A Perda do Meu Filho - Paula Cervantes, para Mãezinhas de Luto !
Nunca poderia imaginar que numa manhã de céu tão azul, com o canto dos pássaros, paz, silêncio e serenidade, algo pudesse transformar esse cenário em um vazio sem cor, sem luz, sem mais qualquer sentido...
No jardim florido, sob uma linda roseira, o meu menino deitou-se e
fez sua passagem para o outro lado da Vida... O meu filho, o meu anjo loiro, tão
meu, tão amado, com seus poucos 6 anos e 11 meses... Deixou-me... Uma arritmia
ventricular, uma parada cardíaca e a partida...
Não podia acreditar. Tudo tão de repente. Sem lógica. Sem sentido... A dor
se misturava à angústia, ao desespero... Minutos antes ele sorria... Uns poucos
instantes depois, morria... Eu não podia entender... Não queria!
Não! Não era verdade!!! Eu não iria viver sem ele!!!
Horas se passaram e eu percebi que tinha que devolvê-lo ao Criador. Não
estaria mais ao meu lado fisicamente...
Uma semana se passou e eu pude mais uma vez viajar com ele por lugares
lindos, pessoas desconhecidas, muitas flores, pássaros, tudo muito perfeito e
real. Mas eu acordei... Lá estava eu, novamente, com minha vida, com a realidade
fria, sem o meu filho.
Entrar no quartinho, olhar os brinquedos, roupas... Achar até então
ignorados bilhetes em gavetas. Lembrei-me de uma poesia que o meu pequeno anjo
escrevera 2 meses antes de sua partida, um poema que jamais esquecerei:
Mamãe, me sinta no vento e no ar, que eu sempre te sentirei aqui dentro...
Você é o sol que me aquece, você é a Lua que me ilumina, a Estrela que me guia,
a minha verdadeira Vida Eterna. -Marcelo Bruno - fev/90.
Li e reli muitas vezes. Chorei muito, mas percebi que ele continuava em
mim, no meu Amor. Não saíra jamais de minha vida, dos meus dias...
Entendi que a morte não é o fim. Não é o "nunca mais".
É uma separação por um tempo necessário aos olhos de Deus. O Pai nos criou,
conhece-nos à perfeição e sabe de nossas necessidades. Jamais nos deixaria
passar por tanta dor sem uma razão, ainda que essa razão esteja guardada em Seus
Mistérios...
Reaprendi a viver com o meu filho, a abraçá-lo com o coração, a conversar
no silêncio do meu Amor e a me lembrar dele quantas vezes quisesse, relembrando
momentos, nossa história. Aprendi que ele continua existindo em mim, em Deus.
Tenho certeza do nosso reencontro, quando os braços se farão abraços... O
silêncio se fará palavras, como num grito liberto da garganta.
O Marcelo Bruno continua existindo e sempre existirá. Deus nos criou para a
Eternidade e se dores existem, fazem parte de nossa evolução para a verdadeira
Vida Eterna.
Não perdi meu filho. Houve uma separação momentânea,
uma viagem que só ele pôde fazer. Numa estação lá adiante no trem da vida, nos
encontraremos.
Marcelo Bruno nasceu em 28 de maio de 1983 e partiu em 16 de abril de
1990.
Eu te amo muito meu filho! Para sempre. Por toda a minha vida, eu sei que
vou te amar...
Fonte: Blog da
Autora
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