Com dragão de 9 metros no teto, biblioteca é um convite à leitura
Campo Grande News - 07/09/2014O despertar da imaginação aonde os olhos alcançam. O conceito de biblioteca foi substituído pelo de livraria, onde cada um se apropria do que lhe instigar sem ter de pedir a ninguém. Em forma circular, a estante em MDF branco acolhe livros e brinquedos que não obedecem outra ordem senão a da criatividade.
O projeto da biblioteca foi desenvolvido pelo arquiteto e design de interiores, Renato Arakaki, para a Casa de Ensaio, instituição que trabalha música, dança e teatro com 130 crianças e adolescentes de 8 a 14 anos, no bairro Amambaí, aqui em Campo Grande.
Com um gigante dragão no teto, para onde se olha, o lúdico está presente. A intenção, desde o começo, era de ser uma livraria e uma sala de estudo, não apenas uma mera biblioteca. "Biblioteca é aquela coisa de silêncio. Uma vez ouvi de um escritor, Fabrício Carpinejar, que é muito ruim um espaço ser para ficar em silêncio. Biblioteca tem que ter bagunça, este conceito de manusear, de manipular livros", explica.
Arquitetonicamente falando, Renato passou para o projeto a ideia de explorar o formato de uma livraria, onde os exemplares estão à mão, a postos, só esperando o resgate. "Trabalhamos neste sentido, de que os livros tem de despertar o nosso interesse", reforça.
O espaço todo é forma de círculo, com 10m de diâmetro. As estantes foram projetadas pelo arquiteto e desenvolvidas pelo projeto Escola Pau Brasil a GIRA Solidário. Os pés são de alumínio para facilitar a limpeza diária e evitar a absorção de umidade.
Nas prateleiras a disposição dos livros não obedece um padrão: ora deitados, ora em pé, abertos e fechados são eles que preenchem com liberdade os 25cm de altura.
Para cima, o que não passa despercebido é o dragão, feito em PVC expandido, é uma referência aos origamis de Renato Arakaki. "O dragão ele mexe com a imaginação das pessoas. É um animal mitológico seja qual for a cultura e o fato de eu nunca usar algo real ele estimula a criatividade, justamente por isso", explica.
Dragão branco com detalhes vermelhos têm dobradiças propositais para dar movimento. (Foto: Marcos Ermínio)Dragão branco com detalhes vermelhos têm dobradiças propositais para dar movimento. (Foto: Marcos Ermínio)
Suspenso, preso em dois cabos que suportam até duas toneladas, o dragão é branco com detalhes vermelhos nos olhos, boca e rabo. As dobradiças junto ao corpo são propositais, para dar o movimento de um dragão.
O trabalho poderia ser feito, para outro ambiente, em papel. Mas a biblioteca exigia uma durabilidade maior. Nem muito alto a ponto de trabalhar a luminária e nem baixo ao alcance dos pequenos, o dragão foi feito a partir de 15 chapas do material de origem coreana, mas que também tem produção nacional.
Com 1,60m de altura, 9m de comprimento e aproximadamente 100 quilos, a peça-chave da biblioteca levou três meses para ficar pronta. Recortada a laser, o custo entre material, mão de obra e demais serviços, sai em média R$ 11 mil.
A biblioteca, ou melhor livraria comporta até 30 mil exemplares. No dia da inauguração, ocorrido no final de agosto, Arakaki pode ver de perto a reação das crianças, adolescentes e demais convidados. "Todos se aproximaram para ver, pegaram livros, recitaram".
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