Como posso incentivar meu filho a ler, sendo que eu mesmo tenho pouco tempo para a leitura?
Ricardo Falzetta - O Globo - 11/10/2016Alice segue um coelho apressado e acaba em um mundo de maravilhas. Com um enredo aparentemente singelo, o livro Alice no País das Maravilhas trata das muitas transformações da infância, de raciocínio lógico e de identidade. O premiado clássico de Lewis Carroll não poderia ser obra ilustrativa mais apropriada para o dia 12 de outubro – ao mesmo tempo dia das Crianças e dia nacional da leitura. Por meio do lúdico literário, as crianças podem acessar universos incríveis.
E você sabia que além de portal para a imaginação, a leitura também é um direito? Pois é isso mesmo. Aos pequenos cidadãos brasileiros é garantida uma série de direitos – como à vida e à saúde – e a Educação é um deles. Este, em especial, não significa apenas o acesso à uma escola. Ele também se refere à aprendizagem, e esse ponto talvez não seja ainda muito claro para os pais. Então, vale reforçar aqui: toda criança tem o direito de ter condições adequadas para aprender a ler e escrever até o 3º ano do Ensino Fundamental, como determina o Plano Nacional de Educação (PNE). Na verdade, é muito importante para o o pleno desenvolvimento da criança que a alfabetização seja garantida até, no máximo, os 8 anos de idade.
Se aprender a ler é um direito das crianças, a quem compete o dever de concretizá-lo? Quem pensou no Estado acertou; e quem pensou na família, também! Família e Estado devem juntos garantir o direito à Educação das crianças.
Mas, e se meu filho já está alfabetizado, ele precisa ler mais? Sim e a justificativa é muito simples, embora nem sempre óbvia. O processo de aprendizagem da língua – e também seu aperfeiçoamento – é um caminho para a vida toda. Quanto mais a criança ler, melhor.
A leitura é fonte de saber e suporte para todas as áreas de conhecimento: aprende-se história e geografia lendo, mas também matemática e física, química e artes, educação física e filosofia. Portanto, independente das aptidões de cada criança ou jovem, seja na área de exatas ou a de humanas, a leitura só tem bons efeitos colaterais.
Pensando nisso, falemos de duas realidades que englobam senão todos as famílias brasileiras, uma boa parte delas: muitos pais não têm tempo para ler e muitos pais não têm condições socioeconômicas para adquirir livros – infelizmente, objetos ainda caros para o orçamento da maioria dos brasileiros. E bibliotecas públicas são, infelizmente, privilégio de poucos municípios. Diante disso, como garantir que os filhos leiam mais e melhor?
Antes de mais nada, reforço: é muito importante que as crianças percebam que os pais leem e valorizam esse hábito; por isso, ler para e com as crianças é um gesto ao mesmo tempo simples e poderoso, que estimula o interesse pelo universo da leitura e da escrita. Contudo, nem sempre isso é possível.
Como o trabalho em nossa sociedade demanda cada vez mais tempo dos adultos e as famílias assumem cada vez mais novas configurações – muitas impedindo a presença constante dos pais –, é preciso ser criativo para garantir que as crianças tenham acesso e incentivo à leitura.
Listo abaixo uma série de estratégias para o incentivo da leitura dentro do espaço familiar:
As dicas acima, de uma maneira ou outra, demandam algum investimento financeiro. Mas engana-se quem acha que apenas pais com dinheiro disponível podem incentivar os filhos a ler. Se o Estado é co-participante do direito à aprendizagem, a escola é o agente que deve auxiliar as famílias na concretização do hábito da leitura. A escola pública deve abrir as portas das bibliotecas escolares para a comunidade, garantindo que viajar na leitura seja uma possibilidade também para as crianças e também para a família.
Se você se interessou por essas ideias, confira e divulgue as dicas abaixo:
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