Bibliotecária diz que viu pessoas serem transformadas por livros
Caio Gomes Silveira - G1 - 12/03/2016
"Pude contribuir para que a biblioteca fosse um lugar especial. Durante meus anos de trabalho, eu vi muitas vidas sendo transformadas pelos livros. Muitas crianças, que antes ‘viviam’ na biblioteca, acabaram se transformando em profissionais de sucesso. Isso é gratificante e sinto que fiz o meu dever, pois as ajudei indiretamente. Mas o mais importante é que elas se tornaram pessoas do bem”. A afirmação é da aposentada de Itapetininga (SP) Ivete do Nascimento Pereira, de 61 anos, que trabalhou 33 anos como bibliotecária e contou sua história ao G1 em comemoração ao Dia do Bibliotecário neste sábado (12).
Ivete afirma que sempre foi apaixonada por livros, mas que decidiu ser bibliotecária após fazer um teste vocacional. “Eu sabia que ia seguir para a área de humanas, mas ainda não tinha uma ideia certa do que queria. Foi então que fiz um teste vocacional que apontou o curso de biblioteconomia, pois, além de leitura, sempre gostei muito de organizar arquivos. Decidi fazer o curso e me formei da Universidade de São Paulo (USP). Desde então, eu não deixei a profissão e foi a melhor coisa que fiz na minha vida”, afirma.
A bibliotecária começou a trabalhar aos 23 anos em uma biblioteca particular de São Paulo. Em seguida, trabalhou na biblioteca Mario de Andrade, uma das principais bibliotecas municipais da capital. “Foram anos de aprendizagem e crescimento. Trabalhei mais de 10 anos em bibliotecas de São Paulo. Em cada uma pude conhecer pessoas que também eram apaixonadas por livros e criei laços com elas. Indiretamente, as ajudei a crescer profissionalmente e é isso que vou levar como experiência”, afirma.
Após anos na capital, Ivete começou a trabalhar na Biblioteca Municipal de Itapetininga em 1985. Para ela, não há diferença em trabalhar em uma biblioteca de capital ou em uma do interior.
“Em São Paulo pude trabalhar em bibliotecas especializadas e, depois, mais gerais. Porém, o nosso objetivo é poder criar vínculos afetivos com aqueles que amam aquilo que nós amamos, que são os livros. Então, não há diferença em você trabalhar em uma biblioteca em São Paulo ou Itapetininga. Quando vim para o interior, conheci muitas pessoas e pude ajudar duas gerações, já que trabalhei por 28 anos em Itapetininga”, afirma.
Para a bibliotecária, o mais gratificante é poder ver as crianças e jovens crescerem profissionalmente. “É muito gratificante saber que aquele menino que ia todos os dias e procurava livros, hoje é um delegado, médico e professor. Esses dias mesmo eu encontrei um que é major da Polícia Militar. Então, isso é o que mais me deixa orgulhosa. Os livros realmente transformam”, conta.
Com a aposentadoria de Ivete, a jovem Talita Floriano Campos, de 24 anos, foi quem começou a trabalhar na Biblioteca Municipal de Itapetininga. Para ela, a profissão é mais do que cuidar de livros.
“Há um grande leque de opções do que podemos fazer. Muitos não sabem o que fazemos, nem que há curso superior para exercer a profissão e que há uma categoria que nos regulariza. Ser bibliotecária é mais do que cuidar dos livros, é criar vínculos com os leitores e ajudá-los”, afirma.
Em entrevista ao G1, a jovem contou que se encontrou na profissão. “Eu me encontrei nessa profissão, pois não há muita concorrência em universidades públicas já que os jovens não conhecem. Eu, por exemplo, entrei como segundo opção. Primeiro tentei geografia, mas depois que conheci o curso não quis voltar mais e amo o que faço”, afirma Talita.
De acordo com Ivete, a categoria de livros mais alugados na sua época não é a mesma agora com a Talita. Antes os didáticos reinavam, pois os estudantes tinham na biblioteca uma das únicas opções para realizar trabalhos. Hoje com a internet, quem busca a biblioteca quer lazer, diz Talita.
“Alugamos cerca de mil livros por mês. A maioria são os best-sellers de ficção e romance, além dos infantis. Há quem fale que as bibliotecas podem fechar por causa da internet, mas é o contrário. Hoje em dia os pais entendem a importância dos livros, e vemos crianças cada vez mais novas com o hábito da leitura”, afirma a jovem.
“Nós somos agentes que criam laços familiares com aqueles que amam a leitura. Apesar de hoje ter a internet, os livros são fundamentais e o papel das bibliotecárias também. Claro que há obstáculos, como a falta de verbas para comprar livros e estrutura, mas damos um jeito e fazemos de tudo aos nossos leitores por amor", ressalta Ivete.
Leitor em primeiro lugar
Apesar das mudanças que o tempo promoveu na biblioteca, os princípios são os mesmos, dizem as bibliotecárias. “Em primeiro lugar o leitor. Paramos tudo o que fazemos para atendê-lo e para entregar o que ele procura. É por ele que esse lugar existe e tanto faz se o leitor for uma criança, idoso, adulto ou jovem”, conta Ivete.
