ESPIRITISMO E FILOSOFIA
Por: Jorge Cordeiro
O nome filosofia vem do grego e significa “amor à sabedoria”. A Filosofia,
segundo o novo Dicionário Aurélio, “é um estudo que se caracteriza pela intenção
de ampliar incessantemente a compreensão da realidade (...)”.
O filósofo era na antiguidade o representante da busca pelo saber. E o que
ele estudava? No entender dos filósofos: “tudo”. A Filosofia é um estudo que tem
por finalidade ampliar o nosso conhecimento da realidade, e tem por objeto de
estudo o homem e o universo. A diferença entre a Filosofia e a Ciência é que
enquanto a Ciência busca conhecer muito sobre um tema específico, a Filosofia
avalia toda uma vastidão de conhecimentos para encontrar uma síntese desses
fenômenos. A Filosofia pode também ser diferenciada pelo instrumento de
pesquisa, pelo método e pela finalidade.
Enquanto a Ciência utiliza-se dos mais variados instrumentos, como,
telescópios, microscópios, computadores, etc. A Filosofia utiliza basicamente a
razão, o raciocínio puro, como instrumento de pesquisa da verdade.
O método em sua essência se utiliza da indução e da dedução. O primeiro,
através dos fatos, descobre os princípios primeiros; o segundo ilumina os fatos
com os princípios primeiros, para compreendê-los melhor.
A Filosofia não está voltada para fins práticos como a Ciência. Ela tem
como único objetivo o conhecimento e por extensão, a verdade em si mesma.
Apesar de todas as coisas serem suscetíveis de pesquisa filosófica, alguns
problemas são de preferência, estudadas pela Filosofia: a Lógica (se ocupa do
problema da exatidão do raciocínio); a Epistemologia (o valor do conhecimento);
a Metafísica (do fundamento último das coisas em geral); a Ética (a origem e
natureza da lei moral, da virtude e da felicidade); A Teologia (da existência e
natureza de Deus e das relações com os homens); a Estética (do problema do belo
e da natureza e função da arte); e a Axiologia (o problema dos valores);
Cosmologia (a constituição essencial das coisas materiais, da sua origem e de
seu devir).
As teses fundamentais que integram a Doutrina Espírita encontram-se no “O
Livro dos Espíritos”, as quais podem ser identificadas com as principais
categorias filosóficas.
A Filosofia Espírita apesar de se encaixar dentro dessas categorias, não é
propriamente um saber clássico. Em muitas de suas facetas ela é um assunto novo
e vibrante. Primeiramente, o Espiritismo aborda um Universo dual, com um
componente material e outro espiritual. Com isto se abre diante de nós toda uma
gama de possibilidades de estudo. Neste Universo espiritual habitam espíritos,
que são criados simples e puros, para evoluírem e aprenderem com seus próprios
erros e experiências, trilhando um longo caminho até compreender a relação entre
Deus e o Homem, alcançando uma harmonia entre o conhecimento, a moral e a
inteligência. O espírito e o espiritual, certamente não fazem parte desta
filosofia tradicional, por isso podemos falar de uma nova filosofia que se nos
mostra: “a Filosofia Espírita”, possuidora de uma cosmologia, uma metafísica e
uma ética próprias, apesar de baseada na ética cristã.
Para Jon Aizpúrua (2000) o Espiritismo é:
Uma filosofia deísta, porque reconhece a existência de Deus como força
inteligente e causa primária de todas as coisas;
Uma filosofia espiritualista, porque afirma a existência do espírito como
princípio independente da matéria, assim como sua sobrevivência após a
morte;
Uma filosofia evolucionista, porque admite que a evolução é a lei que rege
o Universo, presidindo todas as transformações, tanto de ordem física como de
ordem espiritual;
Uma filosofia científica, uma filosofia racionalista e humanista, porque
coloca o ser humano e as suas necessidades no centro de suas atenções.
Devemos nos lembrar que a Filosofia Espírita não é um alimento somente para
o intelecto, mas também para a alma que sente e sofre, que presencia a alegria
mas às vezes sucumbe à tristeza. Lembremos o que disse Kardec (1995,
p.483):
“Mesmo os que nenhum fenômeno têm testemunhado, dizem: à parte esses
fenômenos, há a filosofia, que me explica o que NENHUMA OUTRA me havia
explicado. Nela encontro, por meio unicamente do raciocínio, uma solução
racional para os problemas que no mais alto grau interessam ao meu futuro. Ela
me dá calma, firmeza, confiança; livra-me do tormento da incerteza. Ao lado de
tudo isto, secundária se torna a questão dos fatos materiais.”
Bibliografia:
Aizpúra, Jon (2000). Os fundamentos do espiritismo. São Paulo, CEJB.
Ferreira, Aurélio (1999). Novo Aurélio – século XXI. Rio de Janeiro,
Editora Nova Fronteira.
Kardec, Allan (1995). O Livro dos Espíritos. Rio de Janeiro, FEB.
Mondin, B. (1987). Introdução à Filosofia. São Paulo, Edições
Paulinas.
Fonte: Página Espírita
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