Para esclarecer os 10 principais mitos e verdades enviados pelos leitores, Eco conversou com o
prof. Garcia e também com o especialista em economia de energia da Univ. Est. de Campinas
(Unicamp), prof. Gilberto Jannuzzi.
1. As lâmpadas fluorescentes são mais econômicas do que as incandescentes (amarelas)?
Numa escala de mais a menos econômicas e eficientes, os especialistas destacam as lâmpadas de LED,
em primeiro lugar, seguidas das fluorescentes – compactas e tubulares, e, por último, as incandescentes.
No entanto, se compararmos o preço pago pelo consumidor na hora da compra da lâmpada, a diferença
significativa do valor do produto leva muitas pessoas a comprarem as lâmpadas amarelas.
“Como regra geral, deve-se evitar o uso das incandescentes, que são baratas,
mas cuja energia gasta custa caro ao final do mês”, explica Garcia.
Como as de LED ainda estão em desenvolvimento, o seu valor na hora da compra ainda não proporciona
uma relação positiva de custo (preço da lâmpada) x benefício (energia economizada) para a maioria da
população. Assim, optar pelas fluorescentes ainda é a melhor escolha.
2. Computadores: o que gasta menos energia, deixar ligado 24h ou ligar e desligar cada vez
que vai usar? E com o monitor do computador, é o mesmo procedimento?
Se o tempo de pausa entre um uso e outro do computador for pequeno, em torno de 15 minutos, por exemplo,
não vale à pena ligar e desligar todos os componentes. Apenas desligar o monitor, que consome bastante
energia, já ajuda na economia. Agora se as pausas entre os usos forem longas, mais de uma hora,
os especialistas aconselham desligar tudo.
Outra opção é programá-los para entrar em modo de espera ou desligamento automático após uma hora
sem uso, para o caso de o usuário esquecê-lo ligado. Se puder optar entre um computador e um laptop ou
notebook prefira esses últimos, que são muito mais econômicos.
3. O mito de que ligar e desligar os aparelhos e as lâmpadas consome
mais energia do que manter ligado é verdade?
É relativo, segundo os especialistas, pois dependerá do tempo que você os deixar ligado desnecessariamente.
Segundo Garcia, a melhor prática é apagar a luz sempre que sair do aposento, “pois nunca se sabe ao certo
quanto tempo vai se passar fora”. Ele explica que, embora haja um pico na hora do ligamento, sua duração
é mínima (energia é sempre a composição de potência e tempo), então a energia gasta é desprezível.
No entanto, Jannuzzi lembra que a questão pode ir além do consumo de energia, mas sim na vida útil do
equipamento. “Quando o intervalo for muito pequeno, no máximo 15 minutos, é melhor deixar a luz ligada
(se for fluorescente) para não fazer a mudança de temperatura da lâmpada. Você vai consumir um pouco
de energia, mas prolongar a vida útil do equipamento, que é prejudicado pelo liga e desliga intenso”, explica.
4. O chuveiro é mesmo o vilão da conta de luz?
A característica dos chuveiros elétricos é consumir muita eletricidade em um período curto de tempo.
Os dois fatores mais importantes são a potência do equipamento e o tempo de banho. “Atualmente temos
chuveiros de até 12.000 watts, que, durante o banho, equivalem a 200 lâmpadas acesas ao mesmo tempo”,
relata Jannuzzi. No sul do Brasil, onde faz mais frio e usa-se os chuveiros no modo inverno, a média de
consumo desse equipamento costuma responder por cerca de 1/3 do consumo de eletricidade de uma residência.
Para economizar é preciso tomar banhos mais curtos ou ter outro sistema para aquecer a água, como a
energia solar. Dependendo do custo do gás na região, a energia solar pode ser uma opção eficiente.
5. O microondas também é um dos grandes consumidores de energia elétrica em casa?
O microondas é outro exemplo de aparelho com grande potência, mas com curto período de utilização –
demora-se menos esquentando um copo de leite ou um prato de comida do que tomando banho.
