AS VÁRIAS DIMENSÕES DE MARIA
Maria ganhou muitos nomes pelos católicos. Por exemplo: Nossa Senhora de Fátima, pela aparição em Fátima (Portugal); Nossa Senhora Aparecida, por ter sido encontrado uma imagem na cidade de Aparecida durante uma pesca; o título de rainha, etc., são nomes e títulos que a Igreja Católica deu a Maria. Para nós espíritas ela foi aqui na Terra, Maria a mãe de Jesus.
--Nos evangelhos canônicos como na literatura que vai até o século II, raras são as informações sobre Maria, que surgem a posteriori, em registros muitas vezes contraditórios, consignados em textos apócrifos. Dá-se a forte impressão de que Maria foi deliberadamente ocultada dos evangelhos. Mais que isso, talvez algumas informações tenham sido adaptadas às necessidades do Cristianismo Primitivo. Vale registrar, que todos os evangelhos só foram escritos décadas depois da morte de Jesus, quando o Cristianismo – então seita suburbana - engatinhava.
--Para nos aproximarmos da exata configuração do atual culto mariano, impõem-se voltar, novamente, ao momento em que o Cristianismo deixava de ser mera seita clandestina para tornar-se a religião oficial do Império Romano.
Ora, como Império, Roma dominava vários territórios com culturas diferentes. Mas, basicamente, sobrelevava-se o paganismo, que se caracterizava por diversos cultos pagãos a vários deuses, como os de Roma, da Grécia e do Egito, entre outros. Com o Concílio de Éfeso – que em 381 tornou o Cristianismo a religião oficial do Império – não se deu o fim automático do paganismo.
O culto a Maria como a “Mãe de Deus” não existia no início do Cristianismo e assim foi até o Concílio de Éfeso, em 431, quando por pressão de Roma – implantou-se o culto à Maria como “Mãe de Deus”. O objetivo era político. Como Éfeso era o centro do culto à Deusa Mãe Ártemis, quis-se atrair e unir em torno de Maria católicos e pagãos.
Há, portanto, no culto à Maria clara ligação com o culto à Deusa Mãe pagã ou Magna Mater.
Vale explicar que o culto à Deusa Mãe era a veneração do sagrado feminino, enquanto expressão de pureza, fertilidade, prosperidade, proteção, tal como se dá hoje em relação ao culto mariano. O culto à Deusa Mãe foi, para muitos estudiosos, a primeira manifestação religiosa organizada da humanidade, o que liga, simbolicamente, Maria novamente ao ato criador puro.
-- Não se está aqui querendo diminuir o culto mariano, nem muito menos atacá-lo, o que seria abominável. Estamos apenas fazendo uma recomposição às origens históricas e religiosas do culto mariano, para podê-lo melhor compreender.
Ainda nessa perspectiva, muitas festas católicas dedicadas à Maria têm origem em festas similares pagãs e são comemoradas no mesmo dia de antigas festas pagãs. A festa da Candelária ou da Purificação da Santa Virgem tem como comemoração irmã a festa pré-cristã das luzes. As comemorações à Santa Brígida têm por referência a festa pagã de purificação chamada Imbolc, ofertada à deusa Brigit. A festa de Assunção ao Céu também conhecida como Dormição da Virgem era comemorada, na Palestina e Síria, no dia 15 de agosto, mesma data da comemoração da festa pagã oferecida à Hécate e à deusa romana Diana. A própria festa da natividade ou natal, que é comemorada no dia 25 de dezembro, coincide com a festa pagã do Sol Invictus ou da natividade do Deus do Mitraísmo.
--Há, contudo, no âmbito do próprio Catolicismo um cuidado com o culto Mariano. A alta cúria católica já temeu que o culto à Maria se tornasse mais importante que a Jesus. É comum, inclusive, membros da alta cúria católica ressaltarem a importância de Jesus quando falam de Maria. Por isso, uma das discussões mais acaloradas do Concílio do Vaticano II foi definir o papel de Maria no Cristianismo: “co-redentora” ou “medianeira” entre as criaturas e Deus. A Igreja considerou Jesus o único mediador. Mas o desenho passivo e subordinado de Maria causou insatisfação nos movimentos femininos que lutavam pela dignidade da mulher, justamente contra essa percepção patriarcal. A nova face de Maria só foi revista após movimentos internos na Igreja como o da Teologia da Libertação, liderado pelo Frei Leonardo Boff, que aproximou Maria dos excluídos, dando-lhe uma conotação mais social, mais próxima dos dramas do cotidiano. Maria consolidou-se como medianeira.
--Contudo, de um modo geral, Maria é reconhecida em sua grandeza por outras religiões. Tome-se, por exemplo, o Islamismo, que exalta sua elevação. O próprio protestantismo, na voz de Lutero, reconhecia a importância de Maria, contestando tão-somente algumas distorções. Com o Espiritismo não é diferente, reconhece-se a elevação de Maria.
Dentre todos os espíritos que conjugaram esforços para o êxito da missão de Jesus, Mirian ou - como conhecemos -, Maria foi, quiçá, a mais importante. Espírito de luz, anjo dócil de Deus, aceitou a missão de aninhar em seu útero e lar de amor, o espírito mais evoluído que este planeta já recebeu.
A missão para além de sacrificial – porque exigia a descida de uma dimensão superior -, era também arriscada. Mesmo diante de uma missão divina, as leis que regem a matéria devem ser respeitadas e delas não podem esquivar-se os espíritos evoluídos que, ficam assim, vulneráveis às vicissitudes próprias da carne. Quer isso dizer que Maria devia fazer, rigorosamente, sua parte. Um desvio do plano, poderia inviabilizar a redenção crística.
Ao contrário do que alguns exegetas especulam, Jesus e Maria se relacionavam muito bem, mesmo porque ambos já conheciam o plano divino, apenas submerso no inconsciente de Jesus por causa da barreira material.
--E é assim que devemos devotar-nos a Maria, como espírito de luz, portadora de um amor que a blindou contra as dificuldades da carne, permitindo-lhe uma dedicação extrema, mas dócil e altiva, tudo em prol da missão do Cristo.
É justamente esta natureza dócil e amável de Maria, que a habilitou a capitanear um trabalho duro, áspero, incansável no plano espiritual. Através da sublime mediunidade de Yvonne A. Pereira, o espírito Camilo Cândido Botelho noticia no livro Memórias de um Suicida, que Maria coordena a Legião dos Servos de Maria, equipe de abnegados servidores espirituais que auxiliam os suicidas.
--Em verdade, Maria é o arrimo de muitos sofredores, é a esperança a muitos desesperados, é a mãe de muitos órfãos do sistema, é o colo dos infantes espirituais que de tropeço em tropeço caem e, no fundo do poço, sentem o calor maternal a acalentá-los, o amor incondicional a reanimá-los.
Chico Xavier tributava pública veneração à Maria. Certa vez, Chico estava triste. Perseguido, injustiçado, fatigado de tanto trabalhar pediu a Emmanuel, seu guia, que interpelasse a mãe de Cristo. Queria ouvir algo, uma mensagem de alento, uma palavra motivadora. Tempo depois Emmanuel reaparece e Chico, ansioso, questiona: Que tal Emmanuel? Falou com ela? Emmanuel confirmou. _ O que ela falou? _ Tudo passa Chico, tudo passa.
Afinal, quem não precisa desta mensagem consoladora?
Fonte .G.E.A.Kardec Blog.V.Espírita (D.Gleyce )
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