Os PIORES ASSASSINOS DA HUMANIDADE são aqueles que ensinam a OBEDECER ao invés de PENSAR. Desarmam as futuras vitimas da arma de sobrevivência humana: A MENTE
O rapaz não tinha mais forças para sorrir,
porém era como se houvesse um sorriso em seu olhar – ele olhava para aquilo que,
sem saber, tinha passado toda a sua curta vida buscando, como buscava a imagem
daquilo que ele não sabia que eram os seus valores.
Então sua cabeça caiu para trás. Não houve nenhuma convulsão em seu rosto, apenas
sua boca relaxou, assumindo uma expressão de serenidade, porém houve uma breve
convulsão em seu corpo, como um último grito de protesto. Rearden prosseguiu
lentamente, sem mudar o passo, muito embora soubesse que não era mais necessário
ter cautela, porque o que levava nos braços era agora aquilo que os
professores do rapaz julgavam que o homem fosse: um aglomerado de substâncias
químicas.
Rearden caminhava como se esse fosse o seu
último tributo, como se fosse isso o funeral daquela jovem vida que expirara em
seus braços. Sentia uma raiva intensa demais para ser identificada senão como
uma pressão dentro de si: era desejo de matar.
O desejo não se dirigia contra o brutamontes
desconhecido que dera um tiro no rapaz, nem contra os burocratas saqueadores que
o haviam contratado para cometer aquele crime, e sim contra os professores do
rapaz que o haviam entregue, desarmado, à arma do brutamontes – aos suaves e
confortáveisassassinos das salas de aula das universidades, os quais,
incapazes de responder a perguntas que buscavam a razão, tinham prazer em
deformar as jovens mentes entregues a seus cuidados.
Em algum lugar, pensou ele, está a mãe deste
rapaz, que se desdobrara em cuidados quando ele dera os primeiros passos, que
medira seus remédios gota a gota com a cautela de um relojoeiro, que obedecera
com um fervor fanático às mais recentes opiniões dos cientistas a respeito de
alimentação e higiene, protegendo seu corpo indefeso dos germes – então o
enviara a uma faculdade para ser transformado num neurótico cheio de angústia
por homens que lhe ensinaram que ele não possuía uma mente e que jamais deveria
tentar pensar. Se ela lhe houvesse dado esterco para comer, pensou ele, se
houvesse misturado veneno à sua comida, teria sido muito melhor, muito menos
fatal.
Rearden pensou em todas as espécies de seres
que ensinam a seus filhotes a arte da sobrevivência – os gatos que ensinam os
gatinhos a caçar, as aves que se esforçam tanto para fazer com que seus filhotes
aprendam a voar –, e no entanto o homem, cuja sobrevivência depende de sua
mente, não apenas não ensina seus filhos a pensar como também dá a eles uma
educação que visa destruir seus cérebros, convencê-los de que o pensamento é
fútil e malévolo, antes mesmo que eles comecem a pensar.
Desde as primeiras frases feitas ditas a uma
criança até a última, o efeito é como o de uma série de choques que têm como
objetivo imobilizar seu motor e minar a força de sua consciência. “Não faça
tantas perguntas. Criança só deve falar quando alguém lhe pergunta algo!” “Quem
é você para pensar? É porque eu digo que é!” “Não discuta, obedeça!” “Não tente
entender, acredite!” “Não se rebele, conforme-se!” “Não se destaque, adapte-se!”
“Seu coração é mais importante do que seu cérebro!” “Quem é você para saber?
Seus pais é que sabem!” “Quem é você para saber? A sociedade é que sabe!” “Quem
é você para saber? Os burocratas é que sabem!” “Quem é você para protestar?
Todos os valores são relativos!” “Quem é você para querer escapar da bala de um
assassino? Isso não passa de um preconceito pessoal!”
Os homens ficariam horrorizados, pensou
Rearden, se vissem uma ave fêmea arrancando as penas do filhote e depois o
empurrando para fora do ninho para que ele lutasse pela sobrevivência – porém
era isso que eles faziam com os filhos.
Munido apenas de frases sem sentido, este rapaz
fora lançado na luta pela sobrevivência, havia tateado e cambaleado durante
um breve esforço fadado ao fracasso, gritara em protesto,
confuso e indignado, e havia perecido na sua primeira tentativa de voar com suas
asas estropiadas.
Antes existia uma raça diferente de
professores, pensou ele, a qual havia formado os homens que criaram aquela
nação. As mães deviam procurar de joelhos homens como Hugh Akston, para
encontrá-los e implorar que voltassem.
Trecho extraído das páginas 890 - 891 de A
Revolta de Atlas
Nenhum comentário:
Postar um comentário