PAVOR da MORTE ou DESENCARNE !
Vamos ver a importância do estudo da Doutrina Espírita na hora da morte. Mesmo não precisando de provas purgativas, o espírito que cultivou a bondade e as virtudes naturalmente em sua reencarnação, ainda assim a falta do conhecimento poderá gerar uma perturbação espírita pavorosa. Vamos ler um resumo do Capítulo 48, Pavor da Morte, do Livro “OS MENSAGEIROS” de André Luiz/Chico Xavier, onde Cremilda apesar de desencarnada e laços rompidos, fica apavorada com a presença do Noivo falecido ao seu lado.
Resumo do CAPÍTULO 48 – Pavor da morte
O colega, gentil, conduziu-nos ao interior de espaçoso necrotério, onde defrontamos um quadro interessante. O cadáver de uma jovem, de menos de trinta anos, ali jazia gelado e rígido, tendo a seu lado uma entidade masculina, em atitude de zelo. Com assombro, notei que a desencarnada estava ligada aos despojos. Parecia recolhida a si mesma, sob forte expressão de terror. Cerrava as pálpebras, deliberadamente, receosa de olhar em torno.
— Terminou o processo de desligamento dos laços fisiológicos — aclamou o facultativo atento — mas a pobrezinha há seis horas que está dominada por terrível pavor.
E apontando o cavalheiro desencarnado, que permanecia junto dela, cuidadoso, o receitista esclareceu:
— Aquele é o noivo que a espera, há muito.
Aproximamo-nos um tanto e ouvimo-lo exclamar carinhosamente.
— Cremilda! Cremilda! vem! abandona as vestes rotas. Fiz tudo para que não sofresse mais… Nossa casa te aguarda, cheia de amor e luz.
A jovem, todavia, cerrava os olhos, demonstrando não querer vê-lo.
Notava-se, perfeitamente, que seu organismo espiritual permanecia totalmente desligado do vaso físico, mas a pobrezinha continuava estendida, copiando a posição cadavérica, tomada de infinito horror.
Aniceto, que tudo pareceu compreender num abrir e fechar de olhos, fez leve sinal ao rapaz desencarnado, que se aproximou comovido.
É preciso atendê-la doutro modo — disse o nosso orientador, resoluto.
— vejo que a pobrezinha não dormiu no desprendimento e mostra-se amedrontada por falta de preparação espiritual. Não convém que o amigo se apresente a ela já. Não obstante o amor que lhe consagra, ela não poderia revê-lo sem terrível comoção, neste instante em que a mente lhe flutua sem rumo…
— Sim — considerou ele, tristemente —, há seis horas chamo-a sem cessar, intensificando lhe o terror.
Redargüiu Aniceto, conselheiro:
— Ausência de preparação religiosa, meu irmão. Ela dormirá, porém, e, tão logo consiga repouso, entregá-la-ei aos seus cuidados. Por enquanto, conserve a alguma distância.
E fazendo-se acompanhar do facultativo, que assistira espiritualmente a jovem nos últimos dias, aproximou-se da recém-desencarnada falando com inflexão paternal.
— Vamos, Cremilda, ao novo tratamento.
Ouvindo a moça abriu os olhos espantadiços e exclamou:
— Ah, doutor, graças a Deus! Que pesadelo horrível! Sentia-me no reino dos mortos, ouvindo meu noivo, falecido há anos, chamar-me para a Eternidade!..
— Não há morte, minha filha! — objetou Aniceto, afetuoso — creia na vida, na vida eterna, profunda, vitoriosa!
— É o senhor o novo médico? — indagou, confortada.
— Sim, fui chamado para aplicar-lhe alguns recursos em bases magnéticas. Torna-se indispensável que durma e descanse.
— É verdade… — tornou ela de modo comovente —, estou muito cansada, necessitando de repouso…
Recomendou-nos o instrutor, em voz baixa, prestássemos auxílio, em atitude íntima de oração, e, depois de conservar-se em silêncio por instantes ministrou-lhe o passe reconfortador. A jovem dormiu quase imediatamente.
Deslocou-a Aniceto, afastando-a dos despojos, com o zelo amoroso dum pai, e, chamando o noivo reconhecido, entregou-a carinhosamente.
— Agora, poderá encaminhá-la, meu irmão.
O rapaz agradeceu com lágrimas de júbilo e vi-o retirar-se de semblante iluminado, utilizando a volitação, a carregar consigo o fardo suave do seu amor.
Nosso mentor fixou um gesto expressivo e falou:
— Pela bondade natural do coração e pelo espontâneo cultivo da virtude, não precisará ela de provas purgatoriais. É de lamentar, contudo, não se tivesse preparado na educação religiosa dos pensamentos. Em breve, porém, ter-se-á adaptado à vida nova. Os bons não encontram obstáculos insuperáveis.
E, desejoso talvez de consubstanciar a síntese da lição, rematou:
— Como veem, a ideia da morte não serve para aliviar, curar ou edificar verdadeiramente. É necessário difundir a ideia da vida vitoriosa. Aliás, o Evangelho já nos ensina, há muitos séculos, que Deus não é Deus de mortos, e, sim, o Pai das criaturas que vivem para sempre.
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