segunda-feira, 28 de outubro de 2013

ENCICLOPÉDIA POPULAR CAMPANHENSE.

ENCICLOPÉDIA POPULAR CAMPANHENSE
Antônio Casadei
Iniciativa arrojada e pioneira do ilustre Bernardo Saturnino da Veiga de elaborar na Campanha a primeira enciclopédia de que se tem notícia no Brasil. Foi impressa essa importante obra na bem montada oficina tipográfica do grande e prestigioso jornal “Monitor Sul Mineiro”, orgulho da imprensa campanhense e mineira, fundado e dirigido pelo benemérito jornalista, professor e parlamentar, Bernardo Saturnino da Veiga, desde o seu aparecimento a 1º de janeiro de 1872.
 Vindo a lume, depois de longos e penosos esforços, no final do ano de 1879, foi o primeiro trabalho do gênero publicado no Brasil, graças à determinação patriótica do seu egrégio autor ajudado pelos seus cultos e inteligentes irmãos, para gaudio da Campanha e de Minas.
Folheando o único e alentado exemplar dessa monumental obra existente no bem organizado arquivo da Cúria Diocesana da Campanha, graças aos esforços do culto Chanceler do Bispado, Monsenhor José do Patrocínio Lefort, encontramos em seu prefácio a declaração do seu autor, informando “ser ela modesto fruto de despretensioso labor, por sentir a falta de uma publicação que tivesse conhecimentos úteis, esparsos em grande quantidade de volumes, na sua maioria em língua estrangeira, idealizar um compêndio que preenchesse essa lacuna para servir às cidades e, principalmente, aos estudantes”.
Como muito bem afirmou o nosso prezado e saudoso amigo Tomaz de Aquino Araújo, em seu artigo publicado na “Voz Diocesana” de 10 de fevereiro de 1979, ao ensejo do primeiro centenário da valiosa publicação: 
 “A obra é monumental. Com mais de 700 páginas bem retrata o laborioso esforço do ilustrado autor: resumos, excertos e noções de cronologia geral, história antiga, média e moderna, geografia geral do Brasil, astronomia, física e química, fisiologia, zoologia, mecânica, medicina, cirurgia, farmacologia e higiene, mineralogia, geometria, gramática, filosofia, teologia, retórica, moral, religião, filologia, matemática, álgebra e geometria, literatura geral e brasileira, legislação e administração, agronomia, indústria e comércio, economia, política, biografia, mitologia, desenho, pintura, escultura, gravura, arquitetura, música, arqueologia, ginástica, civilidade, artes e ofícios, navegação, descobertas, festas antigas, e modernas, instrução e ensino, variadas notícias sobre os mais variados assuntos”.

