O termo "Bloqueio Mental" (Mind Lock) foi cunhado por alguns filósofos
[Ex.: The Cancer Stage of Capitalism [O Estágio Canceroso do Capitalismo], John
McMurtry, Pluto Press, 1999, capítulo 1] no que diz respeito a este fenômeno,
definindo-o como "a condição em que a perspectiva de alguém torna-se
auto-referente, formando um circuito fechado de raciocínio". Pressupostos
aparentemente empíricos moldam e protegem a visão de mundo de um indivíduo e
qualquer coisa contrária vinda de fora pode ser "bloqueada", muitas vezes mesmo
inconscientemente. Esta reação pode ser comparada ao reflexo físico comum de
proteger-se de um objeto estranho em movimento em direção a si - só que nessa
circunstância o "reflexo" é defender suas crenças, e não seu corpo.
Embora frases como "pensar fora da caixa" possam ser uma retórica comum
hoje em dia na comunidade ativista, raramente os fundamentos da nossa maneira de
pensar e da integridade de nossas instituições mais estabelecidas são
desafiados. Eles são, na maioria das vezes, considerados "fatos óbvios" e
assumidos como inalteráveis.
Por exemplo, nas assim chamadas democracias do mundo, um "Presidente", ou
equivalente, é um ponto de foco comum em relação à qualidade do governo de um
país. Uma grande quantidade de atenção é gasta em tal figura, suas perspectivas
e ações. No entanto, raramente alguém se pergunta: "Para começar, por que temos
um Presidente?" "Como se justifica o seu poder enquanto figura institucional
como uma forma otimizada de governança social?" "Não é uma contradição alegar
que uma sociedade é democrática quando o público não pode realmente opinar e
interferir nas ações do presidente, uma vez que ele ou ela é eleito?"
Tais questões são raramente consideradas já que as pessoas tendem, mais uma
vez, a se adaptar à sua cultura, sem objeção, assumindo que é "do jeito que é".
Tais orientações estáticas são quase universalmente resultado da tradição
cultural e, como Cohen e Nagel apontam, é muito difícil comunicar uma ideia nova
e desafiadora para aqueles que estão "suficientemente determinados a não
acreditar nela."
Tais pressupostos tradicionais, tidos como empíricos, são provavelmente uma
fonte enraizada de retardo pessoal e social no mundo de hoje. Esse fenômeno,
juntamente com um sistema educacional que reforça constantemente tais noções
estabelecidas por meio de suas instituições de "academia", sela ainda mais esta
inibição cultural e agrava o obstáculo a uma mudança relevante. [61]
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