Re-inventando a escola
Começa a tomar
força nos dias atuais a ideia de que, para dar conta das demandas e necessidades
de uma sociedade democrática, inclusiva, permeada pelas diferenças e pautada no
conhecimento inter, multi e transdisciplinar, como a que vivemos neste início de
século XXI, é necessário reinventar a escola.
Esse processo de reinvenção, no entanto, precisa
estar atento à tradição e à conservação, pois tais características são partes
essenciais da missão social da Educação; de conservar, transmitir e enriquecer o
patrimônio cultural e científico da humanidade.
O que movimentos acadêmico-científicos atentos
aos processos de reinvenção da Educação vêm entendendo, sem cair na tentação da
simplificação, é que as mudanças necessárias para a construção de um novo modelo
educativo e de ciência precisam considerar dimensões complementares de
conteúdo, de forma e de mudança nas relações entre docentes e
discentes.
Do ponto de vista do conteúdo, deve-se
ressaltar que esses “novos” processos educativos devem objetivar trazer a
dimensão ética e de responsabilidade social para os programas da Educação
Básica. Isso é essencial para o convívio com as diferenças nas salas de aula e
na sociedade.
Quanto ao aspecto da forma, significa
repensar os tempos, espaços e relações nas instituições de ensino, incorporando,
também, as transformações radicais pelo qual vem passando o acesso à informação
e ao conhecimento decorrentes das revoluções tecnológicas recentes, atreladas
aos processos de democratização da sociedade contemporânea anteriormente
discutidos.
O que configura a terceira dimensão de
sustentação da reinvenção da escola são as relações entre docentes e
estudantes. Nesse sentido, a relação ensino-aprendizagem deve sofrer uma
inversão, deixando tal processo de centrar-se no ensino para centralizar na
aprendizagem e no protagonismo do sujeito da Educação (novamente, sem
estabelecer dicotomias).
Metodologias Ativas de Aprendizagem são o cerne
dessa perspectiva, e a Aprendizagem Baseada em Problemas (ABP) é umas das formas
que vem se adequando a esse novo papel. O ABP é uma estratégia pedagógica que
apresenta aos estudantes situações significativas e contextualizadas no mundo
real. Ao docente, mediador do processo de aprendizagem compete proporcionar
recursos, orientação e instrução aos estudantes, à medida que eles desenvolvem
seus conhecimentos e habilidades na resolução de problemas[1].
Esse modelo pedagógico é uma das abordagens
inovadoras surgidas nos últimos anos. A proposta de Resolução de Problemas adota
como princípio o papel ativo dos estudantes na construção do conhecimento.
Trabalhando em pequenos grupos e coletivamente, os alunos devem pesquisar e
resolver problemas complexos, relacionados à realidade do mundo em que
vivem.
Assim, entendemos que a adoção da Aprendizagem
Baseada em Problemas pelas instituições educativas, articulada com novas e
diversas Tecnologias de Informação e Comunicação e com a preocupação com a ética
pessoal e profissional, configura-se como uma ferramenta poderosa para formar as
novas gerações nas condições exigidas por sociedades que buscam se estruturar em
torno de conhecimentos sólidos e profundos, visando a inovação, a transformação
da realidade e a construção da justiça social.
Universidade de São Paulo
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