Leitura foi refúgio de confeiteira que fugiu de casa aos 12 anos
Lucas Rodrigues - UOL - 20/07/2015
Ainda pequena, Dreicy Marques teve de ir com sua mãe do Ceará para São Paulo logo após a morte do pai, vítima de bala perdida durante uma festa. Acabou fugindo de casa aos 12 anos. "A leitura foi o meu refúgio. Adolescente, sozinha, na rua, rebelde. Eu tinha que descarregar tudo isso."
Dreicy cresceu no ambiente da creche onde a mãe trabalhava na capital paulista e, por conta dela, acabou pegando o hábito da leitura. "O que mais conseguia me prender em casa eram os livros. O meu primeiro foi Poliana", lembra. Sem a companhia deles, ela se sentia presa na pensão onde moravam. "Minha mãe me batia muito, não me deixava ficar na rua brincando e não falava sobre meu pai. Perguntava e ela dizia que não tinha parente dele vivo. Só fui encontrar uma tia agora com a internet."
Fugida de casa, chegou a morar com alguns amigos até conhecer o primeiro marido, pai de três dos seus filhos. Cuidou de crianças, lavou roupa de pessoas do prédio onde morava e trabalhou como office girl para um escritório de contabilidade. Atualmente faz doces numa confeitaria na região central de São Paulo.
No trajeto para o emprego, acabou conhecendo uma iniciativa do Instituto Brasil Leitor, que implantou bibliotecas gratuitas nas estações de trem e metrô. Pegou 79 livros da biblioteca da estação Paraíso ao longo do período de um ano. "Quando leio, imagino até o cheiro. Tudo foge da minha mente e eu entro nesse mundo que falo que é só meu", diz. "Não ando mais de cabeça baixa. Agora presto atenção no que as pessoas leem, comento, puxo assunto. Estou mais comunicativa."
O projeto teve de acabar por falta de patrocínio. "Fiquei muito chateada quando acabou. As meninas que trabalhavam lá tinham até meu telefone. Agora faço um percurso 15 minutos mais curto para ir ao trabalho porque não faço aquela volta toda só para ir à estação [pegar emprestado os livros]."
Documentário
Dreicy fará parte do documentário "Sobre Livros e Trilhos", que pretende contar as histórias de alguns usuários das bibliotecas gratuitas localizadas nas estações de trem e metrô da capital paulista. O diretor André Gustavo entrevistou mais de 400 pessoas e selecionou seis nomes.
"Dreicy, por exemplo, ia amargurada para o trabalho. Depois de conhecer o projeto, ela trocou informações sobre leitura e nos disse que parava num boteco para tomar café e conversava bastante com o dono, que também amava ler", conta André. "Quando ela chega ao trabalho agora, ela devolve toda essa alegria para a vida. O ciclo dela se transformou."
Segundo o diretor, o documentário está em fase de captação de recursos para a produção e distribuição. É possível ver um teaser do projeto por meio deste link.
Dreicy cresceu no ambiente da creche onde a mãe trabalhava na capital paulista e, por conta dela, acabou pegando o hábito da leitura. "O que mais conseguia me prender em casa eram os livros. O meu primeiro foi Poliana", lembra. Sem a companhia deles, ela se sentia presa na pensão onde moravam. "Minha mãe me batia muito, não me deixava ficar na rua brincando e não falava sobre meu pai. Perguntava e ela dizia que não tinha parente dele vivo. Só fui encontrar uma tia agora com a internet."
Fugida de casa, chegou a morar com alguns amigos até conhecer o primeiro marido, pai de três dos seus filhos. Cuidou de crianças, lavou roupa de pessoas do prédio onde morava e trabalhou como office girl para um escritório de contabilidade. Atualmente faz doces numa confeitaria na região central de São Paulo.
No trajeto para o emprego, acabou conhecendo uma iniciativa do Instituto Brasil Leitor, que implantou bibliotecas gratuitas nas estações de trem e metrô. Pegou 79 livros da biblioteca da estação Paraíso ao longo do período de um ano. "Quando leio, imagino até o cheiro. Tudo foge da minha mente e eu entro nesse mundo que falo que é só meu", diz. "Não ando mais de cabeça baixa. Agora presto atenção no que as pessoas leem, comento, puxo assunto. Estou mais comunicativa."
O projeto teve de acabar por falta de patrocínio. "Fiquei muito chateada quando acabou. As meninas que trabalhavam lá tinham até meu telefone. Agora faço um percurso 15 minutos mais curto para ir ao trabalho porque não faço aquela volta toda só para ir à estação [pegar emprestado os livros]."
Documentário
Dreicy fará parte do documentário "Sobre Livros e Trilhos", que pretende contar as histórias de alguns usuários das bibliotecas gratuitas localizadas nas estações de trem e metrô da capital paulista. O diretor André Gustavo entrevistou mais de 400 pessoas e selecionou seis nomes.
"Dreicy, por exemplo, ia amargurada para o trabalho. Depois de conhecer o projeto, ela trocou informações sobre leitura e nos disse que parava num boteco para tomar café e conversava bastante com o dono, que também amava ler", conta André. "Quando ela chega ao trabalho agora, ela devolve toda essa alegria para a vida. O ciclo dela se transformou."
Segundo o diretor, o documentário está em fase de captação de recursos para a produção e distribuição. É possível ver um teaser do projeto por meio deste link.
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