CRIAÇÃO DE GRUPOS ESTIMULA INTERESSE PELA LITERATURA.

Criação de grupos estimula interesse pela literatura e troca de livros em Macapá

Carlos Alberto Jr - G1 

Apreciar um livro coletivamente, dividir a sensação de conhecer a mesma história que diversas pessoas e trocar interpretações no decorrer dessa leitura são as intensões de grupos literários em Macapá, que estão marcando diversos encontros, sejam pessoais ou virtuais, para falar de livros.

Os clubes do livro, também chamados de clubes de leitura, são reuniões regulares organizadas geralmente por amigos que têm em comum o hábito da leitura. Nesses encontros, são discutidos aspectos de alguma obra, seja enredo, personagens, cenários ou problemáticas sociais que os autores abordam.

As reuniões costumam ocorrer em livrarias ou em locais que remetem à leitura, como bibliotecas, pelo menos uma vez por mês.

O Ressaca Literária é um desses grupos. Criado no fim de 2016 por dois amigos, a ideia era compartilhar a paixão por leitura com mais pessoas. A proposta deu tão certo que atualmente, a universitária Karen Suellen conheceu diferentes pessoas nas reuniões.

"Conhecia apenas uma das pessoas do grupo e acabei me aproximando de todos por meio desse interesse em comum. Esse é a magia das reuniões do clube", disse Karen.

Os encontros do grupo são mensais e atualmente acontecem na Biblioteca Pública Elcy Lacerda, no Centro da cidade.

Seguindo um modelo semelhante, porém dentro do ambiente acadêmico nasceu, em junho de 2017, o Varanda Literária, idealizado pelo doutor em ciências sociais e professor da Universidade Federal do Amapá (Unifap), Ed Carlos Guimarães.

Apesar do nascimento dentro de uma universidade, o clube não é voltado somente para o público acadêmico, mas para qualquer interessado em literatura.

Além do Varanda, Guimarães também encontra com familiares e amigos para falar sobre literatura infantil no Paneiro de Palavras. Apesar de não discutir diretamente livros, o projeto trabalha com o incentivo e o lado lúdico da leitura.

"Os dois clubes são, de certa forma, complementares. Um que incentiva as crianças a embarcarem no mundo literário e o outro a refletir e discutir obras e autores", explicou o professor.

A internet tem sido um grande aliado na propagação e disseminação dos clubes, quebrando barreiras geográficas para promover encontros entre leitores que possuem o mesmo gosto literário, mas que, por conta da distância, não podem marcar um dia e um local para se encontrarem.

Pensando nisso, Laíse Caroline criou há 3 anos um blog e outras redes sociais para falar de livros. Atualmente, o Mundo Sublinhado é um dos maiores do Norte, com público de todas as partes do país.

O que era virtual, se aliou com o pessoal. Por meio do blog, nasceram os encontros de leitores, que acontecem duas vezes por mês e o projeto nacional Leia Mulheres, que tem o objetivo de debater livros escritos por mulheres.


As Literamigas também falam na internet. Por meio de um canal de vídeos, elas falam sobre diferentes autores, sagas, interagem com os internautas e realizam promoções de livros.

Uma das "literamigas", Andressa Façanha, acredita que o canal fez com que elas conhecessem pessoas e que muitos começaram a ler depois dos vídeos.

"Conhecemos muitos inscritos que nos relatam que só começaram a ler por influência dos nossos vídeos, e isso é extremamente gratificante. É o que nos motiva a fazer cada vez mais vídeos e indicar leituras para todos os públicos, pois sabemos o quanto a prática da leitura é importante na formação do senso crítico e cultural das pessoas", disse Andresa.

De acordo com a 4ª edição da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, realizada pelo Ibope sob encomenda do Instituto Pró-Livro, em 2016, 56% da população brasileira leu livros. Por outro lado, o livro mais citado na pesquisa é a Bíblia e entre os autores mais citados, estão padres e bispos. Não há um dado preciso sobre o número de leitores no Amapá.