O verdadeiro significado da Páscoa:
Postado por Célia Rovana Machado
A Páscoa não se resume a lembrar o sacrifício e a morte de Jesus
Cristo,mas é a celebração de alegria e de vitória pela Ressurreição!
Páscoa é vida nova, libertação, evolução... E, para
tanto,há que se amadurecer e cuidar da nossa saúde
espiritual, são necessários e urgentes o amor e o perdão
incondicionais...
"SE VOCÊ OUVIU
TUDO A RESPEITO DE JESUS E NÃO SE MODIFICOU...VOCÊ SÓ
OUVIU..."
A Páscoa não se resume a lembrar o sacrifício e a morte de Jesus
Cristo,mas é a celebração de alegria e de vitória pela Ressurreição!
Páscoa é vida nova, libertação, evolução... E, para tanto,há que se amadurecer e cuidar da nossa saúde espiritual, são necessários e urgentes o amor e o perdão incondicionais...
"SE VOCÊ OUVIU TUDO A RESPEITO DE JESUS E NÃO SE MODIFICOU...VOCÊ SÓ OUVIU..."
Páscoa é vida nova, libertação, evolução... E, para tanto,há que se amadurecer e cuidar da nossa saúde espiritual, são necessários e urgentes o amor e o perdão incondicionais...
"SE VOCÊ OUVIU TUDO A RESPEITO DE JESUS E NÃO SE MODIFICOU...VOCÊ SÓ OUVIU..."
A Páscoa como Renascimento Interior -
Texto sobre Filosofia Esotérica
Um Processo Circular
de Renovação da Vida
Carlos Cardoso Aveline
A ressurreição que a Páscoa cristã comemora anualmente está ao
alcance de cada ser humano o tempo todo.
O cristianismo
velho e triste do dogma, da cruz e da intolerância dará lugar durante o século
21 a uma nova espiritualidade inter-religiosa, filosófica, otimista e voltada
para o futuro.
A tradição
cristã - assim como outras religiões - pode e deve passar por uma morte e um
renascimento. A disciplina espiritual é dura e inevitável para quem quiser
trilhar o caminho místico. Mas ela não é feita de tristeza ou dogmatismo, e sim
de liberdade interior, responsabilidade própria e
contentamento.
A própria base
da tradição cristã é pagã, panteísta e ecológica. As principais datas do
calendário cristão se apóiam, na verdade, sobre comemorações não-cristãs que
celebram o Sol e os ciclos naturais.
A Páscoa, por
exemplo, é comemorada no equinócio da primavera, no hemisfério norte, e no
equinócio do outono, no hemisfério sul. Nesta época do ano, a noite e o dia têm
exatamente a mesma duração. A partir da Páscoa, o equilíbrio entre a luz e a
sombra é rompido a favor da luz solar, no hemisfério norte. Por isso,
tradicionalmente, a Páscoa é vista como o anúncio de um novo começo e como algo
que abre espaço para o ressurgimento da vida em todas as dimensões da
natureza.
Até o século
19, ainda era costume em certas regiões da Europa sair para a natureza na
madrugada do dia da Páscoa e assistir ao nascimento do Sol. Havia a convicção
de que o astro-rei dançava de alegria nesse dia, logo acima da linha do
horizonte, comemorando o novo período anual de predomínio da
luz.
Nos países do
hemisfério sul, onde a celebração da Páscoa marca o equinócio de outono, o
momento anuncia a caminhada em direção ao inverno. Neste caso, o renascimento
da Páscoa não é um processo físico ou externo, mas sim interior e
espiritual.
O Natal é
outro evento pagão de que o cristianismo apenas se apropriou. O nascimento de
Jesus é comemorado exatamente no solstício de inverno do hemisfério norte, o
auge da estação fria, a época do ano em que a noite é mais longa. Daí a neve de
algodão nos presépios brasileiros. É a partir do solstício de inverno (24-25 de
dezembro) que a luz já não perde mais energia e volta pouco a pouco a recuperar
sua intensidade, do ponto de vista dos países situados acima da linha do
Equador.
Na Roma pagã,
o dia 25 de dezembro era dedicado à festa do “nascimento do sol invencível”.
Foi só em meados do século 4 que a data foi adotada pelos cristãos para
comemorar o nascimento de Jesus, “o sol da justiça”.
