“O Dia do Patrimônio Europeu”: o sucesso das políticas culturaisby Aline Pascholati |
Nesse
final de semana aconteceram os chamados Journées européennes du
patrimoine (Dias europeus do patrimônio) ou European Heritage Day
(Dia do Patrimônio Europeu), em sua versão inglesa.
O
conceito se inspirou nos Journées portes ouvertes des monuments
historiques (Dias de portas abertas dos monumentos históricos), criado em
1984 pelo Ministério da Cultura da França, um país pioneiro em matéria de
políticas culturais. O modelo atual que engloba 50 países da Europa teve início
em 1991, a partir de uma iniciativa do Conselho da Europa e da Comissão
Europeia. Desde então, o evento acontece todo mês de setembro, visando valorizar
o patrimônio histórico e artístico, assim como promover uma maior compreensão
mútua entre os cidadãos do continente, apesar de suas diferenças culturais e
linguísticas.
A
ideia básica é permitir ao grande público a visitação de prédios históricos e a
contemplação de objetos que geralmente não podem ser admirados pelos olhos de
todos. Nessa lista entram prédios de uso administrativo do governo, tais como o
Palais de l’Élysée (Palácio do Eliseu), morada do presidente francês; e até
mesmo imóveis privados, tais como sedes de bancos e empresas. Num lugar com
tanta história simplesmente não é possível fazer um museu em cada um dos prédios
antigos e grande parte deles acaba pertencendo a empresas e particulares.
Além
disso, os grandes museus nacionais também podem participar desde que proponham
atividades culturais criadas especialmente para a data. Os monumentos
históricos, museus, institutos e centros culturais propõem palestras, visitas
guiadas e outras atividades, sendo as mesmas gratuitas em sua maioria. Durante
esses dias é possível ver, por exemplo, como funcionam os ateliers de
restauração dos museus e visitar os camarins e depósitos de cenários de grandes
teatros. Uma oportunidade única!
Igreja do Val-de-Grâce construída pela rainha Ana da Áustria, atualmente pertencente ao Hospital Militar e normalmente não acessível ao público
O
interessante é que aqui na França não se trata de algo reservado aos
intelectuais e pessoas do meio da arte e cultura, mas sim um verdadeiro programa
para o final de semana, onde o grande público comparece em peso e até mesmo as
crianças participam. Ou seja, é uma política cultural que realmente funciona.
Aliás, o evento é sempre realizado durante o sábado e o domingo, para que mesmo
pessoas que trabalham e estudam possam se beneficiar. Também é importante
lembrar que o patrimônio cultural de todo o país é colocado em evidência, não
somente aquele da capital.
Outros
eventos parecidos que existem respectivamente na Europa e no mundo são a Nuit
européenne des musées (Noite europeia dos museus) e a Nuit Blanche
(Noite Branca). Na primeira, que ocorre no sábado mais próximo ao dia 18 de
maio, os monumentos históricos, museus e galerias ficam abertos até tarde da
noite, permitem ao público visitas gratuitas e propõe atividades culturais. A
Nuit Blanche, da expressão francesa que evoca uma noite passada sem
dormir, acontece em outubro e segue quase o mesmo princípio, proporcionando,
sobretudo, atividades ao ar livre.
Ambas
as manifestações valorizam artistas contemporâneos que apresentam performances,
instalações, projeções de vídeo e espetáculos de luz e som. O caráter noturno
das manifestações visa atrair principalmente, mas não exclusivamente, o público
jovem, dando também oportunidade de visita àqueles que trabalham durante o dia.
A artista italiana Romina De Novellis realizando a performance La Pecora no Musée de la Chasse et de la Nature (Museu da Caça e da Natureza) durante a Noite europeia dos museus em 2013
É uma boa iniciativa.
ResponderExcluirVale lembrar que para haver visitas abertas ao público são necessários alguns cuidados. Por exemplo, aqui no Brasil há um controle do numero de visitantes que podem entrar em Fernando de Noronha e outros lugares. Nas praias do Leão e do Sancho, por exemplo, de janeiro a junho, é proibido pisar na areia a noite, por causa da desova das tartarugas marinhas.
Profas. Paula, Andréa, Vânia de Poços de Caldas comentam: Seria bom que o blog acrescentasse nessa mesma postagem a JORNADA MINEIRA DE PATRIMÔNIO. Ela é inspirada nessa que está aí em cima, a francesa. Isso ajuda nós professores, encontrarmos o assunto bem abordado. Aliás, Campanha seria a cidade para nós todos nos encontrarmos, nós professores da região, numa Jornada Sul-Mineira de Patrimônio. Aqui em Poços todos comentamos isso!
ResponderExcluirhttp://www.jornada.mg.gov.br/
Griôs, a jornada dos Mestres da nossa cultura.
Vocês aí com os griôs famosos, os quilombos, os quilombolas.
Parabéns pelo seu trabalho com o blog! Os professores do Sul de Minas agradecem!
Prezadas professoras Paula, Andréa e Vânia, grato pela participação de vocês. É uma honra, ter leitoras como vocês.As sugestões, sempre são bem vindas. E até já comecei a atende-las.
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