Carne para o corpo, livros para a alma
Diário do Nordeste - 14/06/13Quando leu seu primeiro livro, o brasiliense Luiz Amorim já tinha 18 anos completos. E era, na verdade, uma versão em gibi de um livro de filosofia. A obra foi, no entanto, o ponto de partida de uma vida literária que já rendeu alguns milhares de títulos, acervo que pertence hoje ao seu "T-Bone - Açougue Cultural".
E não pense que o nome do estabelecimento é uma licença poética - aos moldes da nossa centenária Padaria Espiritual. De fato, o estabelecimento vende carne. Na entrada e em uma sala anexa, no entanto, mantém mais de 10 mil livros. "Quando comprei o açougue em 1994, montei uma estante com um pequeno acervo, que aos poucos fui ampliando. No começo, o pessoal estranhou o açougue mexer com livro. Mas depois entenderam que os dois são alimentos, um do espírito, outro para o físico", lembra sobre o início da empreitada, há quase 20 anos.
Hoje, ele conta com o apoio de empresas como a Petrobras e o Banco do Brasil para manter as atividades culturais do açougue. Somente nas paradas de ônibus, chegam a circular, em média, dois mil livros por mês.
Ações
Luiz ainda assume o ofício de açougueiro como sua atividade principal. O braço cultural do comércio, no entanto, já expandiu as atividade e é responsável por projetos como a "Noite Cultural T-Bone", realizada desde 1998, e que já promoveu, em frente ao açougue, shows de mais de 500 artistas - entre eles, Milton Nascimento, Ed Motta, Tom Zé e Belchior.
A principal ação cultural da casa, no entanto, é de fato voltada para a leitura. "A minha formação intelectual é baseada na filosofia grega. A gente trabalha com a ideia de desprendimento das coisas, da arte, dos livros", explica. Luiz conta que chegou a investir 100% do lucro do açougue em atividades culturais.
Sobre a diversidade do público que consegue atingir, ele brinca: "nós somos o único açougue do mundo onde até vegetariano também entra. O cara não come carne, mas vem buscar cultura".
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