Por isso, não costuma pesar muito na conta de luz. “A menos que se tenha o mau hábito de usá-lo
para cozinhar, em vez de só para aquecer, seu consumo não é tão alto. Conheci uma pessoa que o
usava só pela preguiça de lavar panelas. Nesse caso, é melhor lavá-las, com certeza!”, esclarece Garcia.
6. Chuveiro e ar-condicionado 220 volts gastam menos energia que os de 110 volts?
Os especialistas afirmam que a diferença no consumo de energia entre aparelhos 220 volts e 110 volts
é pequena e não afeta de maneira significativa o consumo. No entanto, Jannuzzi destaca que em 220
volts os equipamentos vão funcionar melhor, ter um bom desempenho, além de prolongar a sua vida útil.
7. Abrir a geladeira várias vezes ao dia gasta mais energia?
O grande problema nessa questão da abertura da geladeira é muito mais o tempo que se gasta com
ela aberta do que a quantidade de vezes que se abre a porta. Claro que a cada abertura há uma
troca de calor do interior do equipamento com o ambiente, que está mais quente, e se gasta mais
energia para resfriá-la em seguida. Dessa forma, quanto menos tempo a porta for mantida aberta,
mais economia de energia será feita.
Outro desperdício muito comum em geladeiras decorre do desgaste da borracha vedadora, por
onde o ar frio escapa e o ar quente entra. Para testar se sua geladeira está em boas condições,
coloque uma folha de papel e feche a porta: se conseguir retirar a folha com a porta fechada
está na hora de trocar a borracha.
8. Ao usar o ferro de passar roupa, é melhor passar muitas peças
a cada vez ou todo dia passar uma peça?
A maior parte da energia gasta ao passar a roupa é na hora de esquentar o ferro. Uma vez que o
ferro esteja quente é melhor passar a maior quantidade possível de roupas. O prof. Garcia destaca
a semelhança entre o ferro e a máquina de lavar roupas: “Ela deve ser usada sempre próxima à
sua capacidade máxima para economizar água e energia. Pesar o lote de roupas com uma balança
é uma boa maneira de verificar se a quantidade separada é ideal”.
9. É mito ou não que os aparelhos que mantemos plugados na tomada,
mesmo quando desligados, continuam gastando energia?
É verdade! O prof. Jannuzzi ressalta que “a melhor opção de economia é desconectar os
aparelhos da tomada, pois mesmo os melhores equipamentos, nessa situação, consomem
1 watt/hora. Cada aparelho conectado consome durante o ano todo 8,7 quilowatts.
Como pagamos cerca de 40 centavos por quilowatt/hora (preço no RJ), isso representa
um gasto próximo de 4 reais/ano por aparelho”.
Garcia lembra que o apelido desse desperdício é “energia vampira” e que ela já preocupa os
responsáveis pelas políticas energéticas. “Cada um gasta um pouquinho, porém, como hoje em
dia há muitos aparelhos, a energia gasta no total acaba sendo significativa”. Uma dica para
aparelhos relacionados, por exemplo TV, DVD, modem de TV a cabo ou satélite – é liga-los
todos a uma só régua de tomadas. Basta desligar a régua ao fim do dia para economizar.
10. Quando chamar o elevador, faz diferença chamar apenas um deles ou
quantos tiver no andar? Elevadores, afinal, gastam muita energia?
Os especialistas garantem que faz diferença no consumo de energia chamar mais de um elevador
ao mesmo tempo, e que esse gasto, por estar diluído nas contas de condomínio, passa despercebido.
Uma boa prática é deixar só um elevador ligado durante a noite ou ter equipamentos que fazem
com que só um elevador se desloque a cada chamada. Por seu lado, o usuário deve sempre evitar
chamar vários elevadores ao mesmo tempo. Outra boa alternativa é usar as escadas sempre que
possível, pois além de poupar energia elétrica, diminui-se o sedentarismo.
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