segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

POR QUE TEMOS JOVENS DE MUITA IDADE E VELHOS DE POUCA IDADE?

ESPÍRITOS ANTIGOS EM CORPOS JOVENS, ESPIRITOS IMATUROS EM CORPOS ENVELHECIDOS

 "A idade corporal nem sempre corresponde à idade espiritual, e vice-versa." 
O que você tem a comentar sobre esse assunto, com essa afirmação?  
Bj de Luz...Nyl
envelhecer
O processo envelhecer demanda uma atenção especial em virtude das modificações biológicas, psicológicas e sociais, sendo necessária uma maior atenção por parte da sociedade e formulação e efetivação de políticas públicas voltadas para o idoso. Em muitas tradições e civilizações, principalmente as orientais, o idoso é visto com respeito e veneração, representando uma fonte de experiência, do valioso saber acumulado ao longo dos anos, da prudência e da reflexão, enquanto em outras culturas o idoso representa “o velho”, “o ultrapassado” e “a falência múltipla do potencial do ser humano” – é lamentável!
Quanto mede o respeito e veneração pelo idoso? Toda a paciência e dedicação do mundo. A amostra disso é o exemplo da jovem Huang Li Hua, de 24 anos, que se dedica a carregar literalmente nas próprias costas a sua avó Wan Zongsiu, de 88 anos, todos os dias para o seu restaurante, livrando-a da solidão. O caminho é percorrido diariamente no sudoeste de Chongqing, município da China. Huang é proprietária de um fast food, com tudo fluindo bem. Ela não se esquece da avó, que na sua infância muitas vezes a acolheu. Huang lembra que, quando era criança, a avó cuidava dela enquanto os seus pais trabalhavam na lavoura, e agora é a vez da neta mostrar seus cuidados com a senhora Wan, sua avozinha. [1] Admirável o comportamento da jovem Huang, sem dúvida.

Refletindo sobre a questão da velhice, propriamente dita, cremos que deveria ser encarada como ditosa pelo que contém de gratificante, mormente por causa das longas refregas das buscas e das realizações. Envelhecer é uma arte e uma ciência, se buscarmos rejuvenescer nossa alma. Há idosos que conquistaram a longevidade de forma sadia e feliz, contudo muitos estão largados nos asilos da vida, amargando suas enfermidades no isolamento. Há os que aceitam sua decrepitude sem rezingar e sem exigir nada dos outros; todavia igualmente indiferentes não oferecem nada a ninguém.
Dizem que a idade avançada é a noite da Vida, entretanto, a noite pode ser bela, clara, toda ornamentada de estrelas e constelações, luar e claridade a se esparzirem de uma longa vida cheia de virtude, bondade e honra! O entendimento espírita vê a idade avançada como o outono no tempo, fase normal, necessária, imprescindível na sucessão harmônica dos objetivos e funções da encarnação, envolta, igual a todas as outras, nos dons da Natureza, nas bênçãos de Deus.

O tempo é implacável e excelso transformador de destinos. Muitas vezes não compreendemos os segredos do tempo que se esvanece ligeiro na vida material. Há aqueles que envelhecem e pouco realizam nas instâncias do bem ao próximo. Há, contudo, aqueles que consolidam em si a possante fé cristã, praticando inteiramente o amor ao próximo. Abraham Lincoln dizia que não são os anos em sua vida que importam, mas a vida em seus anos. O pensador Alexis Carrel proferia frase semelhante, dizendo que o importante não é acrescentar anos à sua vida, mas vida aos seus anos. O médico alemão Harry Benjamin endossou as ideias de Lincoln e Carrel pronunciando: “não queira acrescentar dias à sua vida, mas vida aos seus dias.”. Os anos não passaram em vão na vida de David Livingstone, escritor de inesquecíveis contos literários que o projetaram no Século XIX ao lado de deuses da literatura mundial, a exemplo de Victor Hugo. David entoou os doces cânticos da Mensagem de Jesus para os nativos sul-africanos. Renunciou aos apelos da fama, abandonou a Escócia, sua terra natal, e juntou-se àquelas almas sofredoras, nascidas na mais dura dificuldade material na África.

Bela foi a velhice de Florence Nightingale, a ilustre “Dama da Lâmpada”; ela que vestiu a túnica da abnegação, afastando-se do convívio do esplendor inglês, a fim de adotar, voluntariamente, a penosa empreitada de socorrer as vítimas da Guerra da Criméia, no século XIX. Os anos não passaram em vão nos projetos de vida de Jean Henrique Dunant, que inspirado nas virtudes da fundadora da primeira escola de enfermagem da Terra, escreveu o livro “Un Souvenir de Solferino”, publicado em 1862, em que sugeria a criação de grupos nacionais de ajuda para apoiar os feridos em situações de guerra, e propôs a criação de uma organização internacional que permitisse melhorar as condições de vida e prestar auxílio às vítimas da guerra. Em 1863, Dunant fundou a Cruz Vermelha Internacional, reconhecida, no ano seguinte, pela Convenção de Genebra.
Uma das dez mulheres mais importantes dos Estados Unidos, no século XX, Hellen Keller envelheceu c om coragem e determinação robusta para vencer suas limitações físicas, pois era surda, muda e cega de nascença. Contudo, um dia Keller conseguiu falar e soltou o verbo como ninguém. O vigor moral fez dela uma singular mulher, com grande projeção no cenário do mundo. Na decrepitude o seu verbo infundia ao Homem a necessária reflexão sobre o quanto somos potencialmente ilimitados quando amamos o próximo. Caminhos idênticos palmilhados por Eartha Mary Magdalene White. Por onde andava, os famintos, os aflitos e os desamparados, de todas as idades, sentiam a sua presença compassiva e animadora.”. Fundou uma Instituição de amparo ao negro e foi uma verdadeira lenda no norte da Flórida, Estados Unidos. Os anos não passaram em vão em sua vida, pois desencarnou em 1974, com 95 anos de idade, deixando um segredo inscrito numa frase para vivermos a grande mensagem: – “Façam todo o bem que puderem, de todos os modos, em todos os lugares, para todas as pessoas, enquanto puderem.”

Antes de encerrar, formulemos a seguinte reflexão: A idade corporal nem sempre corresponde à idade espiritual, e vice-versa. Neste instante um Espírito muito antigo está habitando um corpo novo, da mesma forma um Espírito jovem está animando um corpo envelhecido. Isso não significa dizer, porém, que a juventude ou a velhice do Espírito insinuem, decisivamente, a falta de saber ou o atraso de um e a sabedoria e a evolução de outro até porque “Deus criou [os Espíritos] simples e ignorantes e a todos concedeu as mesmas oportunidades, não obstante as diferenças das missões individuais, a fim de alcançarem a perfeição pelo conhecimento da verdade.”[2] Daí decorre que, “perante Deus existe a mais absoluta igualdade natural [entre os Espíritos]”[3], e que o desenvolvimento moral de cada um é encargo de sua competência exclusiva (velhos e jovens), uma vez que o plano do Criador não admite exceções, imunidades ou primazias para qualquer criatura.
Jorge Hessen

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