COMO SE DIZ : "FOI MAL" !
Em Quinta-feira,
27 de Fevereiro de 2014 20:47,
Até mesmo o
lusófono presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, deve ter
tido sérias dificuldades para entender os dois discursos da presidente Dilma
Rousseff proferidos em Bruxelas a propósito da cúpula União Europeia
(UE)-Brasil. Não porque contivessem algum pensamento profundo ou recorressem a
termos técnicos, mas, sim, porque estavam repletos de frases inacabadas,
períodos incompreensíveis e ideias sem sentido.
Ao falar de
improviso para plateias qualificadas, compostas por dirigentes e empresários
europeus e brasileiros, Dilma mostrou mais uma vez todo o seu despreparo. Fosse
ela uma funcionária de escalão inferior, teria levado um pito de sua chefia por
expor o País ao ridículo, mas o estrago seria pequeno; como ela é a presidente,
no entanto, o constrangimento é institucional, pois Dilma é a representante de
todos os brasileiros - e não apenas daqueles que a bajulam e temem adverti-la
sobre sua limitadíssima oratória.
Logo na
abertura do discurso na sede do Conselho da União Europeia, Dilma disse que o
Brasil tem interesse na pronta recuperação da economia europeia, "haja vista a
diversidade e a densidade dos laços comerciais e de investimentos que existem
entre os dois países" - reduzindo a UE à categoria de "país".
Em seguida,
para defender a Zona Franca de Manaus, contestada pela UE, Dilma caprichou: "A
Zona Franca de Manaus, ela está numa região, ela é o centro dela (da Floresta
Amazônica) porque é a capital da Amazônia (...). Portanto, ela tem um objetivo,
ela evita o desmatamento, que é altamente lucrativo - derrubar árvores plantadas
pela natureza é altamente lucrativo (...)". Assim, graças a Dilma, os europeus
ficaram sabendo que Manaus é a capital da Amazônia, que a Zona Franca está lá
para impedir o desmatamento e que as árvores são "plantadas pela
natureza".
Dilma
continuou a falar da Amazônia e a cometer desatinos gramaticais e atentados à
lógica. "Eu quero destacar que, além de ser a maior floresta tropical do mundo,
a Floresta Amazônica, mas, além disso, ali tem o maior volume de água doce do
planeta, e também é uma região extremamente atrativa do ponto de vista mineral.
Por isso, preservá-la implica, necessariamente, isso que o governo brasileiro
gasta ali. O governo brasileiro gasta um recurso bastante significativo ali,
seja porque olhamos a importância do que tiramos na Rio+20 de que era possível
crescer, incluir, conservar e proteger." É possível imaginar, diante de tal
amontoado de palavras desconexas, a aflição dos profissionais responsáveis pela
tradução simultânea.
Ao falar da
importância da relação do Brasil com a UE, Dilma disse que "nós vemos como
estratégica essa relação, até por isso fizemos a parceria estratégica". Em
entrevista coletiva no mesmo evento, a presidente declarou que queria abordar os
impasses para um acordo do Mercosul com a UE "de uma forma mais filosófica" - e,
numa frase que faria Kant chorar, disse: "Eu tenho certeza que nós começamos
desde 2000 a buscar essa possibilidade de apresentarmos as propostas e fazermos
um acordo comercial".
Depois, em
discurso a empresários, Dilma divagou, como se grande pensadora fosse,
misturando Monet e Montesquieu - isto é, alhos e bugalhos. "Os homens não são
virtuosos, ou seja, nós não podemos exigir da humanidade a virtude, porque ela
não é virtuosa, mas alguns homens e algumas mulheres são, e por isso que as
instituições têm que ser virtuosas. Se os homens e as mulheres são falhos, as
instituições, nós temos que construí-las da melhor maneira possível,
transformando... aliás isso é de um outro europeu, Montesquieu. É de um outro
europeu muito importante, junto com Monet."
Há muito
mais - tanto, que este espaço não comporta. Movida pela arrogância dos que
acreditam ter mais a ensinar do que a aprender, Dilma foi a Bruxelas disposta a
dar as lições de moral típicas de seu padrinho, o ex-presidente Luiz Inácio Lula
da Silva. Acreditando ser uma estadista congênita, a presidente julgou
desnecessário preparar-se melhor para representar de fato os interesses do
Brasil e falou como se estivesse diante de estudantes primários - um vexame para
o País.
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