Assim, a
religião cristã é filha e herdeira das antigas tradições religiosas de comunhão
com a natureza e com os astros no céu. Isso explica por que o texto bíblico
Eclesiastes (43: 1-5) celebra o Sol e a Lua deste modo:
“Orgulho das
alturas, firmamento de claridade, assim aparece o céu em seu espetáculo de
glória. O Sol proclama ao nascer: ‘Como é admirável a obra do Altíssimo’. Grande
é o Senhor que o fez, e com sua palavra apressa o seu curso. Também a Lua,
sempre exata, a mostrar os tempos, é sinal eterno...”
Para a
filosofia esotérica, a transformação de inteligências cósmicas em figuras
antropomórficas e personalizadas é um processo de produção de metáforas e
imagens apenas simbólicas. O cosmo é um grande ecossistema inteligente. Embora
Francisco de Assis seja famoso por sua visão universal e panteísta da natureza,
muito antes dele o Eclesiastes já exaltava o relâmpago, a neve, as nuvens, os
pássaros, o trovão, os montes, o vento, o deserto, e os encarava todos como
aspectos externos do processo divino universal.
A Páscoa
simboliza, portanto, o renascimento espiritual de todos os seres como parte do
ciclo anual e natural da vida.
“A sabedoria
consiste em saber o nosso lugar em cada ciclo vital, e em saber que tipos de
ação são necessários para cada momento”, escreve Richard Heinberg.
[1]
Para quem vive
no hemisfério sul, há um clima de renascimento físico no equinócio da primavera,
em 23 de setembro, porque nesta época do ano tudo que é verde passa a ressurgir
ao nosso redor.
Ao contrário
da Páscoa do Norte, a Páscoa outonal do hemisfério sul prepara e anuncia o
inverno externo, mas também produz uma purificação interior. É quando a vida
começa a se retirar do plano físico que ela pode florescer melhor no plano
espiritual.
Antes do
renascimento interior, deve haver a morte, a perda, a renúncia, a austeridade,
“tapah”, em sânscrito.
Quarenta dias
antes da Páscoa, no auge das dificuldades e do frio no hemisfério norte, começam
a quaresma e o jejum. A palavra “carnaval” vem do latim medieval
carnelevarium, que significa “afastar a carne”, abster-se de comer
carne.
Para alguns,
jejum talvez seja uma penitência e um castigo. Na verdade, comer menos e
purificar-se como preparação para um novo ciclo nada tem a ver com castigo ou
infelicidade. A prática moderada de jejum é recomendável para a manutenção da
saúde. O Jesus do Novo Testamento não foi o único a jejuar. “Todos os grandes
mestres da humanidade, dentro e fora do cristianismo, conheciam o mistério
dinâmico de dois fatores: o jejum e a oração”, escreveu Huberto Rohden.
[2] E um Mestre dos Himalaias escreveu:
“Jejum ,
meditação, castidade em pensamento, palavra e ação; silêncio durante certos
períodos de tempo para permitir que a própria natureza fale a quem se aproxime
dela em busca de informação; domínio das paixões e impulsos animais; completa
ausência de egoísmo nas intenções, e o uso de certo incenso e certas fumigações
com objetivos fisiológicos, têm sido apontados como instrumentos desde a época
de Platão e Jâmblico, no Ocidente, e desde os tempos ainda mais remotos de
nossos Rishis hindus.” [3]
O processo de
purificação interior que prepara um Renascimento não é necessariamente fácil. Um
trecho da Bíblia mostra isso e ilustra a necessidade de coragem. Segundo o Novo
Testamento, certo dia, quando já faltava pouco para a Páscoa dos judeus, Jesus
foi até Jerusalém. Chegando ao templo, viu vendedores de bois, ovelhas, pombas
e diversos cambistas comodamente sentados e tratando de ganhar dinheiro. Armado
de um chicote, Jesus expulsou-os do templo. (João, 2: 13-22).
