sexta-feira, 2 de setembro de 2016

7 AUTORES DE FICÇÃOCIENTÍFICA PREVEEM O FUTURO DAS OLIMPÍADAS.

7 autores de ficção científica preveem o futuro das Olimpíadas

Maddie Crum & Maxwell Strachan - Brasil Post - 15/08/2016


Os anos passam, mas trabalhadores mal remunerados seguem construindo as instalações olímpicas; o COI se recusa a pagar atletas muitas vezes em situação financeira difícil; os testes anti-doping continuam sendo driblados; as autoridades locais continuam afirmando falsamente que os Jogos vão ajudar a economia local; e a discrepância entre os gêneros continua parecendo datada.

Para muitos fãs de esporte, a Olimpíada é o símbolo da velha guarda, a ponto de nos perguntamos: além de excitar as paixões nacionais, o que mais as Olimpíadas têm de bom? E qual é seu futuro?

Seria pessimismo considerar as Olimpíadas uma distopia sem solução. Então, pedimos que sete autores de ficção científica imaginassem como podem ser os Jogos do futuro. As respostas – incluindo uma visão de atletas humanos competindo contra robôs e uma alternativa aos eventos baseados em gênero – imaginam soluções possíveis e oferecem alento.

1. A mudança climática vai obrigar os Jogos de Inverno a mudar drasticamente

Madeline Ashby, autora de Company Town

“Primeiro eu questiono se as Olimpíadas têm muito futuro. Entendo que há estruturas de poder existentes trabalhando para manter os Jogos, e por essa razão é provável que eles continuem. Mas, no longo prazo, diante de escândalos, custos cada vez mais altos – e temperaturas cada vez mais altas –, parece improvável que os Jogos possam continuar da mesma maneira.

Afinal de contas, como é possível ter esportes de inverno quando o inverno é só uma lembrança?

Mas as pessoas amam esporte. Amam competição. Amam demonstrações de força – tanto física quanto de vontade, necessária para se tornar um atleta olímpico (honesto).

É por isso que, com o tempo, vamos ver mais movimentos como o Revival dos Jogos Nemeus, que têm menos a ver com marcas e mais a ver com, bem, com jogos. Também acredito que vamos ter uma diversidade de jogos: para humanos “modificados”, para diferentes tipos de corpos, jogos que reconheçam que os gêneros são fluidos.

Se o COI quiser ser fiel a seus ideais, terá de acabar com a corrupção e abrir espaço para mudanças.”

2. Uma alternativa mais ambientalmente sustentável vai surgir

Malka Older, autora de Infomocracy

“Gostaria de imaginar uma Olimpíada separada do nacionalismo (ou, por que não?, um mundo sem nacionalismo!), em que veríamos os melhores atletas competindo uns contra os outros, não só os melhores escolhidos por cada país.

Neste mundo, os países não teriam nenhum orgulho especial em sediar os jogos, e a decisão seria tomada de acordo com análises sóbrias sobre quem seria beneficiado e quem seria prejudicado.

Ou talvez pudéssemos separar os Jogos dos interesses comerciais, de modo que o país que se oferecesse para sediá-los o faria com seus próprios recursos. (Nestes dois casos, a propósito, o COI está devendo muito, provavelmente inclusive à Justiça.)”

Os Jogos não teriam novas construções, estacionamentos lotados e instalações pouco seguras, com um rastro de trabalhadores mortos.

Nenhum desses cenários parece provável. A combinação de nacionalismo subsidiado por empresas e investimentos subsidiados pelo dinheiro do contribuinte é benéfica demais para os dois lados. Em vez disso, imaginemos uma fagulha de esperança menor, um evento alternativo, a Olimpíada Sustentável.

Elas poderiam levar o nome do primeiro lugar que aceitar não construir arenas caríssimas, causar enormes congestionamentos e explorar os trabalhadores: Jacartíada? Talinníada? Reykjavikíada?”

De qualquer modo, esses jogos não teriam novas construções, estacionamentos lotados e instalações pouco seguras, com um rastro de trabalhadores mortos.

Eles seriam transmitidos para quem quisesse assistir, sem histórias melodramáticas sobre os atletas além das que eles escolherem contar. Seria um evento tranquilo, de baixa manutenção, baixas emissões de carbono, mas o que estaria em jogo seria o mesmo de sempre: o título de melhor do mundo.”

3. Histórias piegas de interesse humano serão substituídas por uma experiência de mídia mais imersiva, controlada pelos atletas

S.B. Divya, autora de Runtime

“O futuro da Olimpíada não parece muito promissor, a menos que os Jogos façam mudanças para aumentar o envolvimento do público. Hoje, o Comitê Olímpico Internacional está preso na era da TV de mão única, tentando usar a internet mas estrangulando os atletas e o acesso à comunicação.

