Nenhum
livro de economia publicado nos últimos anos foi capaz de provocar o furor
internacional causado por O capital no século XXI, do francês Thomas Piketty.
Seu estudo sobre a concentração de riqueza e a evolução da desigualdade ganhou
manchetes nos principais jornais do mundo, gerou discussões nas redes sociais e
colheu comentários e elogios de diversos ganhadores do Prêmio Nobel.
Fruto
de quinze anos de pesquisas incansáveis, o livro se apoia em dados que remontam
ao século XVIII, provenientes de mais de vinte países, para chegar a conclusões
explosivas. O crescimento econômico e a difusão do conhecimento impediram que
fosse concretizado o cenário apocalíptico previsto por Karl Marx no século XIX.
Porém, os registros históricos demonstram que o capitalismo tende a criar um
círculo vicioso de desigualdade, pois, no longo prazo, a taxa de retorno sobre
os ativos é maior que o ritmo do crescimento econômico, o que se traduz numa
concentração cada vez maior da riqueza. Uma situação de desigualdade extrema
pode levar a um descontentamento geral e até ameaçar os valores democráticos.
Mas Piketty lembra também que a intervenção política já foi capaz de reverter
tal quadro no passado e poderá voltar a fazê-lo.
Essa
obra, que já se tornou uma referência entre os estudos econômicos, contribui
para renovar inteiramente nossa compreensão sobre a dinâmica do capitalismo ao
colocar sua contradição fundamental na relação entre o crescimento econômico e o
rendimento do capital. O capital no século XXI nos obriga a refletir
profundamente sobre as questões mais prementes de nosso tempo.
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