Quando o CORPO MORRE, demoramos para NOS DESLIGAR ! Por quê ?
As Delongas dos Desligamentos
Richard Simonetti
Morte física e desencarne não ocorrem simultaneamente. O indivíduo morre
quando o coração deixa de funcionar. O Espírito desencarna quando se completa o
desligamento, o que demanda algumas horas ou alguns dias.
Basicamente o Espírito permanece ligado ao corpo enquanto são muito fortes
nele as impressões da existência física.
Indivíduos materialistas, que fazem da jornada humana um fim em si, que não
cogitam de objetivos superiores, que cultivam vícios e paixões, ficam retidos
por mais tempo, até que a impregnação fluídica animalizada de que se revestem
seja reduzida a níveis compatíveis com o desligamento.
Certamente os benfeitores espirituais podem fazê-lo de imediato, tão logo
se dê o colapso do corpo. No entanto, não é aconselhável, porquanto o
desencarnante teria dificuldades maiores para ajustar-se às realidades
espirituais. O que aparentemente sugere um castigo para o indivíduo que não
viveu existência condizente com os princípios da moral e da virtude, é apenas
manifestação de misericórdia. Não obstante o constrangimento e as sensações
desagradáveis que venha a enfrentar, na contemplação de seus despojes carnais em
decomposição, tal circunstância é menos traumatizante do que o desligamento
extemporâneo.
Há, a respeito da morte, concepções totalmente distanciadas da realidade.
Quando alguém morre fulminado por um enfarte violento, costuma-se dizer:
"Que morte maravilhosa! Não sofreu nada!"
No entanto, é uma morte indesejável.
Falecendo em plena vitalidade, salvo se altamente espiritualizado, ele terá
problemas de desligamento e adaptação, pois serão muito fortes nele as
impressões e interesses relacionados com a existência física.
Se a causa da morte é o câncer, após prolongados sofrimentos, em dores
atrozes, com o paciente definhando lentamente, decompondo-se em vida,
fala-se:
"Que morte horrível! Quanto sofrimento!"
Paradoxalmente, é uma boa morte.
Doença prolongada é tratamento de beleza para o Espírito. As dores físicas
atuam como inestimável recurso terapêutico, ajudando-o a superar as ilusões do
Mundo, além de depurá-lo como válvulas de escoamento das impurezas morais.
Destaque-se que o progressivo agravamento de sua condição torna o doente mais
receptivo aos apelos da religião, aos benefícios da prece, às meditações sobre o
destino humano. Por isso, quando a morte chega, ele está preparado e até a
espera, sem apegos, sem temores.
Algo semelhante ocorre com as pessoas que desencarnam em idade avançada,
cumpridos os prazos concedidos pela Providência Divina, e que mantiveram um
comportamento disciplinado e virtuoso. Nelas a vida física extingue-se
mansamente, como uma vela que bruxuleia e apaga, inteiramente gasta,
proporcionando-lhes um retomo tranquilo, sem maiores percalços.
Livro: Quem tem medo da Morte – Richard
Simonetti
Nenhum comentário:
Postar um comentário