Boas
notícias
O novo
ministro da educação diz-nos que na
educação como na cultura, não há limite: sempre se pode descobrir ou inventar
mais (...) Cada vez mais, a educação
deverá se culturalizar, deixando de seguir currículos rígidos. Quero
acreditar que tais declarações se constituam num bom augúrio e que o mandato do
novo ministro por elas se paute. Mas as boas novidades não se
quedam por aqui... O equinócio de Março parece ter aberto uma Caixa de Pandora,
não de desgraças, mas de prodígios.
Em Portugal, diretores de escola reconheceram
que a retenção não resolve o problema do
insucesso. E o Conselho Nacional de Educação recomendou o fim das
reprovações. Esta não é a única entidade a alertar para as consequências
negativas da retenção. O estudo "Retenção Escolar no Ensino Básico em
Portugal" conclui que os alunos que reprovam não retiram qualquer benefício
de terem ficado retidos e obtêm piores resultados no PISA do que teriam obtido,
se não tivessem repetido o ano. Por seu turno, a Comissão Europeia critica a
"cultura da retenção" afirmando que a “bomba" deve ser substituída
por respostas a dificuldades de aprendizagem, enquanto um especialista corrobora
esse parecer, acrescentando que é o próprio modelo de ensino que promove o
insucesso: Estamos a preparar os alunos
da mesma forma que preparávamos há cinquenta, ou cem anos, baseando o ensino
exclusivamente na capacidade de reproduzir conteúdos. Ensinamos tudo a todos da
mesma maneira e ao mesmo tempo, o que já não faz qualquer sentido.
Em muitas escolas portuguesas e brasileiras, uma
rede de projetos discretamente se prefigura, esboçando novas construções
sociais de aprendizagem, à semelhança de uma Finlândia, que esboça
o abandono do
tradicional ensino por disciplinas. No novo modelo, que será aplicado nesse
país por volta de 2020, todos os assuntos estarão interligados. Entretanto,
o Ministério da Educação francês lançou uma reforma assente em três pilares:
flexibilidade, autonomia e interdisciplinaridade. Essa reforma sustenta que as escolas devem alterar a sua forma de
ensinar, dando mais importância aos trabalhos de projeto, aos trabalhos de
grupo e proporcionando aos alunos oportunidades de procurar relacionar a sua
aprendizagem com aspetos práticos do quotidiano, tornando as suas aprendizagens
úteis, coerentes e significativas. O ministério classifica a sua reforma
como uma “refundação da escola”.
Outra
grata surpresa veio da Catalunha. Os colégios jesuítas dispensaram aulas e
testes, eliminaram cursos, exames e
horários. Derrubaram as paredes de suas salas de aula e criaram grandes
espaços de trabalho em equipe, onde se adquire conhecimentos através de
projetos, com acesso a novas tecnologias.
Um alto responsável jesuíta afirmou: Em
vez de olhar para o diário oficial, olhamos para o rosto das crianças e
ajudamo-los a desenvolver os seus projetos de vida, para descobrirem os seus
talentos. Juntamente com a família e a internet, procuramos construir
pessoas.
São
boas as notícias. Por estas e por outras, mantenho a esperança de que o MEC delas
tome conhecimento e faça aquilo que é preciso fazer.
José Pacheco
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