A coordenadora de projetos da Biblioteca Municipal de Itapetininga, Milene França da Silva, ressalta a importância desses princípios. Ela conta que quando criança costumava passar na biblioteca e se encontrar com Ivete. “Na biblioteca os funcionários faziam desenhos para nós e havia essa interação. A biblioteca tem que ser mais que um lugar onde ficam os livros, deve ser um local de vínculos e relações. Essa interação humana no ato de ler é o que faz ser um lugar especial”, afirma.
Ivete afirma que sempre foi apaixonada por livros, mas que decidiu ser bibliotecária após fazer um teste vocacional. “Eu sabia que ia seguir para a área de humanas, mas ainda não tinha uma ideia certa do que queria. Foi então que fiz um teste vocacional que apontou o curso de biblioteconomia, pois, além de leitura, sempre gostei muito de organizar arquivos. Decidi fazer o curso e me formei da Universidade de São Paulo (USP). Desde então, eu não deixei a profissão e foi a melhor coisa que fiz na minha vida”, afirma.
A bibliotecária começou a trabalhar aos 23 anos em uma biblioteca particular de São Paulo. Em seguida, trabalhou na biblioteca Mario de Andrade, uma das principais bibliotecas municipais da capital. “Foram anos de aprendizagem e crescimento. Trabalhei mais de 10 anos em bibliotecas de São Paulo. Em cada uma pude conhecer pessoas que também eram apaixonadas por livros e criei laços com elas. Indiretamente, as ajudei a crescer profissionalmente e é isso que vou levar como experiência”, afirma.
Após anos na capital, Ivete começou a trabalhar na Biblioteca Municipal de Itapetininga em 1985. Para ela, não há diferença em trabalhar em uma biblioteca de capital ou em uma do interior.
“Em São Paulo pude trabalhar em bibliotecas especializadas e, depois, mais gerais. Porém, o nosso objetivo é poder criar vínculos afetivos com aqueles que amam aquilo que nós amamos, que são os livros. Então, não há diferença em você trabalhar em uma biblioteca em São Paulo ou Itapetininga. Quando vim para o interior, conheci muitas pessoas e pude ajudar duas gerações, já que trabalhei por 28 anos em Itapetininga”, afirma.
Para a bibliotecária, o mais gratificante é poder ver as crianças e jovens crescerem profissionalmente. “É muito gratificante saber que aquele menino que ia todos os dias e procurava livros, hoje é um delegado, médico e professor. Esses dias mesmo eu encontrei um que é major da Polícia Militar. Então, isso é o que mais me deixa orgulhosa. Os livros realmente transformam”, conta.
Com a aposentadoria de Ivete, a jovem Talita Floriano Campos, de 24 anos, foi quem começou a trabalhar na Biblioteca Municipal de Itapetininga. Para ela, a profissão é mais do que cuidar de livros.
“Há um grande leque de opções do que podemos fazer. Muitos não sabem o que fazemos, nem que há curso superior para exercer a profissão e que há uma categoria que nos regulariza. Ser bibliotecária é mais do que cuidar dos livros, é criar vínculos com os leitores e ajudá-los”, afirma.
Em entrevista ao G1, a jovem contou que se encontrou na profissão. “Eu me encontrei nessa profissão, pois não há muita concorrência em universidades públicas já que os jovens não conhecem. Eu, por exemplo, entrei como segundo opção. Primeiro tentei geografia, mas depois que conheci o curso não quis voltar mais e amo o que faço”, afirma Talita.
De acordo com Ivete, a categoria de livros mais alugados na sua época não é a mesma agora com a Talita. Antes os didáticos reinavam, pois os estudantes tinham na biblioteca uma das únicas opções para realizar trabalhos. Hoje com a internet, quem busca a biblioteca quer lazer, diz Talita.
“Alugamos cerca de mil livros por mês. A maioria são os best-sellers de ficção e romance, além dos infantis. Há quem fale que as bibliotecas podem fechar por causa da internet, mas é o contrário. Hoje em dia os pais entendem a importância dos livros, e vemos crianças cada vez mais novas com o hábito da leitura”, afirma a jovem.
“Nós somos agentes que criam laços familiares com aqueles que amam a leitura. Apesar de hoje ter a internet, os livros são fundamentais e o papel das bibliotecárias também. Claro que há obstáculos, como a falta de verbas para comprar livros e estrutura, mas damos um jeito e fazemos de tudo aos nossos leitores por amor", ressalta Ivete.
Leitor em primeiro lugar
Apesar das mudanças que o tempo promoveu na biblioteca, os princípios são os mesmos, dizem as bibliotecárias. “Em primeiro lugar o leitor. Paramos tudo o que fazemos para atendê-lo e para entregar o que ele procura. É por ele que esse lugar existe e tanto faz se o leitor for uma criança, idoso, adulto ou jovem”, conta Ivete.
A coordenadora de projetos da Biblioteca Municipal de Itapetininga, Milene França da Silva, ressalta a importância desses princípios. Ela conta que quando criança costumava passar na biblioteca e se encontrar com Ivete. “Na biblioteca os funcionários faziam desenhos para nós e havia essa interação. A biblioteca tem que ser mais que um lugar onde ficam os livros, deve ser um local de vínculos e relações. Essa interação humana no ato de ler é o que faz ser um lugar especial”, afirma.
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