Africanoduto e
cubanoduto do PT?
Após o escândalo do Mensalão — que
estarreceu todo o Brasil e pôs a nu a manobra do governo petista para aparelhar
o Estado e eternizar-se no poder —, toda atitude obscura do governo passou a ser
vista com desconfiança. Uma delas diz respeito aos empréstimos bilionários
concedidos a duas ditaduras comunistas, para serem mantidos sob absoluto sigilo
até 2027, segundo o previsto.
Por
oportuno, transcrevo aqui o artigo “Segredos bilionários”, que sobre este tema
escreveu o jornalista José Casado (“O Globo”,
15-10-13):
“Os
brasileiros estão obrigados a esperar mais 14 anos, ou seja, até 2027 para ter o
direito de saber como seu dinheiro foi usado em negócios bilionários e sigilosos
com Angola e Cuba.
“Pelas
estimativas mais conservadoras, o Brasil já deu US$ 6 bilhões em créditos
públicos aos governos de Luanda e Havana. Deveriam ser operações comerciais
normais, como as realizadas com outros 90 países da África e da América Latina
por um agente do Tesouro, o BNDES, que é o principal financiador das exportações
brasileiras. No entanto, esses contratos acabaram virando segredo de
Estado.
“Todos os
documentos sobre essas transações (atas, protocolos, pareceres, notas técnicas,
memorandos e correspondências) permanecem classificados como “secretos” há 15
meses, por decisão do ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, virtual
candidato do PT ao governo de Minas Gerais.
“É
insólito, inédito desde o regime militar, e por isso proliferam dúvidas tanto em
instituições empresariais quanto no Congresso — a quem a Constituição atribui o
poder de fiscalizar os atos do governo em operações financeiras, e manda
‘sustar’ resoluções que ‘exorbitem do poder regulamentar ou dos limites de
delegação legislativa’.
“Questionado em recente audiência
no Senado, o presidente do banco, Luciano Coutinho, esboçou uma defesa
hierárquica: ‘O BNDES não trata essas operações (de exportação) sigilosamente,
salvo em casos como esses dois. Por quê? Por observância à legislação do país de
destino do financiamento.’ O senador Álvaro Dias (PSDB-PR) interveio: ‘Então,
deve o Brasil emprestar dinheiro nessas condições, atendendo às legislações dos
países que tomam emprestado, à margem de nossa legislação de transparência
absoluta na atividade pública?’ O silêncio ecoou no
plenário.
“Dos US$
6 bilhões em créditos classificados como ‘secretos’, supõe-se que a maior fatia
(US$ 5 bilhões) esteja destinada ao financiamento de vendas de bens e serviços
para Angola, onde três dezenas de empresas brasileiras mantêm operações. Isso
deixaria o governo angolano na posição de maior beneficiário do fundo para
exportações do BNDES. O restante (US$ 1 bilhão) iria para Cuba, dividido entre
exportações (US$ 600 milhões) e ajuda alimentar emergencial (US$ 400
milhões).
“O
governo Dilma Rousseff avança entre segredos e embaraços nas relações com
tiranos como José Eduardo Santos (Angola), os irmãos Castro (Cuba), Robert
Mugabe (Zimbabwe), Teodoro Obiang (Guiné Equatorial), Denis Sassou Nguesso
(Congo-Brazzaville), Ali Bongo Odimba (Gabão) e Omar al Bashir (Sudão) — este,
condenado por genocídio e com prisão pedida à Interpol pelo Tribunal Penal
Internacional.
“A
diferença entre assuntos secretos e embaraçosos, ensinou Winston Churchill, é
que uns são perigosos para o país e outros significam desconforto para o
governo. Principalmente, durante as temporadas
eleitorais.”
* * *
Comentando o tema com um amigo, à
saída de uma Missa no rito tridentino, em Belo Horizonte, este me respondeu com
a argúcia própria das Alterosas: “Onde tem fumaça, tem fogo. Você não se dá
conta de que isso pode perfeitamente ser uma espécie de africanoduto com vistas
a canalizar uma parcela de toda essa dinheirama para o PT usar nas eleições a
fim de eternizar-se no poder?”.
Mais segredos do
governo
Um
governo que exige transparência dos outros, entretanto dá-se bem com
segredos.
Depois de
ter contratado pesquisas de opinião pública por R$ 6,4 milhões, com vários
institutos especializados, para avaliar a receptividade de suas políticas
públicas, o Planalto mantém sob segredo os resultados já
obtidos.
As
pesquisas foram encomendadas pela Secretaria de Comunicação da Presidência
(Secom) e os contratos asseguram peremptoriamente que os institutos de pesquisa
deverão manter “irrestrito e total sigilo” sobre os “assuntos de interesse” do
governo.
Em
editorial de 22 de outubro último, o jornal “O Estado de S. Paulo” informa que
solicitou o conteúdo desses levantamentos com base na Lei de Acesso à Informação
(LAI), mas a Secom rejeitou o pedido. Comenta o editorial: “não há justificativa
aceitável e lógica para manter fechados a sete chaves alguns resultados desses
levantamentos de opinião, que serão feitos até as vésperas da disputa
eleitoral”.
A
Controladoria-Geral da União (CGU), órgão federal responsável pela transparência
dos atos públicos, reconheceu que o segredo imposto contraria o princípio do
acesso à informação. Também o procurador do Ministério Público junto ao TCU,
Marinus Marsico, condenou a decisão da Secom de manter o sigilo das pesquisas e
acrescentou: “Todos têm de entender que isso envolve dinheiro
público”.
O
jornalista Cláudio Abramo levantou a suspeita de que as informações obtidas
possam ser usadas com exclusividade pelos estrategistas da campanha de Dilma
pela reeleição.
Depois do
Mensalão, os segredos. Estranho, muito
estranho!
MVirginia
Barbosa
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