Hábito da leitura pode iniciar antes mesmo do nascimento
Jéssica Malta - Hoje em Dia - 18/04/2017Adulto que gosta de ler certamente aprendeu desde cedo a soltar a imaginação entre uma página e outra dos livros. Afinal, o hábito da leitura começa em casa, incentivado pelos pais – acredite! – antes mesmo do nascimento dos filhos.
“A partir das 20 semanas de gestação já é possível estimular os bebês através das vozes dos pais. O contato com os livros deve começar aí”, defende Cynthia Spaggiari, curadora do Leiturinha, clube de assinaturas de livros infantis.
Cynthia reforça também a importância da chamada leitura compartilhada como forma de estimular o gosto pelos livros.
“A introdução da literatura deve ser feita em família. O estar junto proporciona um bom incentivo e o exemplo dos pais é fundamental”, garante.
Outro aspecto importante é acertar na escolha dos livros que serão apresentados e indicados às crianças. São inúmeros os títulos e temas, mas algumas características comuns podem ajudar a reconhecer as melhores opções.
A escritora e pesquisadora da cultura infantil Claudia Souza explica que os bons livros devem possuir qualidade literária e de imagem.
Os contos de fada são exemplos de boas histórias para crianças. “Eles sobrevivem por gerações porque são bons de ouvir, de ler, de imaginar. Ensinam sobre os nossos sentimentos e sobre a vida”, explica a escritora, que tem livros publicados em oito idiomas, e dirige um centro cultural internacional para crianças em Milão.
Deixar as crianças escolherem os próprios livros também é uma das dicas dadas por Claudia. “É bom para avaliar como anda o ‘gosto’ da criança. Se estiver muito massificado, está na hora de interferir com bons modelos”, afirma.
Mesmo nos casos mais difíceis, quando os pequenos não demonstram interesse pelos livros, o conselho é não desistir. Ela garante que não há crianças que não gostam de ler. O desafio é apenas encontrar o livro certo. “Aconselho sempre os pais a nunca desistirem de procurar, uma hora encontram o livro ideal”.
Quem lê aprende a interpretar, escrever e argumentar melhor
Além da família, a escola também tem uma importante atribuição no contato das crianças com o mundo literário. “Ela tem o dever de dar ênfase à leitura, usando livros da biblioteca, sugerindo a leitura de clássicos, trabalhando com atividades diversificadas para atrair a atenção dos alunos”, afirma a professora de Português Maria do Perpétuo Socorro Ferreira Dias.
Lecionando há mais de 30 anos, Socorro conta que sempre busca inovar nos projetos que desenvolve, fazendo com que a leitura seja parte do cotidiano das crianças.
“Meus alunos estão estudando o gênero ‘diário’. Além da leitura de livros sobre o tema, eles também farão as próprias produções e, no fim do ano, presentearão pessoas especiais em uma tarde de autógrafos na escola”, conta.
Frutos para a vida toda
Trazer a leitura para o cotidiano das crianças rende frutos não apenas durante os primeiros anos de vida, mas também no futuro. “Na infância, a criança cria um repertório maior por ter contato com palavras novas e situações novas. Quando estiver mais velha, ela vai saber lidar melhor com as emoções por ter tido contato com elas por meio dos livros”, explica Cynthia Spaggiari, curadora do Leiturinha, que hoje chega a mais de 35 mil famílias Brasil afora.
O contato com a literatura também reflete no desempenho escolar. “O aluno que tem hábito de leitura escreve melhor, interpreta melhor e apresenta mais desenvolvimento no processo da escrita”, afirma Socorro.
Porém, apesar do costume de ler, podem existir momentos de contestação e desinteresse pelos livros, como salienta Claudia Souza. Mas ela garante que este é um momento passageiro. “Se o exemplo existiu e foi cultivado, ele sempre volta. Uma criança ‘cultivada’ vai ser um leitor forte com certeza”, assegura.
Nenhum comentário:
Postar um comentário