quarta-feira, 25 de junho de 2014

AUTOR DO LIVRO SOBRE NEYMAR, O COMPARA A GARRINCHA

Autor de livro sobre Neymar compara ex-santista a Garrincha

Terra - 14/06/2014
O dinamarquês Peter Banke cresceu encantado com o futebol brasileiro. Ao ver Neymar jogar pela primeira vez na despedida em campo de Ronaldo, a criança que viveu sonhando em jogar como Zico não teve dúvidas. Ali estava seu próximo ídolo. A curiosidade o levou a pesquisar a vida do garoto, até então patrimônio apenas nacional, e o que nasceu como uma reportagem se tornou o livro “Neymar – o sonho brasileiro”.

Banke diz ter ficado impressionado tanto qual a qualidade do jogador, que compara a Garrincha pela singularidade e capacidade de fazer mágica com a bola, quanto pela trajetória humilde, comum a tantos outros esportistas brasileiros.

“Muitas crianças na vizinhança em Praia Grande (onde o craque cresceu) disseram: ‘Neymar não era o melhor jogador aqui, mas ele foi o único que conseguiu sair’”, conta o jornalista. “Imagine se todas essas crianças tivessem as mesmas oportunidades. Você poderia ter 100 mil Neymars pelo Brasil.”

Torcedor da seleção, ele diz ter ficado desapontando com o jogo contra a Croácia – “estavam nervosos” - e prevê uma final sul-americana. Para ele, apesar de jovem, Neymar já mostra as qualidades necessárias para entrar para a história do futebol brasileiro e é o melhor jogador em campo nesta Copa.

Só precisa sair da “camisa-de-força” imposta pelo Barcelona para, então, tornar-se lá fora o jogador que os brasileiros conhecem. “Para Neymar ser uma estrela no Barcelona ele precisa jogar com Messi e Messi precisa dizer, ‘ok, Neymar, vou dividir um pouco do meu espaço com você, vamos fazer mágica juntos’”.

Veja a entrevista completa: 

Terra: Por que escrever sobre Neymar?

Peter Banke: Sempre fui fã do futebol e dos jogadores brasileiros. Quando eu era criança lembro perfeitamente da vez em que vi Zico pela primeira vez. Eu devia ter uns quatro anos de idade. Quando eu jogava no jardim dos meus pais, eu era Zico. Quando eu fiquei mais velho, Ronaldo Fenômeno se tornou o meu ídolo. Ao estudar jornalismo, um dos meus maiores sonhos era viver e trabalhar no Brasil, falar com todos os meus ídolos. Entrevistei Ronaldo, Romário, Zico, todas essas estrelas. Em 2011, fui assistir ao último jogo de Ronaldo no Pacaembu e ao acompanhar o treino vi Neymar. Eu já tinha ouvido falar dele, o visto em comerciais, mas nunca tinha visto ele jogar, lido sobre ele. Pensei, “uau, esse garoto sabe jogar”. Ele parecia ainda melhor que Ronaldinho, Rivaldo, Romário, Ronaldo... Contar a história dele se tornou meu próximo objetivo.

Comecei a ler sobre ele, mas não achei muita coisa e decidi escrever sobre ele. Peguei um ônibus para Ourinhos para falar com o seu primeiro treinador, depois fui a Santos, Mogi das Cruzes... Decidi falar com o máximo de pessoas possível. Já tinha o material para uma ótima matéria, mas eles me contaram tanta coisa que decidi escrever o livro. Saber sobre a sua infância, o quanto ele sofreu, como teve que trabalhar para a ajudar a família a sobreviver, foi uma história muito comovente. E única. Muitas crianças na vizinhança em Praia Grande disseram: "Neymar não era o melhor jogador aqui, mas ele foi o único que conseguiu sair", porque ele teve os contatos, as pessoas certas por perto. Imagine se todas essas crianças tivessem as mesmas oportunidades. Você poderia ter 100 mil Neymars pelo Brasil. Eu não conhecia essa parte da história.

Terra: O que você vê como único nele?