Que os competidores sejam os olhos e ouvidos e comentaristas dos Jogos.

Enquanto isso, o mundo caminha em direção a mais interatividade – vídeos 3D, realidade virtual, celebridades em tempo real. Essa sede por experiências compartilhadas só vai aumentar. Os Jogos Olímpicos são uma maneira incrível de mostrar o drama de uma vida inteira que tem o objetivo de atingir o pico da performance.

As pessoas devoram esse tipo de história, mas a audiência de amanhã está cada vez mais sofisticada. As pessoas percebem muito facilmente quando uma história é editada e curada. O que elas querem – desde já – é a perspectiva individual, nua e crua de cada atleta. Acesso instantâneo, sem filtros.

Se a Olimpíada quiser prosperar, o COI precisa abrir as comportas da informação e permitir que os atletas interajam diretamente com o mundo. Que os competidores sejam os olhos e ouvidos e comentaristas dos Jogos. A experiência olímpica do futuro será imersiva. Espero que cheguemos lá.”

4. Os Jogos serão uma ode nostálgica aos tempos em que os humanos eram menos perfeitos cientificamente

Max Gladstone, autor de Four Roads Cross

“Qual é o futuro dos Jogos Olímpicos? Pense no vinil.

Deixe de lado mudança do clima, revoluções e escassez de recursos e presuma que a nossa sociedade dura mais dois séculos. Quanto mais entendemos o corpo humano, mais rápido vamos correr, mais alto vamos saltar. Atletas, reguladores e público terão de negociar o que significam os ideais atléticos quando o corpo humano torna-se um fator limitante.

Um dia os filhos dos nossos filhos vão se reunir para assistir, com olhos de metal, um grupo de crianças ferozes feitas de carne e osso correndo os 400 m com obstáculos.

A discussão já começou. Os atletas podem usar algumas drogas, como a cafeína, mas não outras, como o seu próprio sangue. Não para pernas artificiais que permitem que os velocistas corram mais rápido, sim para os maiôs que deixam os nadadores mais lisos. A cada novo desenvolvimento, decidimos o que é um atleta ‘autêntico’.

Um dia uma mente humana num corpo robótico vai correr os 100 m rasos em um segundo. Mas, durante muito tempo, vamos achar que esse resultado não conta.

O esporte vai enfrentar o dilema do hipster. O vinil é pesado e frágil. Um disco maior um iPads tem apenas quatro músicas de cada lado. Mas as pessoas compram discos, cuidam deles e valorizam o chiado ‘autêntico’.

Se sobrevivermos, um dia os filhos dos nossos filhos, que poderão pular até o topo de um prédio, vão se reunir para assistir, com olhos de metal, um grupo de crianças ferozes feitas de carne e osso correndo os 400 m com obstáculos.”

5. E eles vão fazê-lo pelo mesma motivo que gostam de ir ao cinema ou apreciar arte

Patrick Hemstreet, autor de The God Wave

“[No futuro], seu contador, seu massagista e seu mordomo (sim, todos teremos um C-3PO pessoal) vão cuidar das suas necessidades por meio de uma confluência sinfônica de circuitos e sistemas hidráulicos.

Computação ultra-rápida processadores precisos vão garantir que todas as tarefas pertinentes sejam realizadas de forma eficiente e livre de erros. Da mesma forma, os Jogos Olímpicos vão mostrar o talento dessas amadas estrelas do esporte, como X4-T34G e RP4567-F.

‘Sim – só que eu realmente duvido dessa última parte’.

Não há esteroides suficientes para transformar um atleta olímpico num X4-T34G.

Ainda vou ao teatro para ver seres humanos vivos representando histórias de ficção e fantasia. O maior teatro de Houston fica a cerca de 50 metros de um cinema, mas ainda gosto de assistir a peças. Ainda vou a concertos de música clássica, embora tenha um smartphone (e um bom par de fones de ouvido) para escutar a música que eu quiser com apenas um toque do meu dedo.

E é bem possível que também seja assim com você. Ainda quero ver humanos interagindo com outros humanos para demonstrar habilidades adquiridas com treinamento e talento.

Por quê? Eu – não – nós gostamos de testemunhar os picos e as complexidades da capacidade humana. Ver membros de nossa espécie rompendo barreiras aparentemente intransponíveis é a maior forma de entretenimento. Ouvir uma nova história ou ficar maravilhado com a criatividade de um artista novo é uma experiência que está firmemente consagrada em carne e osso. Este intercâmbio entre almas é, ouso dizer, sagrado e nunca será cedidos a autômatos metálicos não-conscientes.

Dito isso, a presença de cidadãos mecânicos Lucasianos terá algum efeito sobre os Jogos Olímpicos, principalmente no que diz respeito aos produtos farmacêuticos. O uso de drogas que melhoram o desempenho certamente irá permanecer ilegal.

