sábado, 25 de maio de 2013

ENTREVISTA COM O EDUCADOR JOSÉ PACHECO.

Entrevista Especial com o educador português José Pacheco sobre Educação 3.0

O educador português, José Pacheco, concedeu entrevista especial sobre o tema da Educar/Educador deste ano: Educação 3.0: a escola do futuro chegou? Confira o bate-papo!
pacheco
O tema da EDUCAR deste ano é um questionamento que leva à reflexão sobre a escola do futuro: “Educação 3.0: a escola do futuro chegou?”. Para você, a escola do futuro chegou?
Quem me conhece sabe que sou esperançoso e nada pessimista, mas temo que a expressão Educação 3.0 seja mais um slogan e que o futuro que ela augura seja mais uma réplica do passado… Porque aquilo que ainda temos é, efetivamente, a escola do passado. Como poderemos falar de uma Educação 3.0, se as escolas continuam imersas na mesmice de um modelo de Educação 1.0? O drama é mesmo esse: os jovens do século XXI são ensinados por professores do século XX, com práticas do século XIX. E são evidentes os graves efeitos do predomínio de uma cultura assente no individualismo, na competição desenfreada, na ausência de trabalho em equipe. O poder público e as agências de financiamento subsidiam práticas desprovidas de fundamentação científica, um modelo responsável pela triste realidade de um Brasil, que, sendo a 6ª economia do mundo, está no 88º lugar no ranking mundial da educação. Será esse o futuro desejado? A velha escola há de parir a “Educação 3.0”. Mas as dores do parto serão intensas, enquanto a tecnocracia e a burocracia continuarem a invadir domínios onde deveria prevalecer a pedagogia.
Muito escutamos sobre Educação 3.0. O que podemos entender sobre esta definição?
Ao longo dos últimos anos, muitos rótulos têm sido colocados na palavra Educação, sem que se tivesse logrado melhorá-la. Talvez porque a produção científica em Educação se acumule nos arquivos das universidades, enquanto as práticas se mantêm alheias às conclusões das pesquisas. As escolas carecem de um novo sistema ético e de uma matriz axiológica clara, baseada no saber cuidar e conviver, porque os projetos humanos contemporâneos não se coadunam com as práticas escolares que ainda temos. Uma Educação 3.0 requer novos papéis dos educadores e que, mais do que introduzir tecnologia, se aja segundo a pedagogia, e não é isso que estamos vendo.
Muitos especialistas dizem que a tecnologia chegou de forma avassaladora em vários campos sociais, especialmente na Educação. Por outro lado, sabemos da existência de várias escolas, principalmente no interior do Brasil, que nem luz elétrica tem. O que dizer desse choque de realidade?
Não se creia que sou refratário à utilização das novas tecnologias. Mas talvez seja necessário não iludir os riscos de uma introdução “avassaladora” das novas ferramentas de aprendizagem. Porque a luz que falta às regiões isoladas não será apenas aquela que resulta da ausência de energia elétrica, mas a luz de um conhecimento gerador de uma vida digna, sustentável, um conhecimento produzido com ou sem as novas tecnologias, que consiga suster a tragédia em que sobrevivem 30 milhões de analfabetos, que a velha escola produziu.
Como é possível envolver os professores em projetos de Formação Continuada incentivando-os e orientando-os para que utilizem com um real significado todos os benefícios proporcionados pela tecnologia?
A formação de professores está imersa em equívocos, que a tecnologia não resolverá. Ainda há quem creia que a teoria pode preceder a prática e encha a cabeça do formando de tralho cognitivo, ingenuamente acreditando que ele irá “aplicá-lo” na sala de aula. Ainda há formadores que adestram formandos no planejamento de aula, quando deveriam prescindir dessa inútil herança de práticas sociais do século XVIIII. Ainda há quem considere o formando como objeto de formação, quando deveria ser tomado como sujeito em transformação, comprometendo, desse modo a possibilidade de reelaboração da cultura pessoal e profissional dos professores. Ainda há quem ignore um dos princípios basilares no campo da formação: o do isomorfismo. Isto é: que o modo como o professor aprende será o modo como o professor ensinará.
O que o professor do “futuro” (essa próxima geração de docentes) precisa estar atento desde já?
O professor de novos tempos precisará estar atento ao aviso que Fernando Azevedo nos legou: Nem tudo aquilo que é bom para os Estados Unidos é bom para o Brasil. Peço perdão, se estou a ser redundante, mas temo que a próxima geração de docentes se deixe seduzir pelo discurso que nos diz que a escola do futuro deve ser importada do norte. Temo que as novas tecnologias sirvam para congelar aulas em computadores, aulas que os alunos skinerianamente consumam, sem resquícios de cooperação com o aluno vizinho, dependentes de vínculos afetivos precários, estabelecidos com identidades virtuais. i Internet é generosa na oferta de informação sob a forma de vídeos, ou de outros recursos. Basta clicar para repetir, até que a matéria seja compreendida. Tudo aquilo que um professor pode “ensinar” numa aula está plasmado, de modo mais atraente, na tela de um computador. Mas os professores do “futuro” irão replicar aulas congeladas no YouTube e em tabletes, ou irão usar o digital ao serviço da humanização da escola?

Crédito: jornalista Patricia Melo
http://www.futuroeventos.com.br/educar/noticias/entrevista-especial-educador-portugues-jose-pacheco-sobre-educacao-3-0/?fb_action_ids=249249481884720&fb_action_types=og.likes&fb_source=aggregation&fb_aggregation_id=288381481237582

Um comentário:

  1. Excelente matéria!
    Ainda podemos ter esperanças, há muita gente séria envolvida no sério tema Educação!
    Um baraço

    ResponderExcluir

VENDO ECOSPORT 2.0 CÔR PRETA

 VENDE-SE Veículo ECOSPORT 2.0 ANO 2007 FORD   -  CÔR PRETA KM: 160.000 R$35.000,00 Contato: 9.8848.1380

Popular Posts