sábado, 16 de maio de 2015

ESTÁGIO CANCEROSO DO CAPITALISMO.



"A percepção de que a lógica não pode ser restrita a fenômenos psicológicos nos ajudará a distinguir entre a nossa ciência e a nossa retórica - concebendo esta última como a arte da persuasão ou de discutir de modo a produzir a sensação de certeza. Nossas disposições emocionais dificultam a nossa aceitação de certas proposições, não importa o quão forte seja a evidência em seu favor. E uma vez que todas as provas dependem da aceitação de certas proposições como verdadeiras, nenhuma proposição pode ser comprovada como verdadeira a quem está suficientemente determinado a não acreditar." - Cohen e Nagel, "An Introduction to Logic and the Scientific Method" [Uma introdução à Lógica e ao Método Científico]

O termo "Bloqueio Mental" (Mind Lock) foi cunhado por alguns filósofos [Ex.: The Cancer Stage of Capitalism [O Estágio Canceroso do Capitalismo], John McMurtry, Pluto Press, 1999, capítulo 1] no que diz respeito a este fenômeno, definindo-o como "a condição em que a perspectiva de alguém torna-se auto-referente, formando um circuito fechado de raciocínio". Pressupostos aparentemente empíricos moldam e protegem a visão de mundo de um indivíduo e qualquer coisa contrária vinda de fora pode ser "bloqueada", muitas vezes mesmo inconscientemente. Esta reação pode ser comparada ao reflexo físico comum de proteger-se de um objeto estranho em movimento em direção a si - só que nessa circunstância o "reflexo" é defender suas crenças, e não seu corpo.

Embora frases como "pensar fora da caixa" possam ser uma retórica comum hoje em dia na comunidade ativista, raramente os fundamentos da nossa maneira de pensar e da integridade de nossas instituições mais estabelecidas são desafiados. Eles são, na maioria das vezes, considerados "fatos óbvios" e assumidos como inalteráveis.

Por exemplo, nas assim chamadas democracias do mundo, um "Presidente", ou equivalente, é um ponto de foco comum em relação à qualidade do governo de um país. Uma grande quantidade de atenção é gasta em tal figura, suas perspectivas e ações. No entanto, raramente alguém se pergunta: "Para começar, por que temos um Presidente?" "Como se justifica o seu poder enquanto figura institucional como uma forma otimizada de governança social?" "Não é uma contradição alegar que uma sociedade é democrática quando o público não pode realmente opinar e interferir nas ações do presidente, uma vez que ele ou ela é eleito?"

Tais questões são raramente consideradas já que as pessoas tendem, mais uma vez, a se adaptar à sua cultura, sem objeção, assumindo que é "do jeito que é". Tais orientações estáticas são quase universalmente resultado da tradição cultural e, como Cohen e Nagel apontam, é muito difícil comunicar uma ideia nova e desafiadora para aqueles que estão "suficientemente determinados a não acreditar nela."


Tais pressupostos tradicionais, tidos como empíricos, são provavelmente uma fonte enraizada de retardo pessoal e social no mundo de hoje. Esse fenômeno, juntamente com um sistema educacional que reforça constantemente tais noções estabelecidas por meio de suas instituições de "academia", sela ainda mais esta inibição cultural e agrava o obstáculo a uma mudança relevante. [61]

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