Peter Banke: Na sua forma de jogar ele é único por misturar tantos estilos de futebol. Quando você o vê jogar, enxerga futebol de rua, futebol de praia, futsal, futevôlei, futebol tradicional... Ele reinventa o jogo, faz movimentos e jogadas nunca vistas, criando um futebol único. Ele também é singular na sua forma de se comunicar através das mídias sociais. Twitter, Instagram, Facebook... Ele é muito bom em se comunicar com os mais jovens, em se expor. Ele gosta de ser o centro das atenções, atrai isso. Por isso ele conquistou a mídia, que lhe dá tanta atenção, faz tantos comerciais. Ele já é o jogador que ganha mais dinheiro fora de campo no Brasil e só tem 22 anos.

Terra:  Você comentou que á um fã antigo do futebol brasileiro. Zico, Ronaldo... Você acha possível compará-lo a algum jogador do passado?

Peter Banke: Se eu tivesse que compará-lo a um jogador, o compararia com Garrincha. Garrincha também era muito intuitivo ao jogar, jogava com alegria, você via que ele se divertia. Quando Neymar joga pelo Brasil, faz com que a bola dance em torno dele, e isso é como ver Garrincha jogar. Ele tem a mesma chance de ser um ídolo, um ícone para os brasileiros. Isso dentro de campo, não sei do lado de fora. Sei que o chamam de cai-cai, ele também se expõe muito, não presta tanta atenção ao futebol, e é possível criticá-lo por isso.

Terra: Você falou da alegria com que ele joga futebol. É possível ver uma diferença entre o Neymar na Seleção e no Barcelona?

Peter Banke: Sim. Há uma diferença imensa. No Barcelona é como se ele usasse uma camisa-de-força, aqui ele se liberta dela. Lá ele é muito tático, eles têm um jeito de jogar, você precisa conhecer a sua posição e Neymar não se encaixa em um sistema que você só pode ter um papel. Na Seleção ele consegue se expressar como Neymar, mostrar habilidades, talento, cobrar faltas. Ele recebe muito mais confiança e responsabilidade do Felipão, que sabe que ele é capaz de aguentar a pressão. Ele tem o caminho mais livre. É um Neymar completamente diferente. Se ele quiser ter sucesso no Barcelona precisam tirá-lo desta camisa-de-força, deixá-lo cobrar faltas, jogar mais dentro do campo, ser o Neymar que ele é no Brasil, e isso pode ser mágico. Mas o Barcelona tem um dos maiores egos do futebol, Lionel Messi, e Neymar também têm um grande ego. Pode ser resolvido. No Real Madrid você vê Gareth Bale e Cristiano Ronaldo, que são suas super-estrelas, jogando juntos. Para Neymar ser uma estrela no Barcelona, ele precisa jogar com Messi e Messi precisa dizer, “ok, Neymar, vou dividir um pouco do meu espaço com você, vamos fazer mágica juntos”. A seleção é um grupo no qual Neymar consegue jogar. Fred, Hulk, todos o ajudam a mostrar o seu melhor.

Terra: A Seleção depende de Neymar?

Peter Banke: Neymar é único no time. Essa é uma grande desvantagem do time brasileiro, que acaba, sim, dependendo muito dele, como vimos no jogo contra a Croácia. Dependem dele para marcar gols, criar jogadas... Estou surpreso de não ver o Brasil criando super-estrelas, como fazia há 20 anos. Tem vários jogadores muito bons, mas só um Neymar. Se você olhar a história das Copas do Mundo, sempre há um jogador se destacando e nesta com certeza será Neymar.

Terra: E o que você achou da estreia do Brasil na Copa?

Peter Banke: O time estava muito nervoso. Antes eles diziam, “sim, podemos lidar com a pressão”, mas estar cercado de brasileiros, precisar vencer o Mundial, eles sentiram a pressão. Jogaram muito devagar, não acharam espaço, não criaram jogadas. O primeiro tempo foi muito desapontador. No segundo tempo eles começaram a jogar mais como um time com chance de ganhar a Copa. Acredito que eles irão jogar melhor nas próximas partidas e irão ganhar o Mundial, mas ontem não foram muito convincentes.

Terra: Considerando que a Dinamarca não está na Copa, quem você aposta que irá para a final?

Peter Banke: Acho que será um torneio sul-americano, com os times da América do Sul jogando muito bem. A atmosfera toda aponta para isso. Uma final contra o Uruguai ou Argentina seria fantástica para a América do Sul e para a Copa do Mundo. Além disso, estas também são algumas das rivalidades mais antigas na Copa. Sem dúvida, Brasil, Uruguai e Argentina serão os times que mais irão se destacar.

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