Mas o doping ilícito em uma sociedade pós-revolução robótica será inútil e, francamente, tolo. Afinal, não há esteroides suficientes para transformar um atleta olímpico num X4-T34G.

Quando chegar o dia em que estivermos cercados por IBMs e Apples ambulantes, vamos apreciar o que significa ser humano, com todas as nossas falhas inerentes. A santidade da esportividade (e de todas as empreitadas humanas) será ressuscitada e celebrada como resultado da evolução implacável.”

6. Ou… pode ser diferente, e as empresas vão patrocinar atletas com base em suas sequências de DNA

Stacey Berg, autora de Dissension

“O futuro dos Jogos Olímpicos já chegou. Atletas tiram proveito de toda a tecnologia disponível, de monitores portáteis a câmaras que simulam altitude e, é claro, o doping. O que vai mudar no futuro é que os atletas serão a tecnologia.

A nova discussão é se devemos permitir a participação de atletas cuja sequencia inteira do DNA é sintética, uma tecnologia desenvolvida originalmente para aplicações militares.

Quando a 50ª edição dos Jogos Olímpicos começar, em 2092, os eticistas ainda estarão debatendo se é um direito ou um privilégio que traços causadores de doenças sejam removidos de seus embriões. Mas a Olimpíada já estará muito à frente. A edição do gene humano torna possível criar o esportista perfeito para cada modalidade, com corações maiores, pulmões melhores e músculos mais rápidos e mais fortes.

Empresas soberanas patrocinam atletas dotados de sequências genéticas patenteadas; os torcedores, pelo menos aqueles que podem pagar, compram essas sequências para inseri-las em seus próprios embriões. A nova discussão é se devemos permitir a participação de atletas cuja sequencia inteira do DNA é sintética, uma tecnologia desenvolvida originalmente para aplicações militares.

Enquanto isso, os CyborGames, cujos atletas abraçam abertamente as modificações mecânicas e biológicas, atraem o público mais jovem e descolado. Ninguém sabe ainda que, em 2093, o Reboot Retro-Olímpico vai ser a surpresa do ano, com seus atletas produzidos por cruzamentos aleatórios.”

7. E cada evento olímpico lidará com a questão do gênero de maneira diferente

Ada Palmer, autora de Too Like the Lightning

“Uma grande mudança que eu acho que os Jogos Olímpicos terão de enfrentar no próximo século é como lidar com a segregação de gênero no esporte. Mesmo aqui no começo do século 21, as categorias de gênero binárias já estão se despedaçando. Imagino uma Olimpíada em que cada evento lida com a questão do gênero de forma diferente. Em eventos onde há pouca diferença — como tiro ou xadrez — todos competiriam juntos.

Eventos em que tamanho ou peso oferecem grandes vantagens teriam uma divisão “aberta”, da qual qualquer um poderia participar, mas também eventos segregados por altura ou peso, bem como o boxe, por exemplo. As categorias menores teriam participantes principalmente do sexo feminino, e as maiores, principalmente do sexo masculino, mas o sexo não seria o divisor – isso ficaria por conta das características secundárias, como altura, alcance, tamanho das pernas, largura dos ombros etc.

As categorias menores teriam participantes principalmente do sexo feminino, e as maiores, principalmente do sexo masculino, mas o sexo não seria o divisor – isso ficaria por conta das características secundárias, como altura, alcance, tamanho das pernas, largura dos ombros etc.

Também imagino que no futuro os Jogos Olímpicos continuem sendo uma peça central do processo de paz e de cooperação internacional. De muitas maneiras, a maior barreira entre nós e um futuro Jetsons, em que podemos pular de um país para o outro só para fazer um piquenique, são as lei internacionais, as fronteiras, os conflitos e a segurança nacional num mundo essencialmente sem fronteiras.

Muitos setores que se beneficiariam com mais viagens internacionais — como turismo e esporte – pressionam por fronteiras mais permeáveis, mas poucas organizações contam com tanto respeito internacional, confiança e influência como os Jogos Olímpicos.

Então eu imagino que os Jogos Olímpicos, e os fãs de esportes em geral, poderiam liderar um movimento por regulamentações de viagens mais simples, que permitam que todos os cidadãos do planeta possam entrar num carro voador e assistir a Olimpíada ao vivo.

Olhando para o futuro, acho que os Jogos Olímpicos continuarão sendo um espaço em que nações inimigas se reúnem após o conflito, em que grupos marginalizados e oprimidos pressionam por reconhecimento, em que alianças são celebradas, causas discutidas.

Um espaço em que os países que ainda não existem continuam a manter os mais altos padrões de excelência. Afinal, se a Antártica representa o sexto anel da futura bandeira olímpica, a Lua ou Marte podem ser o sétimo.”

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