XXV CN: Brasil vive momento “preocupante”, diz ministro Marco Aurélio Mello
O ministro do Supremo Tribunal Federal Marco
Aurélio Mello, em sua palestra magna na abertura solene da XXV Convenção
Nacional da ANFIP, reafirmou a necessidade de todos os brasileiros respeitarem a
Constituição Federal. Enfatizou que a missão cabe não apenas ao povo; para ele,
os legisladores devem estar atentos ao sistema jurídico brasileiro. "O Brasil é
um país calcado na integração, na diversidade cultural, na comunhão da língua.
Nossa missão é julgar os concidadãos e julgar os conflitos de interesse", disse,
ao agradecer por ter sido escolhido para representar o STF na Convenção dos
Auditores-Fiscais. "Tenho grande satisfação de estar neste centro de convenções
Ruth Cardoso, que já nos deixou, mas foi exemplo de sensibilidade e firmeza. É
um momento muito rico de troca de conhecimento", frisou.
Mello falou da crise vivida no Brasil. "É um
momento preocupante", afirmou, já que as consequências atingem toda a sociedade.
"Precisamos de homens que queiram realmente estar em cargo público para servirem
ao semelhante e não para se servirem do próprio cargo público em proveito
próprio, tendo em conta o enriquecimento ilícito", ressaltou. Para ele, as
instituições precisam ser fortalecidas, especialmente a Polícia Federal, o
Ministério Público e a magistratura. "Acredito na atuação dos senhores,
Auditores-Fiscais, considerado o embate desequilibrado entre o cidadão e o
Estado", falou.
Marco Aurélio destacou que o país vive sob a
proteção da Constituição Federal, que precisa ser mais amada e mais respeitada
pelas autoridades constituídas. "Passados 27 anos, a Constituição já foi
emendada 94 vezes, mesmo sendo um texto rígido", destacou, lembrando ainda que,
no Brasil, o sistema legislativo envolve, além do Congresso Nacional, composto
de Câmara dos Deputados e Senado Federal, 27 casas legislativas estaduais e
5.770 Câmaras de Vereadores. "A lei é sempre editada para viger de forma
prospectiva. Paga-se um preço por se viver num estado democrático de direito.
Esse preço está ao alcance de qualquer um", ressaltou.
Mello finalizou pedindo que todos fiquem
alertas. "Os tempos são muito preocupante. À pátria interessa poderes
alicerçando a República, que sejam poderes independentes, e, acima de tudo, de
braços dados, visando o melhor para a cidadania", disse. O ministro afirmou
ainda que não vê com tranquilidade o horizonte, quer sob o ângulo político,
quer sob o ângulo financeiro. "O Brasil não precisa de novas leis para se ter
dias melhores. O Brasil precisa de quem observe, sem a potencialização de
interesses momentâneos, as leis em vigor", alertou. Para ele, cumpre ao Estado
adotar uma postura que sirva de norte ao cidadão. "O Judiciário é e será sempre
a última trincheira do cidadão. Que cada uma faça sua parte, para termos dias
melhores, especialmente para as gerações futuras",
finalizou.
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