas, enquanto que tudo resplandece para o outro, tal como um cego e um vidente que se dão as mãos: este percebe a luz da qual aquele não recebe a mínima impressão." (Allan Kardec, O Céu e o Inferno, cap. III, ítem 6).
Jesus ao alertar os discípulos para que procurassem andar sempre pelos caminhos retos, lhes disse: "Lançai a rede para a banda direita do barco e achareis." (João, 21:6). Quando nos desviamos deliberadamente da observância das Leis Divinas - caminhos retos - nos defrontamos com o desequilíbrio, que culminará, fatalmente, no sofrimento; tal situação, no entanto, só voltará à normalidade pela reparação, com o retorno à Casa do Pai. A nossa atitude, uma vez compreendida a situação do erro cometido, deve ser sempre, a do bom combate às nossas imperfeições. "Figuradamente, o espírito humano é um pescador dos valores evolutivos, na escola regeneradora da Terra. A posição de cada um é o barco. Em cada novo dia, o homem se levanta com a sua rede de interesses. Estaremos lançando a nossa rede para a banda direita? Fundam-se os nossos pensamentos e atos sobre a verdadeira justiça?" (Caminho, Verdade e Vida, Emmanuel, lição 21).
Os nossos equívocos não se apagam, quando da desencarnação. Chegando ao mundo espiritual, nos deparamos com o balanço de nossas ações. Normalmente, somos preparados para o retorno em nova experiência reencarnatória, quando entramos na faixa de expiação e reparação, com maior ou menor proveito, tudo dependendo de nossa vontade. E se não nos corrigimos, apenas adiamos o compromisso, tendo que, mais hoje ou mais amanhã, recomeçar; todavia, sempre a situação se torna mais difícil, em razão de ter recalcitrado no erro, de sorte que, quanto maior for a manifestação do sofrimento, pode-se afirmar que mais intenso é o grau de expiação que teremos, fatalmente, que suportar.
Às vezes, encontramos uma dada criatura, toda voltada às viciações, e que vive uma vida totalmente egoística, sem o mínimo de preocupação com os seus semelhantes. Caridade com os irmãos de jornada, nem pensar! Aparentemente, passa aos semelhantes uma idéia de que nada vale a prática do Bem. Goza de uma felicidade aparente, apesar dos desregramentos. Na verdade, são apenas aparências, pois a felicidade é sempre proporcional à erradicação das imperfeições. Alheia ao próximo, anestesia-se pelas ilusões do ter em detrimento do ser. Permanece assim até que, pela maturidade, o remorso vem à tona e a dor do arrependimento lhe angústia a alma; mais tarde, ao acordar para a realidade da vida, "outra encarnação se lhe faculta para novas provas de expiação e reparação, com maior ou menor proveito, dependentes do seu livre-arbítrio."
Neste sentido, foi que Jesus disse: - "Bem-aventurados os aflitos, porque serão consolados." (Mateus, 5:4). A aflição é o remédio salutar que desperta a criatura quando em desarmonia com a Lei Divina. Sendo portador do livre-arbítrio, quando se escolhe alternativa errada, o Espírito sofre as conseqüências. Mas não há nisso nenhuma punibilidade divina, porque será a própria criatura que, ao discernir o ato, se desvencilhará da imperfeição. Muitas vezes, a aflição se manifesta na qualidade da terapia corretiva, para que a criatura retorne ao caminho do Bem.
José L. Boberg
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