quarta-feira, 18 de junho de 2014

JORNALISTA INCENTIVA A LEITURA DE BRASILEIROS COM O PROJETO "ESQUEÇA UM LIVRO"

Jornalista incentiva a leitura de brasileiros com o projeto "Esqueça um Livro"

Portal Imprensa - 25/04/14


“Desapego literário”. É assim que o projeto “Esqueça um Livro” é descrito em sua página oficial no Facebook. A iniciativa tem como objetivo incentivar que pessoas do Brasil inteiro deixem um livro, de propósito, em algum lugar de suas cidades para que outra pessoa encontre e se aventure em suas páginas.

O projeto começou em abril do ano passado e recentemente atingiu a marca dos 20 mil fãs na rede social. À IMPRENSA, o idealizador da campanha, o jornalista Felipe Brandão, fala sobre as origens da ideia, a importância do incentivo à leitura e o futuro dos livros em papel.

IMPRENSA - De onde surgiu o interesse em “esquecer” livros ao redor de São Paulo?
Felipe Brandão - Eu já tinha ouvido falar desse conceito, que se chama na verdade “BookCrossing”. Essa ideia surgiu nos Estados Unidos em 2001, e a partir daí, começou a se espalhar pelo mundo todo. Então, existem projetos parecidos em várias partes do Brasil e também do mundo. E eu tive a oportunidade de morar um tempo nos EUA, e na família com a qual eu morava as crianças também praticavam “BookCrossing”. Eu já tinha ouvido falar e lá eu tive mais acesso ao projeto. Quando eu voltei para o Brasil, eu tive vontade de fazer algo parecido.

Mas, aí, surgiram algumas outras urgências: procurar emprego, me ajeitar na cidade... Eu sou do interior [de SP] e vim morar na capital depois que eu voltei dos Estados Unidos. E sempre tive essa vontade de tocar o projeto. Comecei a trabalhar numa livraria, envolvido com livros também. Depois comecei a trabalhar numa editora, onde eu estou hoje. No ano passado, eu tinha muitos livros em casa e, em vez de comprar uma nova estante, eu achei que era o momento de pôr o projeto em prática.

Mas ele surgiu mesmo como uma brincadeira. Eu criei a página no Facebook e comecei a esquecer os livros por São Paulo e tirar foto. Então, não havia intenção de fazer um projeto. Era a minha participação com “BookCrossing” mesmo. Daí é que começou a crescer. As pessoas começaram a entrar em contato, quem encontrava os livros, gente querendo “esquecer” também e o projeto foi ganhando corpo.

Você já tem ideia de quantas pessoas fazem parte ativamente do “Esqueça um Livro”?
Eu não consigo mensurar quantas pessoas estão “esquecendo” por aí. A gente tem feito alguns eventos na cidade para esquecer junto, e têm ido uma média de 200 a 300 pessoas. Mas a ideia é que a pessoa esqueça na cidade dela. Então eu não consigo saber quantas pessoas estão esquecendo pelo Brasil.

Para você, por que é importante incentivar a leitura?
O principal objetivo do projeto é compartilhar conhecimento. Eu acho que isso é fundamental, pois um país que lê, é um país que faz boas escolhas. Quando alguém não tem acesso a livros e passa a ter, essa pessoa pega o gosto pela leitura. Então, gosto de pensar que estou fazendo a minha parte, que eu posso estar "esquecendo" um livro que alguém vai ler pela primeira vez.

Os brasileiros têm mesmo pouco hábito de ler?
Eu percebo que o brasileiro está lendo mais. Apesar das pesquisas dizerem o contrário, eu costumo ver muita gente hoje no metrô, no cinema, sempre carregando um livro. Mas ainda falta muito. Tem muita gente que não tem acesso ao livro, porque ainda é um artigo caro para a grande maioria da população no Brasil. Então, eu acho que pequenas ideias como essa podem modificar essa situação, essas estatísticas de que o brasileiro lê pouco.

Você acha que essa responsabilidade está só nas mãos das pessoas ou a mídia também pode trabalhar nisso?
Sim, eu acho que a mídia tem um papel fundamental, os formadores de opinião, blogueiros, pessoas de influência... A escola, o governo, os pais... Eu acho que cada um pode fazer a sua parte. Se você quer que seu filho leia, mas você não lê, se os pais não têm o hábito de leitura, dificilmente a criança vai ler também. Parte de cada um, dentro de casa, na escola, enfim.

O hábito de ler pode ser estimulado somente com livros ou também com outros meios, como revistas, jornais etc?
Eu acho que é importante ler. Tem gente que conheço que começou lendo gibi e depois adquiriu outros interesses, pegou gosto. Eu também não tenho preconceito literário, incentivo as pessoas a lerem o que elas quiserem. Tem gente que gosta de Nicholas Sparks, por exemplo. Eu não gosto, mas tudo bem, pode ler. É importante ler aquilo que te dá prazer. Não pode ser por obrigação também, a pessoa não pode pensar “ah, preciso ler dois ou três livros por mês”. Você não tem que ler dois ou três livros por mês. Você tem que ler aquilo que te dá prazer. Eu acredito muito nisso.

Você acha que essas gerações que estão crescendo com a internet, videogame etc. podem ter o hábito de ler prejudicado?
Essa nova geração, que é um pouco a minha, está acostumada com o imediatismo. Mas quando ela pega o livro e começa a ler, imaginar as cenas, começa a pegar gosto pela leitura. Eu digo isso porque tenho muito contato com blogs literários: a ferramenta é online, mas eles são alucinados por leitura. Eu acho que sim, o livro compete muito com as novas mídias. Mas cabe à nós incentivar as pessoas a não abandonarem os livros. Tanto é que eu usei uma rede social famosa para divulgar o projeto, intencionalmente.

Você acha que a possível substituição dos livros em papel por ferramentas digitais, como tablets, pode impedir que mais pessoas adquiram o gosto pela leitura?
Eu acho que o livro físico vai sobreviver de qualquer jeito. O que acontece é que tem pessoas que o substituem pelos tablets por conta da facilidade. Quando você vai viajar, pode levar bastante livros, pode armazenar muitas obras em um único aparelho. Mas eu acho que isso é indiferente, o importante é a pessoa ler. Então, se ela vai ler no computador ou o livro físico, não faz diferença.

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