[*] Alysson Leandro Mascaro
Jurista e filósofo do direito brasileiro, nasceu na cidade de Catanduva (SP),
em 1976. É doutor e livre-docente em Filosofia e Teoria Geral do Direito pela
USP, professor da tradicional Faculdade de Direito da USP e da Pós-Graduação em
Direito do Mackenzie, além de fundador e professor emérito de muitas
instituições de ensino superior. Publicou, dentre outros livros,Filosofia do
direito e Introdução ao estudo do direito, pela editora Atlas, e Utopia e
direito: Ernst Bloch e a ontologia jurídica da utopia, pela editora Quartier
Latin e o mais recente Estado e forma política, pela Boitempo. É o prefaciador
da edição brasileira de Em defesa das causas perdidas, de Slavoj Žižek, e da
nova edição de Crítica da filosofia do direito de Hegel, de Karl Marx, ambos
lançados pela Boitempo.
IV. O plano
eleitoral
O ano de 2014 é mais um no qual a batalha
política será jogada num campo reativo. No plano nacional, a política
confinou-se a ser refém tanto das pautas dos meios de comunicação de massa
conservadores quanto, em especial, de grandes estratégias de financiamento
econômico privado. Quase sempre as eleições exigem posterior satisfação ou
pagamento de financiadores, atrelando todo jogo político aos interesses do
capital. A democracia, em sociedades capitalistas, opera como uma máquina de
metrificação de opiniões já consolidadas, entregando justamente o que se espera,
de modo reativo, sem maiores convencimentos ou aberturas de consciência
política. Se a sociedade é preconceituosa, entrega-se então justamente o
preconceito. Se o povo é desconhecedor das reais estruturas da política e da
economia, opera-se exatamente nesse nível, fazendo marketing a partir dos
estágios dados da ignorância. Trata-se de um nível baixo e rasteiro no qual a
vida política se resume a fazer pedalar uma bicicleta já em movimento a fim de
que não caia, mas sem jamais perguntar para onde se está indo ou se se pode ir
com outro meio de transporte.
Tal lógica perpassa desde as grandes
eleições majoritárias nacionais até as municipais. Em todo o mundo, e o Brasil e
os EUA sendo casos exemplares mas não únicos, o capitalismo atrela a consulta
individual para escolha de ocupantes de cargos públicos – isso a que chama de
democracia e eleição – a um rígido controle ideológico e a uma lógica que faz
com que só se ganhe se financiado pelos capitalistas, devendo então a posterior
política ser jogada e devolvida em favor destes. As eleições são a administração
da chancela, pelo povo, do domínio do capital.
TAGs: Mercado, Dinheiro, Estado, Ordem,
Direito, Democracia, Liberdade, Imprensa, Religião, Homem: enfileira-se o um do
capital.
* Com alterações, este artigo é,
originalmente, entrevista concedida à imprensa paulista – O
Regional, edição de
01°/01/2014
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