sexta-feira, 7 de julho de 2017

EUTANÁSIA: TEMOS DIREITO DE ABREVIAR A VIDA DOS OUTROS?

EUTANÁSIA: temos o DIREITO de ABREVIAR a VIDA dos OUTROS ? Considerações de São Luís, Richard Simonetti e de André Luiz

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SERÁ LÍCITO ABREVIAR A VIDA DE UM DOENTE
QUE SOFRA SEM ESPERANÇA DE CURA?

28. Um homem está agonizante, presa de cruéis sofrimentos.
Sabe-se que seu estado é desesperador. Será lícito pouparem-
se-lhe alguns instantes de angústias, apressando-se-lhe o fim?

Quem vos daria o direito de prejulgar os desígnios de
Deus? Não pode ele conduzir o homem até à borda do fosso,
para daí o retirar, a fim de fazê-lo voltar a si e alimentar
idéias diversas das que tinha? Ainda que haja chegado ao
último extremo um moribundo, ninguém pode afirmar com
segurança que lhe haja soado a hora derradeira. A Ciência
não se terá enganado nunca em suas previsões?

Sei bem haver casos que se podem, com razão, considerar
desesperadores; mas, se não há nenhuma esperança
fundada de um regresso definitivo à vida e à saúde, existe a
possibilidade, atestada por inúmeros exemplos, de o doente,
no momento mesmo de exalar o último suspiro, reanimar-
se e recobrar por alguns instantes as faculdades!

Pois bem: essa hora de graça, que lhe é concedida, pode ser-lhe de grande importância. Desconheceis as reflexões que seu Espírito poderá fazer nas convulsões da agonia e quantos tormentos lhe pode poupar um relâmpago de arrependimento.

O materialista, que apenas vê o corpo e em nenhuma
conta tem a alma, é inapto a compreender essas coisas; o
espírita, porém, que já sabe o que se passa no além-túmulo,
conhece o valor de um último pensamento. Minorai
os derradeiros sofrimentos, quanto o puderdes; mas, guardai-
vos de abreviar a vida, ainda que de um minuto, porque
esse minuto pode evitar muitas lágrimas no futuro.

S. Luís. (Paris, 1860.) O Evangelho Segundo o Espiritismo do Cap.V "Bem aventurados os aflitos"

Considerações de Richard Simonetti

O termo eutanásia, cujo significado é "morte feliz", foi criado pelo filósofo Francis Bacon. Ele argumentava que o médico tem a
responsabilidade de aliviar doenças e dores, não somente com a cura do mal, mas também proporcionando ao doente uma morte calma e fácil, se o problema for irreversível.

Embora universalmente considerada homicídio, a eutanásia conta com a benevolência da justiça quando aplicada em pacientes terminais atormentados por dores e aflições.

São raríssimos os processos contra pessoas envolvidas nesse crime.

Em alguns países cogita-se de considerá-la
simples ato médico com o consentimento do próprio doente ou de familiares, no piedoso propósito de abreviar seus padecimentos.

As religiões em geral manifestam-se contrárias à eutanásia, partindo de dois princípios fundamentais:

Primeiro: Compete a Deus, senhor de nossos destinos, promover nosso retorno à Espiritualidade. Na Tábua dos Dez Mandamentos Divinos, recebida por Moisés no
Monte Sinai, onde estão os fundamentos da
justiça humana, há a recomendação inequívoca:

"Não matarás".

Segundo: Ninguém pode afirmar com absoluta segurança que um paciente está irremediavelmente condenado. A literatura
médica é pródiga em exemplos de pacientes em estado desesperador que se recuperam.'

O Espiritismo ratifica tais considerações e nos permite ir além, demonstrando que a eutanásia não só interrompe a depuração
do Espírito encarnado pela enfermidade, como lhe impõe sérias dificuldades no retomo
ao Plano Espiritual.

André Luiz aborda esse assunto no livro "Obreiros da Vida Eterna", psicografia de Francisco Cândido Xavier, ao descrever o desencarne de Cavalcante, dedicado servidor do Bem, empolgado por injustificáveis temores da morte. Não obstante seus méritos e o amplo apoio dos amigos espirituais que o
assistiam, ele simplesmente recusava-se a morrer, apegando-se à vida física com todas as forças de sua alma.

Com o moribundo inconsciente e sem nenhum familiar a consultar, o médico decide, arbitrariamente, abreviar seus padecimentos, aplicando-lhe dose letal de anestésico.

Diz André Luiz:

"Em poucos instantes, o moribundo calou-se. Inteiricaram-se-lhe os membros vagarosamente. Imobilizou-se a máscara facial.
Fizeram-se vítreos os olhos móveis.

"Cavalcante, para o espectador comum, estava morto. Não para nós, entretanto. A personalidade desencarnante estava presa
ao corpo inerte, em plena inconsciência e incapaz de qualquer reação."

Jerônimo, o mentor espiritual que acompanha André Luiz, explica:

"A carga fulminante da medicação de descanso, por atuar diretamente em todo o sistema nervoso, interessa os centros do
organismo perispiritual. Cavalcante permanece,
agora, colado a trilhões de células neutralizadas,
dormentes, invadido, ele mesmo, de estranho torpor que o impossibilita de dar qualquer resposta ao nosso esforço.

Provavelmente só poderemos libertá-lo depois de
decorridas mais de doze horas".

Finalizando, o autor acentua: ; '

"E, conforme a primeira suposição de Jerônimo, somente nos foi possível a libertação do recém-desencarnado quando já
haviam transcorrido vinte horas, após serviço
muito laborioso para nós. Ainda assim, Cavalcante
não se retirou em condições favoráveis
e animadoras. Apático, sonolento, desmemoriado, foi por nós conduzido ao asilo de Fabiano*, demonstrando necessitar de maiores cuidados."

Aplicada desde as culturas mais antigas, a eutanásia, longe de situar-se por "morte feliz" é uma solução infeliz para o paciente,
além de se constituir em lamentável desrespeito aos desígnios de Deus.

Fonte - O Evangelho Segundo o Espiritismo
Quem Tem Medo da Morte (Richard Simonetti)

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