Tolerância - Texto sobre Taoísmo, retirado do livro "Tao Meditações Diárias" de Deng Ming-Dao
O sopro ártico envolve a montanha,
Sacudindo os ossos das florestas.
Gotas de chuva pendem dos ramos:
Adorno de jóias atirado à terra.
.
No inverno, as árvores perdem as folhas. Algumas árvores podem até cair durante tempestades, mas a maioria permanece, paciente, e suporta sua sina.
Elas suportam chuva, neve, vento e frio. Suportam, despreocupadas, o adorno de gotas de chuva, gelo cintilante ou coroas de neve. Elas não se importam quando esse brilhante esplendor é atirado ao chão. Altaneiras, aguardam o poder do seu crescimento aparentemente adormecido. Mas, dentro, a germinação se desenvolve imperceptivelmente.
Sua tolerância é a tolerância de serem fiéis a sua natureza interior. É com esse poder que elas suportam as vicissitudes e o adorno da vida, pois nem a má sorte nem a boa sorte irá alterar o que são. Sejamos da mesma maneira. Podemos ter boa ou má sorte, mas devemos suportar ambas pacientemente. Aconteça o que acontecer, devemos ser sempre fiéis ao nosso eu interior.
Texto retirado do livro "Tao Meditações Diárias" de Deng Ming-Dao
Comentários:
As circunstâncias externas estão sempre mudando, indo e vindo em ciclos. Observando-se a natureza do dia e da noite, das estações do ano, das fases da lua, etc., percebemos que essas mutações são a própria vida, que está sempre em movimento. Se quisermos apenas o verão, ou apenas a alvorada, seremos constantemente frustrados pelas vicissitudes da vida, que estará nos trazendo ora o que queremos, ora aquilo que não gostamos. Essa divisão que fazemos entre o que é bom e o que não é, entre a boa e a má sorte, é superficial, criada por um ego que é uma parte secundária de nós próprios. Ao perceber isso, devemos nos voltar para dentro de nós, onde encontraremos o único sítio imutável do qual podemos tomar conhecimento. Ao nos conectarmos com nossa essência, que será sempre contente e alegre, não mais importará o estado das coisas "lá fora". É dessa forma que estaremos aptos para aproveitar plenamente a nossa experiência humana, com todas as suas nuances, suas luzes e sombras, sem negar nem reter nada.
Que todos os seres alcancem a plenitude.
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