No dia 29 de outubro é comemorado o DIA NACIONAL DO
LIVRO.
Você sabe por que comemoramos o Dia Nacional do Livro no dia 29 de
outubro? Por que foi nesse dia, em 1810, que a Real Biblioteca Portuguesa foi
transferida para o Brasil, quando então foi fundada a Biblioteca Nacional e esta
data escolhida para o DIA NACIONAL DO LIVRO. http://www.prolivro.org.br/ipl/publier4.0/texto.asp?id=557
O Brasil passou a editar livros a partir de 1808 quando D.João VI fundou a Imprensa Régia e o primeiro livro editado foi "MARÍLIA DE DIRCEU", de Tomás Antônio Gonzaga.
http://www.brasiliana.usp.br/node/628
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Cristina
Antunes
Tomás Antônio Gonzaga nasceu no Porto (Portugal) em 11
de agosto de 1744. Veio para o Brasil aos sete anos, órfão de mãe e acompanhado
pelo pai, aqui permanecendo até ser enviado para estudar na Universidade de
Coimbra, onde se formou em Direito aos 24 anos. Depois de ser juiz de fora em
Beja por quatro anos, foi nomeado ouvidor de Vila Rica, Ouro Preto (Minas
Gerais), onde encontrou poetas e escritores como Cláudio Manoel da Costa,
Alvarenga Peixoto e Silva Alvarenga. Ali conheceu também Maria Dorotéia
Joaquina de Seixas, a Marilia, então com 18 anos, por quem ele, aos 38
anos, se apaixonou. Foi ela a musa inspiradora do seu poema de amor Marilia
de Dirceo. Envolvido no processo da Inconfidência Mineira, Tomás Antônio
Gonzaga foi enviado para o Rio de Janeiro, preso por três anos na Ilha das
Cobras (onde compôs parte de seu poema) e, em 1791, degredado para Moçambique.
Não mais voltou ao Brasil nem reencontrou sua musa, a qual permaneceu solteira
até morrer aos 86 anos. O poema de amor à Maria Dorotéia, simples e sincero,
reflete dois momentos da vida do autor: o primeiro de alegria, pleno de
projetos e esperança, o outro de mágoa e tristezas, escrito na prisão.
A primeira edição da Marilia de Dirceo
foi publicada em Lisboa, na Tipografia Nunesiana, em 1792. Nesta, que é considerada
de fato a primeira impressão, os exemplares saíram com um erro de paginação: a
p.20 está numerada erradamente como 2. No mesmo ano, foi feita uma segunda
impressão com a paginação corrigida, cuja maioria dos exemplares saiu em papel
mais encorpado que o da primeira tiragem. Esse fato, no entanto, não é um sinal
de que as duas tiragens representem diferentes edições, uma vez que, naquela
época, o papel era feito à mão e as folhas variavam de espessura dentro de um
mesmo lote e até dentro de um mesmo livro. No acervo da biblioteca de José
Mindlin existem exemplares de ambas as tiragens de 1792, com e sem o erro da
página 20.
Em 1799, saiu em Lisboa, na mesma Tipografia
Nunesiana, uma segunda edição contendo duas partes vendidas juntas. Na primeira
parte encontram-se as mesmas 33 liras da 1ª edição; na segunda parte estão 32
liras publicadas pela primeira vez, ou seja, em primeira edição.
Em 1800, foi publicada uma Terceira Parte,
na Oficina de Tomás Aquino Bulhões, em Lisboa, com diversos erros de impressão.
Segundo Rubens Borba de Moraes, essa Terceira Parte é apócrifa, ou
seja, existe dúvida sobre sua autoria ou é falsamente atribuída a T.A.G. (forma
como o nome de Tomás Antônio Gonzaga aparece em todas as edições). Trata-se de
uma edição rara.
Dessa data em diante, saíram várias edições da Marilia,
algumas contendo as duas primeiras partes (por exemplo, a de 1802, da Oficina
Nunesiana), outras apenas a Primeira Parte (como a de 1803, na Oficina
de Antônio Rodrigues Galhardo), ou apenas a Segunda Parte (como a de
1804, da Tipografia Lacerdina).
Então, em 1810, dois anos depois da criação da
Imprensa Régia, nossa primeira tipografia fundada em virtude da transferência
da Corte portuguesa para o Brasil em 1808, foi publicada no Rio de Janeiro,
pela mesma Impressão Régia, a primeira edição brasileira da Marilia de
Dirceo, em três partes vendidas juntas, encadernadas ou em brochura. O
texto da Primeira parte corresponde ao da edição portuguesa de 1792, o
da Segunda Parte corresponde ao da edição de 1799, e o da Terceira
Parte é o mesmo da edição de Bulhões, de 1800. Embora impressa com capricho e
elegância, essa edição contém erros, principalmente no que diz respeito à
numeração das liras, sendo o mais grave deles, segundo Gaudie Ley, citado por
Rubens Borba de Moraes, “[...] os versos que deviam ser impressos na pág. 48,
da 1ª parte, foram substituídos por uma repetição da pág. 46, faltando assim 4
estrophes: as duas últimas da lyra XII e as duas primeiras da lyra XIII”. [1]
Essa primeira edição brasileira é mais rara que a
primeira edição portuguesa. Rubens Borba de Moraes nunca conseguiu um exemplar
para a sua coleção. José Mindlin, de quem Rubens era amigo e interlocutor,
dizia a ele que se encontrasse um exemplar dessa edição brasileira, jamais lhe
contaria, sob pena de perder o amigo por um ataque cardíaco.
Histórias à parte, os vários exemplares da Marilia
exigem um cuidadoso trabalho de catalogação, não só pelo fato de existirem as
três partes em diversas edições, mas principalmente pelo fato de haver
exemplares contendo uma, duas ou as três partes em edições diferentes
encadernadas juntas por seus antigos proprietários. Assim sendo, cada um desses
exemplares constitui um item único, ímpar pela combinação de partes e edições.
São inúmeras as edições dessa obra, de partes
individuais ou combinadas: em Lisboa, 1811 (partes I e II), 1812 (parte III);
na Bahia, por Silva Serva, 1812 (parte I) e 1813 (partes II e III); novamente
em Lisboa, em 1817, 1819, 1823, 1824, 1825, 1827, 1828; em 1835 (Bahia); 1840
(Lisboa); e novamente no Brasil, em 1842 (Pernambuco) e no Rio de Janeiro,
1842, 1845, 1855, 1862, 1888, etc. A Marilia também ganhou traduções,
entre outras, para o francês, publicada em Paris, 1825; para o italiano,
publicada em Torino em 1844, para o latim, publicada no Rio de Janeiro em 1868
e 1887.
Notas:
[1] Moraes,
Rubens Borba de. Bibliografia brasileira do período colonial. São
Paulo: Instituto de Estudos Brasileiros, 1969, p.166.
* Cristina Antunes é curadora da Biblioteca
Mindlin.
Disponível em: http://www.brasiliana.usp.br/node/628
Muito interessante. Não sabia da origem do Dia do Livro. Vou contar pra mais gente.
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