Há 280 anos Cipriano José da Rocha descobria o arraial da Campanha, dando-lhe o nome de São Cipriano. Sendo a mais antiga cidade do Sul e Sudoeste de Minas Gerais, Campanha e muitos de seus filhos sempre tiveram muito peso a nível de estado e Nação. A prova disto, foram os inúmeros campanhenses que vieram a ocupar cargos de grande importância nos governos do estado e na nação.
Campanha teve inúmeros jornais e era muito visitada por intelectuais de toda parte como: Princesa Isabel, Conde D'Eu, Sílvio Romero, Euclides da Cunha, Manoel Bandeira, Bernardo Jacinto da Veiga, Afonso Pena, Benjamim Constant, Francisca Senhorinha da Motta Diniz e tantos outros. Tivemos muitos educandários de ponta, como: O Colégio dos Jesuítas, a terceira escola Normal Estadual do estado, Colégio Sion, Seminário Nossa Senhora das Dores, Ginásio Diocesano São João e várias outras escolas de menor porte, mas de muita qualidade.
Na primeira metade do século XIX iniciou-se um movimento separatista com a criação do estado de Minas do Sul, tendo como capital a cidade da Campanha, contando como principais lideranças os senhores: Dr. Martiniano Fonseca Reis Brandão, José Luiz Pompeu da Silva, Manoel de Oliveira Andrade, Francisco Bressane de Azevedo, Jonas Olinto e outros. Isto se deu, devido ao despreza com que as diversas administrações de Ouro Preto tratava o Sul de Minas. Após várias tentativas legais, em 20 de fevereiro de 1892 foi criado a revelia, o Estado de Minas do Sul, tendo como sede do governo o prédio da Rua Direita, onde por anos serviu à Escola Normal e a Prefeitura da Campanha. Tão logo o governo do estado tomou conhecimento do movimento, agiu determinado a não deixar vestígios da existência do novo estado, tanto é que não sobrou ata, hino, bandeira, nada que pudesse lembrar o movimento.
Depois disto, cheguei a conclusão de que, tanto Campanha como os campanhenses, que sempre tiveram grande importância até mesmo a nível nacional, foram deixados de lado.
Hoje Campanha vive de lembranças. Temos uma economia muito boa, especialmente na parte agrícola, tapeçaria e artesanato, com produtos de ótima qualidade servindo à todo o país. Mas, o que faz com que o campanhense seja tão individualista? Por que em tempo algum, jamais apareceu em Campanha alguém para pensar a cidade, para ver o seu DNA e se fazer um projeto para que possamos ter uma cidade projetada para as novas gerações? Analisando o nosso passado, fica fácil de ver, que Campanha precisa urgentemente trabalhar o que sempre teve de melhor, a nossa educação, nossa cultura, nossos esportes, que andam adormecidos. Por que nossos empresários não pensam em investir uma parte de seus lucros, em apoio à uma educação de base, que futuramente lhes trará grandes benefícios?
Daqui a 20 anos estaremos completando 300 anos. Por que não começarmos agora mesmo a projetar uma educação de base de excelência, voltada para as artes, especialmente a música e o teatro, para os esportes e a nossa cultura buscando na base, as tradições de diversos cantos, danças e representações como na Semana Santa, Congadas, Folia de Reis, Quadrilhas, Festivais de Bandas e de Corais...?
Convido a todos para externarem os seus pontos de vista, suas sugestões, suas opiniões sobre a Campanha que pretendemos deixar para as novas gerações. Que tal começarmos neste espaço a nossa sala de visitas, trocando ideias que possam vir a dar frutos. Inclusive vocês mais experientes, não pensem que daqui a 20 anos vocês não estarão mais aqui, mas poderão ter dado início a uma grande ideia que foi levado a diante e que seus filhos ou netos estão tirando proveito.
Vamos aguardar a sua manifestação, mostrando que você não está omisso e que quer fazer a diferença no futuro de nossa cidade.
Fotografias:
Arquivo de Paulino Araújo
José Milton
Terra abençoada e muito querida!
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