Talvez a
primeira conclusão a tirar do episódio é que a Páscoa não deve ser vista como um
processo meramente comercial. Não há nada de errado em comprar e vender. O que
se deve evitar é a confusão entre o que é comercial e o que é sagrado. Além
disso, a idéia de comércio nesse trecho do Novo Testamento é simbólica. Ela se
refere a toda busca de lucro ou vantagem pessoal à custa de outrem. O templo, na
verdade, é a própria consciência de cada indivíduo. Os “mercadores” a serem
“expulsos” são a cobiça, o medo e ambição. A verdadeira Páscoa ocorre no mundo
interno, e para vivê-la é preciso deixar de lado a avidez por ganhos pessoais,
inclusive aqueles que são sutis. A Páscoa real celebra o renascimento interior
que vem depois que o eu pessoal toma a dura decisão de deixar de
comportar-se como se fosse o centro do universo. Isso ocorre porque ele
descobriu, de fato, a realidade eterna que há além das ilusões pessoais de
curto prazo.
Em toda
caminhada espiritual há resistências e obstáculos a vencer. Por isso, no
episódio da expulsão do templo, os vendedores discutem com Jesus e o mestre faz
um desafio que antecipa o futuro:
“Destruam esse
templo e o levantarei em três dias”.
O Evangelho
acrescenta que Jesus não está falando do templo externo, mas do seu próprio
corpo.
O corpo físico
humano é como um templo que não deve ser desrespeitado porque nele mora um
espírito divino, uma alma imortal. Esse templo pode ser destruído, porque a
morte é uma necessidade. Mas ele ressurgirá - porque a cada morte corresponde um
renascimento. A filosofia esotérica concorda com Pitágoras e ensina que a
reencarnação é um fato e uma lei.
Nem tudo pode
ser dito abertamente, a qualquer momento e para qualquer pessoa. É preciso ter
cuidado com as palavras. Mestre Jesus falava ao povo contando pequenas histórias
que possuem vários níveis de significados. Um dia, ele explicou aos seus
discípulos mais próximos:
“A vocês foi
dado o mistério do reino de Deus; aos de fora, porém, tudo é dito em parábolas
para que, vendo, não percebam, e, ouvindo, não entendam”. (Marcos, 4:
1-2)
O que Jesus
mostra nessa passagem é que existe no seu ensinamento um aspecto esotérico
(interno) e outro exotérico (externo), “para os de fora”. Uma condição central
para ter acesso ao aspecto esotérico do ensinamento é a prática das suas lições
na vida diária.
“Todo aquele
que ouve estas minhas palavras e as põe em prática será comparado a um homem
sensato que construiu sua casa sobre rocha”, disse ele ao povo. “Caiu a chuva,
vieram as enxurradas, sopraram os ventos e deram contra aquela casa, mas ela não
caiu, porque estava alicerçada na rocha” (Mateus, 7: 24-27).
Para a
filosofia esotérica, as escrituras sagradas das diferentes tradições são
coleções de mitos, parábolas e narrativas simbólicas. Funcionam como grandes
redes generosamente atiradas pelos pescadores de almas ao mar aberto da
humanidade, que só pescam e trazem para os círculos internos aqueles que
têm discernimento maduro e tentam continuamente praticar o que aprendem, de modo
gradual mas crescente.
Tais
aprendizes vivem em harmonia com o ensinamento e por isso vão adquirindo “olhos
para ver” e “ouvidos para ouvir”. Aos poucos, a sabedoria espiritual forma uma
espécie de templo na mente do aprendiz. Esse santuário
interior deve ser protegido das oscilações de curto
prazo.
Jesus usava
alegorias, e a própria vida de Jesus - tal como narrada nos Evangelhos - é uma
parábola. Foi montada com base em ensinamentos e narrativas de religiões e
tradições mais antigas que o cristianismo, inclusive o hinduísmo e o budismo.
[4]
O nascimento
do Mestre, a traição que sofreu por parte de alguém muito próximo e que o
levou à morte, a sua ressurreição, e até a promessa de uma “segunda vinda”, são,
todos, pontos que coincidem com uma lenda egípcia muito mais antiga que os
evangelhos cristãos - a lenda de Osíris. E há outros elementos “cristãos”
tomados da tradição do Egito, como veremos.
O costume de
falar por parábolas está presente nas antigas escolas de mistérios. No Ocidente,
era uma característica central do ensinamento de Pitágoras, 500 anos antes da
era chamada cristã. O cristianismo romano alimentou-se abertamente do mundo
grego. O próprio sacrifício de Sócrates, que viveu de 470 a 399 antes da era
cristã, já foi comparado à lenda evangélica da morte de Jesus pelo pensador
brasileiro Alceu Amoroso Lima. [5]
Helena P.
