É permitido abreviar a vida de um doente que sofre sem esperança de cura?(São Luís-Paris, 1860 – O Evangelho Segundo o Espiritismo.)
Um homem está agonizando, vitima de cruéis sofrimentos. Sabe-se que para seu estado não há esperanças. É permitido alguns instantes de sofrimento abreviando-lhe o fim? No caso, pela eutanásia? Quem vos dará o direito de prejulgar os desígnios de Deus? Não pode Ele conduzir um homem à beira da sepultura, para dela retirá-lo em seguida, a fim de fazê-lo examinar a si mesmo e modificar-lhe os pensamentos? Independente da situação extrema em que esteja o moribundo, ninguém pode dizer com certeza que sua hora tenha soado. A ciência sempre esteve correta em suas previsões? Bem sei que há casos que se podem considerar, certamente, como desesperadores, mas se não há nenhuma esperança possível de um retorno definitivo à vida e à saúde, não há inumeráveis exemplos de que no momento de exalar o último suspiro, o doente se reanima e recobra suas faculdades por alguns instantes? Pois bem, esta hora de graça que lhe é concedida pode ser para ele de grande importância, pois ignorais as reflexões que o seu Espírito poderia ter feito nas convulsões da agonia, e que tormentos podem ser poupados num súbito clarão de arrependimento. O materialista, que somente vê o corpo, não levando em conta a existência da alma, não pode compreender essas coisas. Mas o espírita, que sabe o se passa além-túmulo, conhece o valor do último pensamento. Aliviai os últimos sofrimentos o quanto puderdes, mas guardai-vos de abreviar a vida, mesmo que em um minuto apenas, pois este minuto pode poupar muitas lágrimas no futuro.
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