Pelo seu precioso conteúdo, como ficou visto, podemos avaliar a magna importância que representa essa magnífica obra para o povo de modo geral e, especialmente, para a mocidade estudantil que encontrou nesse portentoso repositório de conhecimentos o melhor e mais fácil meio para o aprimoramento do saber e da cultura.
 Por ocasião dos cem anos da publicação da Enciclopédia Popular Campanhense, cogitou-se junto à Empresa dos Correios e Telégrafos, através de sua Assessoria Filatélica, pelos ilustres e cultos campanhenses: Vereador Dr. Laércio Nogueira, representando a Câmara Municipal, Tomaz Aquino de Araújo, autor do esboço histórico da Enciclopédia e Dr. Vicente de Paulo Lentz Baldo, categorizado funcionário da ECT, encarregado do dossiê na área filatélica. “Apesar, infelizmente, da bem elaborada documentação enviada à Assessoria Filatélica da ECT, não foi aprovado o pedido em causa, sem qualquer justificativa, contrariando tudo, inclusive as regras da civilidade e da boa educação, grosseiramente”.
E assim termina o bravo e culto campanhense, Dr. Vicente Baldo, em seu justo e indignado desabafo, diante da injustificável atitude da Assessoria Filatélica:
 “Foi uma bela e patriótica festa a inauguração da Biblioteca campanhense, realizada na casa do seu fundador, Com. Bernardo Saturnino da Veiga, com a presença de grande número de pessoas gradas e autoridades, sob a presidência do Com. Francisco de Paula Ferreira Lopes, respeitável decano da sociedade campanhense, tendo discursado vários oradores, como os Drs. Evaristo Xavier da Veiga, Joaquim Leonel de Rezende Alvim, José Pedro Xavier da Veiga, o Vigário José Theófilo Moinhos de Vilhena, sobre o objeto da reunião e enaltecendo a figura invulgar do benemérito cidadão Bernardo Saturnino da Veiga e, por último o egrégio cidadão Te. Cel. Manoel Inácio Gomes Valladão, como digno Presidente da Câmara Municipal e em nome do município, manifestando gratidão ao fundador de uma instituição tão merecedora do favor geral e do aplauso público. De tudo lavrou-se uma ata escrita pelo secretário da reunião, o nosso prestimoso e inteligente patrício, Bernardo José Mariano e assinado pelas pessoas presentes ao ato”.
 “Nos intervalos dos discursos, executou escolhidas peças musicais a excelente Orquestra Sete de Setembro, subindo ao ar muitos foguetes, em sinal de legítimo e natural regozijo pela fundação da Biblioteca Popular da cidade. Para terminar a reunião, verdadeira festa de inteligência, foram servidos aos presentes doces, salgados, e bebidas diversas. Conta, presentemente, a Biblioteca da Campanha com cerca de 5 mil volumes, bem assim revistas literárias, relatórios,  memórias,   opúsculos diversos etc”.
Em sua portentosa obra em 4 volumes, “Campanha da Princesa”, o Ministro Alfredo Valladão declara que alcançou essa biblioteca “que era bem constituída servindo a diversos ramos da cultura nacional e estrangeira”.
Essas são pequenas amostras do muito que Bernardo Saturnino da Veiga realizou em sua terra natal, da qual nunca saiu, tendo-lhe devotado em toda a sua operosa vida suas maiores dedicações e o mais profundo e devotado amor.
Não há na Campanha um só melhoramento marcante, uma iniciativa patriótica, uma ideia útil e generosa que não contasse com a coadjuvação sincera, eficiente e decidida do impoluto emérito campanhense.
Foi jornalista, professor, Diretor da Escola Normal, Parlamentar em várias legislaturas, vereador, Presidente da Câmara, Agente Executivo, Diretor dos Correios e Telégrafos, Comandante da Guarda Nacional, fundador do “Monitor Sul Mineiro”, livreiro e historiador. Publicou importantes obras como os “Almanaques Sul Mineiros”, nos anos de 1874 e 1885, e uma biografia do Barão de Irapuã, o benemérito cidadão José Luiz Cardoso de Salles, campanhense dos mais eminentes. Foi agraciado pelo Imperador Dom Pedro II, ,pelos relevantes serviços prestados à Pátria, com a comenda da Ordem da Rosa, tendo sido eleito membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro.
 Por último assinalamos um grande gesto seu, que bem caracteriza a sua formação cristã e seu espírito de solidariedade humana.
 Trata-se de um expressivo documento que encontramos no Arquivo Nacional, referente ao oferecimento que fez da metade de seus vencimentos aos flagelados do sofrido estado do Ceará, em uma de suas secas mais cruéis, dos anos de 1877/78, través do seguinte ofício enviado ao Sr. Conselheiro, Ministro  e Secretário de Estado dos Negócios do Império, Francisco de Paula Negreiros Sayão Lobato, em data de 18 de fevereiro de 1875.
 “Bernardo Saturnino da Veiga, Agente dos Correios e Telégrafos da cidade da Campanha, Província de Minas Gerais, desejando auxiliar quanto permitem suas forças ao Governo Imperial, no empenho de socorrer às Províncias do Norte, especialmente a do Ceará, assoladas pela seca, vem oferecer a V.Excelência, a   contar de 1º de abril próximo, 50% dos meus vencimentos até completar a quantia de um conto de reis e pede a V.S. que se digne aceitar esta oferta, expedindo ordens para se fazer na respectiva repartição a dedução da metade dos seus vencimentos como Agente dos Correios e Telégrafos da cidade da Campanha, entrando com as quantias na Coletoria ou Tesouro de Ouro Preto.”
                     
“Deus guarda V. Excelencia”
                   
Campanha, 8 de fevereiro de 1878.

 Bernardo Saturnino da Veiga.”

 



















6 comentários:

  1. Parabéns! Excelente matéria sobre nossa maior riqueza, os livros, marcados por uma história de cultura, de obras de valor imensurável.
    29 de outubro comemora-se o dia Nacional do Livro.Temos muito o que comemorar.

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  2. Parabéns para Campanha pela riqueza cultural incomensurável e para o blog por nos presentear com uma postagem tão interessante! Campanha é mesmo de uma riqueza sem tamanho, mas parece que os problemas para conseguir divulgar suas riquezas culturais não são de hoje! Uma pena! O ideal seria que Campanha alcançasse a visibilidade que merece e tem potencial! Paula-Varginha

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  3. Que maravilha! Campanha e seus tesouros! Parabéns, Zé Milton! Seu blog revela o baú de tesouros que temos. Ana Dias.

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  4. Um feito e tanto para Campanha e isso lá no século XIX! Não sabia disso! E olhem que eu leio bastante! Fico impressionado com o manancial de riquezas de Campanha e tudo sem visibilidade, por quê? José Cláudio de Pouso Alegre

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  5. Maravilhosa postagem! Todas essas riquezas precisam ser divulgadas de forma ampla por Campanha, pelos campanhenses. Entendo que é por isso, pelo fato de vcs não divulgarem as riquezas de vcs, de forma constante, quando vão solicitar algo, os que decidem nem sempre sabem que vcs são tão importantes e não aprovam, não concedem! Essa matéria, todos esses fatos deveriam servir de autoreflexão para todos que moram aí na cidade se darem conta que vcs precisam trabalhar mais em prol da cidade, cada um fazendo um pouco e todos divulgando a cidade mais rica do sul de Minas, não? Que muitas outras postagens como essa venham e venham em grande número! Parabéns pela sua iniciativa Zé Milton! Que não pare por aí! Zezé Maciel cruziliense residente em BH

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  6. Uma comemoração do DIA NACIONAL DO LIVRO em alto e grande estilo. Magnífica postagem! Aguardamos muitas outras como essa! Carlos Rennó

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