Blavatsky explicou:
“Cada atitude
do Jesus do Novo Testamento, cada palavra atribuída a ele, e cada fato
relacionado a ele durante os três anos da missão que afirma-se que ele cumpriu,
estão baseados no Ciclo da Iniciação, um ciclo fundado na precessão dos
equinócios e nos signos do Zodíaco”.[6]
O próprio
Ciclo da Iniciação é mencionado na lenda dos evangelhos quando Jesus se refere
ao “caminho estreito e difícil que só uns poucos encontram” (Mateus,
7:13-14).
Em “Ísis Sem
Véu”, H.P.B. escreveu:
“Era a
doutrina da Índia antiga que Jesus estava pregando, quando recomendava a
completa renúncia ao mundo e às suas futilidades para buscar o reino dos céus,
Nirvana”. [7]
Jesus ensinava
sobre a ressurreição e a descrevia como algo que estará ao alcance - algum dia
- de todos aqueles que percorrerem o “caminho estreito”. Mas o que é,
exatamente, ressurreição?
Há vários
níveis de resposta para esta pergunta. Vejamos dois deles. Por um lado, a grande
ressurreição constitui um projeto de longo prazo. Ela é a libertação espiritual
completa, a iluminação definitiva, alcançada apenas por grandes sábios depois de
percorrerem, como Jesus, “todo o ciclo da iniciação”, um processo que envolve
repetidas encarnações.
Por outro
lado, existe também uma modalidade de ressurreição que está apenas um passo à
nossa frente. Podemos vivê-la em pequena escala e no estágio de desenvolvimento
em que estamos. Esse é um detalhe decisivo. Toda longa caminhada deve começar
com um primeiro e pequeno gesto feito exatamente onde o indivíduo
está.
O primeiro
passo só depende de cada um, e cada passo é sempre o primeiro da extensa
caminhada. O longo ciclo das iniciações é vivido em pequena escala no dia-a-dia,
porque o microcosmo reflete o macrocosmo. O Sistema solar está presente em cada
átomo. O caminho do autoconhecimento encontra o seu resumo fiel num dia de 24
horas e numa semana de sete dias. O descanso da noite - e o final da semana -
são como a ressurreição.
A celebração
da Páscoa – um costume seguramente pré-judaico e inter-religioso - constitui uma
prova viva de que a evolução da alma se dá em comunhão com o ciclo anual do
Sol, e de que coincide com o ciclo das grandes iniciações da filosofia
oriental.
Os ovos de
Páscoa são herança dos festivais pagãos da primavera do hemisfério norte. Eles
simbolizam o renascimento da vida em toda sua variedade. Já a presença do
coelho nesse “festival de renascimento” pertence à cultura egípcia. A lebre era
símbolo da fertilidade e representava a periodicidade dos ciclos naturais da
vida. A tradição afirmava que o coelho costuma esconder ovos de Páscoa para as
crianças procurarem.
As crianças
estão ligadas à Páscoa e, de fato, elas são símbolos indiscutíveis do recomeço
da vida. Internamente todo ser humano é como uma criança até o final da sua
existência, porque há nele algo que está sempre renascendo. Quando o
indivíduo passa a ser consciente disso, ele vive mais diretamente a
primavera permanente que se oculta em cada uma das quatro estações
do ano. E isso não é tudo. Ele também vive com mais eficiência o ciclo maior
das quatro idades de uma vida completa.
O outono
simboliza a maturidade. O inverno é a velhice. A primavera é a infância, e o
verão, a juventude. As quatro idades são igualmente importantes. Não basta ser
como crianças para ter acesso ao reino dos céus, isto é, à consciência
nirvânica. Para alcançar a iluminação e receber a bênção eterna, é preciso viver
simultaneamente as quatro estações do ano a cada dia.
Deve-se
combinar a generosidade e a capacidade de aprender, que caracterizam a
primavera, com a força e a coragem do verão, que simboliza a juventude. A
maturidade do outono, assim como a sabedoria e a humilde renúncia que são
típicas do inverno, constituem características igualmente importantes para quem
quer viver a Páscoa de modo completo.
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