COMO AS DORES DOS QUE FICARAM AFETAM OS ESPÍRITOS
Postamos um texto, há duas semanas, com o título “Perda de um Ente querido.
Deus nos quer sempre bem”. Ele versa sobre a perda de um ser amado e como isso
nos atinge profundamente. Fixamos o tema na ideia de que, em muitos casos,
pensamos que, quando perdemos alguém, estamos sendo punidos por Deus e como isso
nos faz nos sentirmos órfãos ante a Paternidade Divina.
Hoje, eu gostaria de continuar neste mesmo tema sobre um outro enfoque. Por
isso, se vocês não leram aquele post, recomendo a sua leitura!
Como ficamos quando os nossos entes amados se vão e como os afetamos mesmo
que indiretamente?
A primeira parte da pergunta é muito fácil de ser respondida: nós ficamos
muito tristes. Isso é um fato. Muitos são os sintomas que podem ser vivenciados
profundamente por cada um de nós: a saudade bate, arrependimentos se fazem
presentes, a culpa por atitudes impensadas martela o nosso coração...
Na maioria das vezes, sentimos um vazio em nossas vidas que, a cada dia,
nos faz lembrar que alguém deixou de estar conosco. Então, nós sofremos:
sofremos pouco, sofremos muito, sofremos bastante... depende de cada um de
nós.
Pensamos o quanto fomos vitimados por aquela situação dolorida que nos
arrancou de nosso meio a presença de alguém que nos era muito querido, quase
essencial.
Mas, em nosso egocentrismo pensamos que somente nós sentimos saudade.
Esquecemos que não existe morte e que, do outro lado da vida, aqueles que são
alvo de nossa saudade também a sentem e com intensidade.
Esquecemos que, se eles estão vivos, também estarão sentindo a mesma
ausência, a mesma saudade, a mesma dor por terem tido a necessidade de se
ausentar de uma vida que, em muitos casos, nem queriam perder.
O interessante, todavia, é que as nossas emoções não se fixam somente em
nós, estejamos nós no plano material ou espiritual. O amor nos liga ao ser amado
aonde quer que ele se encontre.
Vamos pensar: se estamos o tempo todo em constante ligação energética com
quem amamos, imaginem se estivermos (desencarnados) fixados em alguém
(encarnado) que está portando sentimentos de tristeza, de saudade, de
arrependimento e de culpa que foram construídos pela nossa ausência (no
desencarne)? Imaginem que pudéssemos sentir tudo isso com muita intensidade! Se
não é fácil lidar somente com as nossas dores, imagine nos depararmos com a dor
que “provocamos” em alguém que amamos. Pois é o que acontece! Quando estamos no
plano extrafísico, as emanações energéticas exacerbadas de nossos entes
encarnados chegam a nós com intensidade e são quase audíveis.
Por isso, se amamos a quem se foi, temos que tomar cuidado com os
sentimentos que alimentamos. Porque sentir é uma
coisa, alimentar esse sentimento é outro bem diferente.
Para todo espírito que desencarna e que se encontra em
um equilíbrio razoável (segundo a sua própria evolução), existe
uma proteção natural que o isolará dos sentimentos normaisde saudade dos
entes que ficaram, dando-lhe a oportunidade de uma adaptação à sua nova etapa de
vida.
O problema é quando não acontece assim. O espírito pode chegar portando
algum nível de desequilíbrio que somado ao fato dos seus entes amados estarem
sofrendo devastadoramente, fazem com que ele não consiga lidar bem com o seu
retorno às esferas espirituais.
Ele pode sentir que precisa ajudar aos seus e, por uma escolha muito
equivocada, desejar estar com eles nas esferas carnais. Imediatamente, ele se
desloca para junto dos seus amados, fazendo com que todos entrem num processo
prejudicial de influenciação.
Se não ficou claro, eu explico: todo espírito é livre para fazer o que
quiser e, no plano espiritual, estará onde ele mais se identifica. Se ele deseja
estar com os seus entes queridos, ele poderá se deslocar para junto deles. Mas,
o problema é que ele não sabe o que fazer, porque ainda não se adaptou ao plano
etéreo.
Então, em decorrência de uma postura de sofrimento exagerada adotada pelos
próprios entes encarnados, inicia-se um processo obsessivo destes junto ao
desencarnado, escravizando-o e alimentando uma ligação dolorosa de sofrimento
mútuo.
Vê-se, portanto, que esse processo de influenciação pode partir dos
encarnados. E isso em razão da ignorância daqueles que amam, mas que não
conseguem amar livremente. Não conseguem libertar o alvo de seu amor, por
acreditar que eles (encarnados) somente serão felizes ao lado daquele que se
foi. Não conseguem entender que amar é libertar, é aceitar os desígnios de Deus,
quando chega o momento em que os seres que se amam precisam se distanciar por
algum tempo. Não acreditam que a ponte de amor que os une é forte para jamais se
romper.
Por isso, precisamos ficar atentos aos nossos sentimentos
desequilibrantes, seja para dar alento ao coração daquele amado que se
distanciou, seja para que possamos aprender o melhor desse momento doloroso e
trazermos paz ao nosso próprio coração.
Por incrível que pareça, a saudade é um sentimento importante em todos os
seres, mas que quando em exagero, nos traz sofrimentos incalculáveis.
Se não sentíssemos saudade, não daríamos a devida importância àquela pessoa
em nossa vida. Mas, para o nosso próprio bem, cabe a nós compreendermos que essa
saudade deve caber em nosso coração. Se for maior do que ele, nos sufocará, bem
como sufocará o ente amado que a sentirá com todas as dores construídas por nós
e que a ela (saudade) forem somadas.
Portanto, acreditemos que somos capazes de viver a vida com a lembrança
saudosa dos nossos entes queridos. Assim, estaremos construindo um futuro de
felicidade para nós e para eles, dando-nos a condição de quando chegar a nossa
vez de viajar para o outro lado, estejamos aptos para sermos recebidos com
louvor por estes seres tão amados.
- Adriana Machado
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